terça-feira, 18 de março de 2025

MISOGINIA – os judeus e Jesus



Definindo o termo misoginia: segundo o Dicionário, misoginia significa “ódio ou aversão às mulheres”.  Eu uso aqui com uma extensão a qualquer postura ou atitude que desconsidere a mulher ou a menospreze como ser inferior em sua humanidade.

 

Em relação às perspectivas e papéis femininos na sociedade contemporânea de Jesus, é importante conhecer como as ideias se formaram em meio àquela gente.  O preconceito contra a mulher entre os judeus passou a se tornar um problema a partir do exílio babilônico, e em especial na sua volta para Jerusalém (século V a.C.).  Ali eles desenvolveram uma mentalidade extremamente machista, relegando à mulher apenas uma situação subalterna.

Sob a liderança da casta levítico-sacerdotal, os judeus refizeram os termos da aliança feita com Deus, reinterpretaram os textos antigos e desconsideraram as mulheres enquanto agentes sociais e religiosos (considere Ed 10:1-5 – e lembre que Esdras era sacerdote). 

Começando nesse período, e se intensificando no período entre os testamentos, a produção de exegese e comentários rabínicos passou a dar justificativa religiosa e jurídica a uma série de comportamentos e atitudes contrários, e até ofensivos, à mulher.  Com isso, a mulher findou sendo tratada apenas como um produto ou objeto a ser possuída, comprada e vendida (um bem para reprodução), sem qualquer direito diante dos homens, que poderiam dispor delas como bem entendessem.

 

Um parêntese para ajudar a entender essa mentalidade.  Ao narrar a ocorrência da mulher apanhada em flagrante adultério (em Jo 8:1-11), os acusadores da pecadora omitem – propositadamente ou não(!) – a presença do homem com quem a mulher estaria adulterando, pois os mestres da Lei, além de terem a intenção de apanhar Jesus numa armadilha, mantinham uma atitude de desprezo em relação à mulher, baseada nas suas interpretações próprias da Lei.  E essa compreensão parece dar um contexto compreensivo ao episódio.

 

No caso da samaritana, diante do poço de Jacó, tanto Jesus como a mulher conheciam bem os preconceitos que estavam inseridos nos padrões sociais em que eles viviam.  Padrões sociais assim fazem parte de uma espécie de subconsciente comum que estabelece como deve funcionar a coletividade “normal” dando a cada indivíduo o seu lugar, posição e papel a desempenhar na sociedade. 

Independentemente de haver leis escritas que rejam tais atitudes e práticas, esses preconceitos se tornam tão arraigados numa cultura que se comportam como um ethos – um padrão de moralidade esperado de todos e pelo quais todos na comunidade são julgados e avaliados.

 

Aqui então destaco o posicionamento de Jesus.  Enquanto a mulher samaritana apenas aceitou com resignação seu lugar e papel na sociedade – por isso ficou perplexa com a atitude do estranho judeu –; Jesus desconsiderou e até rejeitou toda e qualquer atitude preconceituosa que ofendesse a dignidade humana da mulher.

Para Jesus, um padrão social que despreze, torne-a indigna ou descaracterize a mulher, por afrontá-la enquanto ser humano, qualquer que seja a manifestação, justificativa jurídica ou religiosa ou forma de preconceito, afronta também o Criador que as ama de tal maneira, logo é pecado.

 

2 comentários:

  1. Uma matéria bem esclarecedora.

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    1. Que o padrão de comportamento do Mestre Jesus seja espelho para o nosso. Para glória DELE.

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