Definindo
o termo misoginia: segundo o Dicionário, misoginia significa “ódio ou aversão
às mulheres”. Eu uso aqui com uma
extensão a qualquer postura ou atitude que desconsidere a mulher ou a
menospreze como ser inferior em sua humanidade.
Em relação às perspectivas e papéis femininos na
sociedade contemporânea de Jesus, é importante conhecer como as ideias se
formaram em meio àquela gente. O
preconceito contra a mulher entre os judeus passou a se tornar um problema a
partir do exílio babilônico, e em especial na sua volta para Jerusalém (século
V a.C.). Ali eles desenvolveram uma
mentalidade extremamente machista, relegando à mulher apenas uma situação
subalterna.
Sob a liderança da casta levítico-sacerdotal, os
judeus refizeram os termos da aliança feita com Deus, reinterpretaram os textos
antigos e desconsideraram as mulheres enquanto agentes sociais e religiosos
(considere Ed 10:1-5 – e lembre que Esdras era sacerdote).
Começando nesse período, e se intensificando no
período entre os testamentos, a produção de exegese e comentários rabínicos
passou a dar justificativa religiosa e jurídica a uma série de comportamentos e
atitudes contrários, e até ofensivos, à mulher. Com isso, a mulher findou sendo tratada apenas
como um produto ou objeto a ser possuída, comprada e vendida (um bem para
reprodução), sem qualquer direito diante dos homens, que poderiam dispor delas
como bem entendessem.
Um parêntese para ajudar a entender essa
mentalidade. Ao narrar a ocorrência da
mulher apanhada em flagrante adultério (em Jo 8:1-11), os acusadores da
pecadora omitem – propositadamente ou não(!) – a presença do homem com quem a
mulher estaria adulterando, pois os mestres da Lei, além de terem a intenção de
apanhar Jesus numa armadilha, mantinham uma atitude de desprezo em relação à
mulher, baseada nas suas interpretações próprias da Lei. E essa compreensão parece dar um contexto
compreensivo ao episódio.
No caso da samaritana, diante do poço de Jacó,
tanto Jesus como a mulher conheciam bem os preconceitos que estavam inseridos
nos padrões sociais em que eles viviam.
Padrões sociais assim fazem parte de uma espécie de subconsciente comum
que estabelece como deve funcionar a coletividade “normal” dando a cada
indivíduo o seu lugar, posição e papel a desempenhar na sociedade.
Independentemente de haver leis escritas que rejam
tais atitudes e práticas, esses preconceitos se tornam tão arraigados numa
cultura que se comportam como um ethos – um padrão de moralidade
esperado de todos e pelo quais todos na comunidade são julgados e avaliados.
Aqui então destaco o posicionamento de Jesus. Enquanto a mulher samaritana apenas aceitou
com resignação seu lugar e papel na sociedade – por isso ficou perplexa com a
atitude do estranho judeu –; Jesus desconsiderou e até rejeitou toda e qualquer
atitude preconceituosa que ofendesse a dignidade humana da mulher.
Para
Jesus, um padrão social que despreze, torne-a indigna ou descaracterize a
mulher, por afrontá-la enquanto ser humano, qualquer que seja a manifestação,
justificativa jurídica ou religiosa ou forma de preconceito, afronta também o
Criador que as ama de tal maneira, logo é pecado.
Uma matéria bem esclarecedora.
ResponderExcluirQue o padrão de comportamento do Mestre Jesus seja espelho para o nosso. Para glória DELE.
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