Ouvi pela primeira vez o musical Vento Livre ainda no meu tempo de
seminarista, logo depois de ele ter sido produzido pela Igreja Batista do
Morumbi, lá pelo final da década de 1980.
Lembro-me bem que na época nos juntamos e realizamos uma encenação da
obra – nada muito profissional, mas com um verdadeiro espírito amador – e o
apresentamos no Recife (confesso que ainda sonho em refazê-la aqui em Aracaju).
Voltei a ouvi-lo recentemente
(agora em CD) e devo reconhecer que aquele som ainda continua me tocando a
alma. É sempre assim com a boa música:
não tem idade. E quando consegue aliar a
qualidade musical com a história sagrada, seus efeitos são eternos.
A história, resultado da lavra de
Guilherme Kerr Neto e Nelson Bomilcar, apresenta a vida de Jesus sob a ótica do
evangelho de João. Ela começa com a
declaração de que desde o princípio era o Verbo e que este virou gente e
habitou entre nós para, em seguida, serem citados episódios da vida e
ministério de Jesus.
Com certeza, contudo, para mim em
particular, a mais significativa e tocante canção é a que dá voz à mulher samaritana. Num musical cantado por vozes masculinas, o
solo à beira do poço, em primeira pessoa, de certo modo instiga a olhar
diferente para o episódio. É tudo surpreendente!
Nos campos de Samaria, uma mulher
apresenta seu desalento: cansada sob o sol, sem vislumbrar um fim e, mesmo com
uma fugaz alegria, só lhe restava a exclamação: não sei o que fazer! Mas,
parem tudo. Eis ali um homem judeu, é
estranho querer conversar. E do
inusitado diálogo sobre a água, aquela que se via desiludida encontrou razão
para viver.
A presença e a história da
samaritana sobressai no musical como uma declaração de que o Vento Livre,
entrou na história concreta das pessoas, ocupou-se de questões bem humanas,
olhou para os marginalizados, atentou para nossas frustrações e apresentou
novas perspectivas.
O musical prossegue para mais
adiante pontuar a crucificação, cantada como uma noite de horror, e a
contrapor com a alegre madrugada da ressurreição, dando ênfase no enxugar das
lágrimas de Maria e na necessidade de missão: ide dizer que Cristo ressuscitou.
Na conclusão, quase como um
recitativo, ouvimos João lembrando que há, porém, tantas outras que Cristo fez e
falou, mas estas que foram escritas são suficientes para crer nele e ter vida
eterna em seu nome. Um amém final fecha
a obra e só nos resta dizer: Glória a Deus pelo Vento Livre!
Realmente, uma das obras primas de Guilherme Kerr e sua equipe, pastor! Parabéns pela análise, captain!
ResponderExcluirA obra é magistral.
ExcluirCanta com simplicidade e profundidade a vida de Cristo e do Vento Livre que ele fez soprar sobre nós.
A ele seja a glória.
Abr