A
Didaqué
é um escrito cristão anônimo do final do século I e início do
II, composto de 16 pequenos capítulos e que registra os primeiros
movimentos de estruturação, de doutrina e de liturgia da igreja
logo após a era dos apóstolos.  Urbano Zilles na introdução da
edição do texto em língua portuguesa terce os seguintes
comentários:
A
Didaqué
(Διδαχή)
(Doctrina
Apostolorum) é uma pérola preciosa da literatura dos Padres
Apostólicos.  (...) Trata-se do mais antigo manual
de religião
da comunidade cristã primeva, que conhecemos até o momento. 
Durante muitos séculos era desconhecida. (...).
Nota-se
logo que as comunidades cristãs ainda não estavam plenamente
estruturadas.  Os apóstolos e os profetas ocupavam maior destaque
que os bispos e os diáconos.  A comunidade, não o ministro,
administra o batismo.  O rito batismal e o rito da celebração
eucarística ainda não estão fixados.  Enfim, a liturgia, se a
compararmos, por exemplo, com as formas apresentadas pelo escritor
Justino (morto ca. 165), ainda é pobre e embrionária.
No
texto da Didaqué
há um capítulo específico contendo instruções sobre o batismo,
onde é instruído explicitamente: “batizai
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente”
(VII.1).  
Também
há um capítulo sobre o jejum e a oração onde é repetida quase
que literalmente a oração do Pai Nosso (VIII.3 – Mt 6.9-13). 
E
dois capítulos sobre a celebração do culto terminando com uma
fórmula litúrgica para ser repetida no final das celebrações:
“Venha
tua graça e passe este mundo!  Amém.  Hosana à casa de Davi. 
Venha aquele que é santo!  Aquele que não é (santo) faça
penitência: Maranatá! Amém.”
(X.6).
Um
outro destaque no texto da Didaqué
é o capítulo XIV que trata da santificação do domingo pela
celebração cristã.  Por se tratar de um texto escrito
imediatamente após o período apostólico é significativo ele
atestar que a igreja já associava as reuniões regulares no primeiro
dia da semana (domino
dei)
com a celebração de culto.  
O
dia específico de adoração da igreja primitiva era o domingo por
que ele estava associado ao sacrifício e à ressurreição de
Cristo.  Sendo assim, o dia de adoração dos cristãos deveria
sempre evocar o memorial destes eventos com confissão de pecados, e
celebração eucarística: “Reuni-vos
no dia do Senhor para a fração do pão e agradecei (celebrai a
eucaristia), depois de haverdes confessado vossos pecados, para que
vosso sacrifício seja puro”
(XIV.1).
(Na
imagem lá em cima, uma reprodução da última página da Didaqué
– fonte: wikipedia.org)
 

 
 
Já fiz Leitura do Livro Didaque achei muito Interessante principalmente maneira do Culto da Antiga Igreja de Jesus.
ResponderExcluirCom certeza é sempre enriquecedor conhecer os textos antigos e perceber como ele cultuavam e adoravam ao mesmo Cristo que nós também o fazemos.
ExcluirAbr