O dia 1º de maio é já tradicionalmente comemorado como o Dia do Trabalho. A história principia com os trabalhadores de Chicago nos Estados Unidos que em 1886 entraram em greve geral reivindicando uma jornada de oito horas de trabalho e foram violentamente reprimidos pelas forças policiais, no que ficou conhecido como a Revolta de Haymarket – bem mais detalhes deste episódio com certeza você pode encontrar em diversas páginas da Internet.
Pensando no tema do trabalho e a sua relação com as narrativas sagradas, fui levado a por meus olhos no texto de Jo 5:27 – "Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando". É sobre isto que eu quero refletir hoje: a relação de Deus o Pai e de Jesus com o trabalho, a atividade, a ocupação.
Logo de início deixe-me dizer que não consigo fazer a associação entre as tarefas divinas e a negação do ócio (daí a própria palavra: neg + ócio = negócio). São outras as configurações do trabalho que continuamente o Pai e o Filho executam. Acompanhe comigo um pouco desta reflexão trabalhista.
Para Deus pelo menos quatro características são inerentes ao seu trabalho: ele é voluntário, é produtivo, é criativo e é ainda prazeroso. E isto tudo junto.
Deus se predispõe a trabalhar voluntariamente. Ninguém o obriga a fazer nada. Tudo o que faz é resultado único e exclusivo da manifestação de sua vontade soberana. Se você tem dúvida disso, dê uma lida na contestação que o Senhor faz a Jó: onde você estava quando lancei os alicerces da terra? (Jó 38:4 – mas leia todo o argumento divino daí até o final do capítulo 40).
E Ele continua trabalhando. Então desta forma, folgo em saber que toda ação divina em meu favor ainda é resultado de sua soberana e graciosa vontade.
Um outro ponto importante também é pensar que o trabalho divino é produtivo. Tudo o que Ele faz redunda em algo útil e de valor. Nada é desperdício; nada é por acaso. Volto a dizer que não há aqui objeção ao ócio. Há sempre razão de ser naquilo que Deus continua operando na história e em minha vida.
Eu sei, é verdade que ainda há circunstâncias nas quais realmente não entendo as ações e intenções de Deus. Por causa delas então me lembro do que Jesus disse: "você não compreende agora o que estou fazendo; mais tarde, porém, entenderá" (dito a Pedro no lava-pés em Jo 13:7). Assim posso continuar meditando no labor do Senhor.
Uma terceira característica do trabalho constante divino é a sua criatividade (confesso que é o traço que mais gosto!). Não é difícil perceber isto: bichos e flores exuberantes; aves de cantos e cores sem fim; peixes de todos os tamanhos e formas; planetas e estrelas; verão e inverno e eu, tão imagem de Deus quanto você. Na grande diversidade das coisas criadas vejo a imensa imaginação criativa do Senhor.
Penso que Davi já tinha ficado maravilhado com tão fantástica criatividade quando se admirou diante da obra de Deus: quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmastes" (cantado no Sl 8:3). E o que vem a seguir só confirma quão inusitada pode ser a ação criativa de Deus: diante de surpreendentes obras, quis Deus me fazer coroado de glória e honra.
Ainda percebo o trabalho de Deus como sendo algo prazeroso. No poema do primeiro capítulo da Deus o mote: E Deus viu que ficou bom é repetido como um refrão dando-me a entender que, a cada novo ato de criação, o Pai sentia-se satisfeito. Tinha prazer no que acabara de fazer. Parece que até escuto Deus dizer: faço porque gosto! e como gosto de fazer isso!
Ora, o Pai continua trabalhando e Jesus trabalha também. De boa vontade, gerando valor, com criatividade e com prazer e satisfação. Esse é o Deus que age em meu favor. Que o meu louvor assim também o seja.
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