terça-feira, 16 de novembro de 2021

Senhor! Ouve nossa oração!

 


Um dia desses, numa rotineira olhada nos títulos expostos numa livraria aqui em Aracaju, o nome de Karl Barth estampado em um pequeno livro me chamou a atenção.

 

“Senhor! Ouve nossa oração!”

 

Estendi a mão, tomei o livro e comecei a degustação inicial.  E na última capa está escrito:

 

Possivelmente uma surpresa para muitas pessoas: uma publicação com orações de Karl Barth.  Pois ele é conhecido por ser um teólogo sistemático de estupenda produção intelectual.

 

E foi meu caso.  Surpreendeu-me uma coletânea de orações desse teólogo suíço que nasceu no final século XIX e produziu sua riquíssima Teologia – em quantidade e qualidade – na primeira metade do século XX.

 

— Sim.  Por essa ali eu não esperava.

 

Mas, antes de olhar para as orações compiladas no livrinho (são apenas 71 páginas), deixe-me redimir da surpresa.

É impossível fazer boa teologia cristã, centrada na Bíblia e com significativa relevância, sem que se nutra uma vida de piedosa oração solitária e em comunidade.  Outros grandes nomes que contribuíram com nossa Teologia e alicerce doutrinário também conheceram esse trilho.

É claro que alguém que nos legou Der Römerbrief em 1919 – obra que marcou a Teologia Bíblica do século XX – também faria fileiras entre os homens e mulheres de oração.

Acontece que eu não conhecia a obra em Português.

 

Então, vamos ao livro (no Brasil a edição é de 2013).

 

Já no prefácio, o próprio Barth inicia reconhecendo sua aversão juvenil a “toda forma de solenidade relacionada ao culto”, logo nunca esteve entre seus projetos um texto que fornecesse condução litúrgica à Igreja.

Mas a vida e a adoração em comunidade e, principalmente, as prédicas ali proferidas o levaram nessa direção.  E assim as preces foram sendo escritas e depois compiladas.

Contudo, é bom ressaltar – nas suas palavras:

 

Minha ideia não é simplesmente que as orações sejam adotadas pelas comunidades ou por seus pregadores na forma em que se encontram, mas que elas possam ser lidas por um outro como estímulo para uma reflexão.

 

Lido o prefacio, passei às orações, e me vi orando junto – em Português – aos irmãos de língua alemã.

Aqui está a força da piedade e celebração cristãs.  Nossa oração e nosso culto é ao mesmo tempo local e universal; temporal e eterno; particular e comunitário.

E mais do que ritos para preencher uma fórmula de culto ou um calendário litúrgico, Barth deu voz à minha oração, recheada de adoração, súplica e esperança.

 

Enaltecemos-te por nos permitires, como teu povo reconhecer-te e louvar-te humildemente até o dia em que toda criatura será revelada perante ti e entoará o cântico novo em júbilo perante tua presença.  Amém.

 

E sê misericordioso, Senhor, também para com aqueles que, nesta manhã, em muitos outros lugares, reúnem-se como tua comunidade! [...] Dá-nos a todos discernimento e esperança, um testemunho claro e corações alegre – por Jesus Cristo, nosso Senhor! Amém.

 

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