Antes
de prosseguir na abordagem do Sermão da Montanha como projeto de discipulado
radical apresentado por Jesus, deixe-me fazer uma outra leitura:
Jesus
certa vez disse que quem com ele não ajunta, espalha; quem não estivesse com ele
estaria contra (está em Mt 12:30). Aqui é
expressa uma demonstração da radicalidade pretendida por Jesus para os seus
seguidores.
Palavras
como estas me fazem compreender que seguir a Jesus exige de cada discípulo um
compromisso de exclusividade. Ele não
admite que se achegue ao Reino com um espírito dividido. Seguir a Jesus é algo que não pode ser repartido
com mais ninguém, e mais que isto, não pode se ter meias intenções. Ou se está com Cristo e se tem tudo, ou não
se está com Cristo e não se tem nada. O
quase ou o mais ou menos não existe na relação de compromisso com Jesus.
Aproveito
para fazer uma citação do livro “O Discípulo” de Juan Carlos Ortiz, ela ilustra
bem o conceito de radicalidade expressa do discipulado requerido por Jesus.
Talvez alguns preferissem que não
fôssemos tão incisivos. Eles pensam que
existem três caminhos, e não dois, e vivem por esta ideia. Para eles, haveria o caminho largo, que é
para os pecadores destinados ao inferno.
O caminho estreito seria para pastores e missionários. E este terceiro caminho – que não é nem muito
largo nem muito estreito, uma estrada mediana – seria para o restante dos
crentes. Naturalmente, tal hipótese não
se acha nos livros de doutrina, mas no livro das realidades, que é onde as
pessoas vivem.
Este caminho mediano é uma invenção
humana. A verdade é que ou nós estamos
no reino das trevas fazendo o que é de nossa vontade, ou estamos no Reino de
Deus fazendo a vontade dele. Não existe
uma situação intermediária. (...).
Então como é que uma pessoa pode
mudar sua cidadania do reino das trevas para o Reino de Deus?
Jesus deu a solução. Sua morte na cruz e sua ressurreição
significam isto: qualquer escravo que olhar para a cruz tem a permissão para
considerar a morte dele como sua morte.
Assim o escravo morre e Satanás perde o seu controle sobre ele.
Depois vem a ressurreição. Por ela somos transportados para o novo
reino. Este fator é tão importante
quanto a cruz. Morremos para um soberano
e renascemos sob o domínio de outro.