sexta-feira, 9 de agosto de 2019

ADORAÇÃO: ALTAR E VIDA


Lendo as advertências proféticas no Antigo Testamento sobre forma e conteúdo do culto e adoração é possível perceber que elas têm muito a nos dizer ainda hoje (tenha em mente inicialmente os capítulos seis de Oseias e cinco de Amós).
Hoje não temos mais um sistema sacrificial que exija trazer víveres para serem queimados em holocausto, mas trazemos formas e liturgias que delineiam nossa adoração. E é nesta assertiva que as lições dos profetas se tornam relevantes para nós quando chegamos para adorar.
Como no caso de Israel, o problema principal não estava em avaliar se tais formas eram adequadas ou não – embora ainda seja importante reconhecer que uma forma apropriada expressa melhor uma adoração que condiz à majestade gloriosa de Deus e nossa condição humana diante dele.
Por isso, os profetas advertiram que a questão principal está na conduta dos que se achegam ao altar trazendo seu culto e não nas suas liturgias.
Em primeiro lugar, culto não é um conjunto de ritos mágicos que procuram manipular a Deus e convertê-lo em operário de nossas causas.
E mais: (1) Deus é eternamente imutável em si (leia o que ele diz em Ml 3:6), logo não será a nossa adoração que o fará mudar para atender as nossas indicações; e (2) a vontade soberana de Deus nunca está subjugada a vontade humana, ele faz o que quer, como quer e quando quer (olhe o que ele mesmo diz em Dt 32:39).
O culto e a adoração não podem ser compreendidas como forma de vincular – amarrar ou atrelar – Deus a nossa vontade, pois isso seria paganismo. A adoração deve ser sempre a resposta de gratidão e louvor pelo que o Senhor se dispõe a fazer pela sua graça.
Quem se achega para adorar, deve saber que culto é reação e nunca o contrário. Davi entendeu exatamente assim ao nomear levitas com a função específica de louvar e agradecer a Deus pelo que ele tinha feito (1Cr 16:4).
Também, para que o culto seja aceito é preciso haver obediência à Lei. O culto não acontece como um processo alheio à vida humana, como se o Senhor estivesse interessado naquilo que lhe trazemos em adoração e não cuidasse do restante de nossa existência.
A Lei do Senhor é perfeita (palavras do Sl 19:7). Isto quer dizer que Deus, no seu amor, cuida do ser humano por inteiro, logo o culto não pode ser realizado sem considerar o que fazemos no restante de nosso dia-a-dia.
A adoração não pode ser uma espécie de intervalo em nossa existência. Pelo contrário, tem que refletir toda a nossa vida de comprometimento com o Senhor Jesus, seu Espírito em nós e o Reino que construímos com nossas ações cotidianas.
Esta compreensão nos leva a entender que os requisitos do culto transcendem a ele mesmo. Ou seja, como compreendemos das palavras proféticas, o culto não pode ser um fim em si mesmo.
Diante do altar em adoração tenho que atentar: se por um lado nossa vida nos traz ao culto, por outra a adoração deve nos levar de volta à vida e ao serviço, só que recompensado e por ter estado na presença do Senhor (isso foi o que aconteceu com o publicano na parábola de Jesus em Lc 18:9-14).

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