terça-feira, 25 de março de 2025

BATISMO NO ANTIGO TESTAMENTO?

 


Esse é um tema bastante interessante e abrangente, principalmente para nós batistas que cuidamos do batismo como algo relevante em nossa compreensão cristã.

 

Antes de chegar ao texto aos Coríntios que você citou, penso que é interessante entender o que citamos como batismo.

 

O dicionário define o termo batismo como “ritual de purificação ou iniciação em que se mergulha em água a pessoa a ser batizada” ou ainda “ato ou efeito de ser admitido num grupo, partido, religião” (infopedia).

 

Sobre como nós batistas compreendemos o ritual e a importância do batismo, sugiro a leitura dos artigos escritos pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho: “O Batismo Consciente de Crentes” (link) e “Batismo e Ceia como Ordenanças e não como Sacramentos” (link).  Ainda como sugestão, uma resposta minha sobre esse tema pode ajudar na reflexão: “Sobre a Autoridade no Batismo” (link).

 

Outra informação para enriquecer:  no grego do NT os termos relativos são:

 

+ Βαπτισμός – substantivo que traduz literalmente imersão; descreve o ato de mergulhar.  Em Cl 2:9 Paulo usa essa palavra para se referir ao símbolo do sepultamento contido no ritual do batismo.

+ Βάπτισμα – esse substantivo indica a pessoa que mergulha.  Lucas (em 3:3), usa esse termo para indicar o batismo de João como resultado do arrependimento.

+ Βαπτίζω – o verbo batizar, mergulhar, imergir é usado cerca de 90 vezes no NT.  É esse verbo que Paulo usa no texto de Coríntios.

+ No AT não encontramos nenhuma palavra ou expressão que indique algo assim.  Talvez os regulamentos sobre as lavagens rituais de purificação em Levítico (veja por exemplo Lv 15:27 ou 17:16), mas, com certeza, o contexto e as implicações são diversos. 

 

Também:  no conceito que temos como batistas – a partir da leitura bíblica – não houve batismo no AT.  Tal prática começou no período entre os Testamentos, era praticado por diversos grupos contemporâneos, foi adotado a partir de João, ordenado por Jesus a partir de sua própria interpretação e se tornou padrão na igreja primitiva (sugiro ainda a leitura do artigo: “A Didaqué e o Culto" – link).

 

 

Assim, vamos ao texto citado.

 

A partir do capítulo 10, o apóstolo Paulo está argumentando que não se deve tentar a Deus, duvidando dele e nem desconsiderando suas manifestações.  E para isso ele usa dos exemplos históricos dos israelitas.

Aqui a figura do batismo serve de exemplo.  Os filhos de Israel estiveram cobertos pelas manifestações divina – como nos casos da passagem do mar ou da nuvem que os cobriu (mergulhados nas águas divinas!), bem como comeram do pão espiritual e beberam da água da pedra.

Ora, apesar de todas essas sinalizações, os israelitas provocaram o desagrado de Deus com suas murmurações e, por isso, foram prostrados no deserto.

 E tudo isso, na argumentação apostólica, deveria servir como exemplo e aviso para nós cristãos que, mesmo tendo sido batizados em Cristo, não devemos tentar o Senhor com nossas murmurações e incredulidade.

 

Ao que Paulo conclui:

 

“Quem pensa que está firme em pé, fique atento para não cair”
(1Co 10:12)

 

 

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