O culto cristão é uma experiência especial e fundamental de
encontro. Nele o cristão experimenta o
momento mais sublime e o ápice de sua existência como criatura, ao ter a real
oportunidade de se encontrar com seu Criador.
É isto que sua alma anseia no mais profundo. Como ser eminentemente voltado para o
além-de-si e vislumbrando possibilidades que podem lhe fugir ao controle em seu
destino, questionando seu lugar e papel nesta existência, o ser humano, como homo religiosus, sabe que precisa do
transcendente para dar sentido último a sua vida. Para este homem o culto cristão é o tempo e
lugar privilegiado onde e quando o encontro com o inefável se torna possível,
reorganizando seu mundo e apontando-lhe esperanças.
Porém o culto cristão não é só uma experiência mística, um êxtase onde
os mistérios da criação e da divindade se desanuviam e onde os céus se fazem
presente na terra. O culto cristão é
resultado das expressões de adoradores que se submeteram ao crivo das instruções
dadas pela revelação bíblica e ao longo de sua história acumularam
manifestações cultuais as quais deram contornos a características distintas
que fazem da reunião dos cristãos não somente um evento distinto, mas um
referencial para o encontro e relacionamento entre homens e mulheres
cultuantes e o Cristo cultuado.
Assim, sem abdicar de sua cultura e muito menos de sua adesão aos
princípios expostos na Revelação, o cultuante cristão vê se conciliarem em sua
liturgia estes dois aspectos em um único movimento cultual. O culto cristão é em primeiro lugar um
encontro com Cristo, mas também por ser desta forma, pode e deve perfeitamente
se caracterizar em encontro da Revelação divina com a cultura humana. Todo culto cristão tem que ser fruto da obediência
requerida pelo Senhor, mas também deve expressar a forma própria – individual e
coletiva – do cultuante.
Considerando isto, convém observar que o esse tempo de hoje tem se
mostrado um tempo de mudanças profundamente significativas na vida e pensamento
da humanidade, especialmente ocidental.
Tendo esgotado as possibilidades de encontrar soluções às suas questões
existenciais no modelo da modernidade, agora o ser humano passa gradativamente
a rejeitar tal modelo de conhecimento objetivo e respostas absolutas para se
voltar a questões mais subjetivas e respostas relativas – é o tempo da
pós-modernidade. Acontece que este tempo
não é capaz também de responder aos seus anseios, e além do mais ainda levanta
maiores e mais complexas questões: na tentativa de fazer renascer uma mística
já adormecida pela modernidade, homens e mulheres pós-modernos, em vez de
gerarem esperança, convivem com um imenso vazio. Foram-se as esperanças e o individualismo
substituiu o sentimento de pertença. A
nova espiritualidade é em sua configuração despersonalizada e voltada para um
panteísmo ausente de respostas.
Diante de questões como estas sou levado a concluir que o culto ainda
se mostra como a mais significativa resposta oferecida pelo cristianismo a este
tempo. Para um mundo sem perspectivas,
uma despersonalização do mundo com o crescente individualismo e um
reencantamento mágico, o culto cristão se apresenta como a celebração da
vitória definitiva de Cristo e a certeza de que o mundo não está à deriva, mas
ainda resta esperança. O culto cristão
coletivo faz de seus participantes verdadeiros coparticipantes do destino
humano manifesto na graça de Cristo, celebrada na liturgia cristã do culto.
(Do livro: DE ADÃO ATÉ HOJE – um estudo de Culto Cristão)
Leia um estudo
teológico sobre o Culto Cristo no livro:
DE ADÃO ATÉ HOJE
Disponível no:
Clube de Autores
amazon.com
Conheça também
outros livros:
TU ÉS DIGNO – Uma leitura de Apocalipse
PARÁBOLA DAS COISAS
ENSAIOS TEOLÓGICOS