terça-feira, 16 de dezembro de 2025

DEUS CUIDOU

 


O profeta Ezequiel estava vivendo os primeiros anos da deportação para a Babilônia e apresentava uma mensagem de que a sentença de Deus estava selada e que Jerusalém certamente cairia devido aos pecados nacionais.

No exercício do ministério profético, Ezequiel tinha consciência da história e do contexto do povo. É sempre assim: um profeta enviado por Deus não ignora a realidade para a qual ele foi chamado a pregar.

O profeta então partiu da citação da narrativa histórica para acusar Jerusalém por seus atos abomináveis (Ez 16.2) e chamar Israel à responsabilidade. E fez isso com acusações diretas (em segunda pessoa), usando da figura da menina abandonada ao nascer.

A narrativa começou lembrando que ninguém teve piedade de Jerusalém ao nascer, pelo contrário, tiveram nojo (Ez 16.5).

E continuou indicando que o Senhor, ao ver aquela menina em estado tão deplorável, decidiu cuidar dela, lavando-a e ungindo com óleo (Ez 16.9). Porém o mais importante foi que fez com ela um juramento e uma aliança. A implicação dessa aliança era clara: “tu passaste a me pertencer” (v. 8).

Deus não considerou a situação inicial em que Israel se encontrava, mas decidiu a tornar muito bela, cheia de esplendor, elevando-a a realeza (Ez 16.13).

O que aconteceu em seguida, contudo, foi que a menina – agora já mulher – colocou sua confiança em sua própria beleza e fama (Ez 16.15) e passou usar de seu encanto se prostituindo de forma abominável, edificando um “altar em cada canto do caminho” (v. 25).

O mínimo de decência moral e espiritual que se esperaria de uma cidade e povo que foi tão bem cuidado e protegido por Deus seria que se lembrasse “dos dias da tua juventude” (Ez 16.21). Mas não foi isso que aconteceu. O que restou foi o lamento: “Ai, ai de ti!, diz o SENHOR Deus. Depois de toda a tua maldade” (v. 23).

0 que levou o profeta a duas constatações. Primeiro que “porque desprezou o juramento e quebrou o pacto firmado com aperto de mãos, e ainda praticou todas essas coisas; ele não escapará” (Ez 17.18). Ou seja, o erro sempre traz consequências.

Também, que mesmo ali Deus sempre se mostraria fiel, pois ele mesmo garantiu: “Mas eu me lembrarei da minha aliança. Firmarei a minha aliança contigo, e saberás que eu sou o SENHOR (Ez 16.60,62).

 

(Da revista “COMPROMISSO” – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468)

 

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

NÃO SE PROSTRARAM



Em certa ocasião, o rei Nabucodonosor mandou erguer uma estátua de ouro para que todos se prostrassem e a adorassem (Dn 3.1,5).

Chegado o momento da adoração à estátua, os três amigos judeus se recusaram a prestar culto ao ídolo, sendo denunciados ao rei (Dn 3.12).  Então, na sua ira, o rei os ameaçou jogar numa fornalha, questionando: “Quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (v. 15).

A resposta dos jovens foi firme: “O nosso Deus nos livrará da tua mão” (Dn 3.17), mas, mesmo que venhamos a morrer, “não cultuaremos teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro” (v. 18).  Assim, por conta disso, eles foram lançados no fogo (v. 21).

Estando lá no meio do fogo, eis que o sobrenatural aconteceu e o rei olhou e percebeu que eram quatro os que passeavam entre as chamas.  E mais, nas palavras do próprio Nabucodonosor: “o quarto homem é parecido com um filho dos deuses” (Dn 3.25).

Então a firmeza dos judeus foi reconhecida e o Deus dele adorado com as palavras reais: “Bendito seja o Deus que enviou seu anjo e livrou seus servos, que confiaram nele e frustraram a ordem do rei, preferindo entregar os seus corpos a cultuar ou adorar outro deus, senão o seu Deus” (Dn 3.28).

 

(A partir da revista COMPROMISSO – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468.  Na imagem: xilogravura retratando Nabucodonosor II pelo gravador alemão do século XVI Georg Pencz, de uma série de xilogravuras intitulada Tiranos do Antigo Testamento atualmente no Cleveland Museum of Art / USA – fonte: wikipedia.org)

 

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

A VIDA HUMANA

 


Ao narrar as origens de tudo, na poesia do primeiro capítulo da Bíblia, o autor sagrado destacou a criação do homem e da mulher como sendo o ápice de toda a obra divina.  Tudo o que foi feito, o foi para que o ser humano pudesse ser a coroa da criação e expressasse a exata imagem e semelhança do Criador (Gn 1: 26-28).

Chegando ao Livro do Salmo, nós lemos a fascinação de Davi diante da imensidão do firmamento e como ele questiona: “Que há na humanidade para que possas lhe dar atenção?  E em um indivíduo para que te importes?”.  Ao que responde no mesmo Salmo atestando que fomos feitos apenas “pouco aquém da divindade”, sendo adornados de glória e honra (Sl 8:4-5).

Essa é compreensão cristã do valor da vida humana – um valor absoluto e inegociável.  Deus nos fez para ser suas obras primas e, como conjunto de todos os homens e mulheres criados e amados por ele, o bem mais precioso a ser valorizado.

Assim então deve se manifestar o amor cristão como critério de sua ética.  A preservação e dignidade de toda vida humana em qualquer tempo e circunstância tem que ser uma prioridade nas ações e decisões de todo crente e de cada igreja.  Ou seja, toda ação e omissão que atentem contra vida humana e sua honra insulta a Deus e, portanto, deve nos ofender também.

Quando se tiver que escolher entre valores relativos e transitórios e valores absolutos, que não haja dúvida na opção por valores eternos os quais não se pode transigir.  Entre coisas e pessoas, nada, em absoluto, ocupará o lugar de relevância da vida humana.  Que se despreze bens, coisas, narrativas, religiões e instituições para que a vida de cada ser humano seja valorizada e dignificada.  Assim deve se portar sempre um autêntico cristão.

(Da Revista DIDASKAIA – 1º quadrimestre / 2023 – IBODANTAS)

 

Para enriquecer sua reflexão sobre o tema da vida humana, sugiro os seguintes tópicos:

# Do valor da vida humana link

# A imagem de Deuslink

# No princípio – a obra primalink

# Criados a imagem e semelhança de Deuslink

# Pó, fôlego e almalink