Lendo
as
advertências proféticas no Antigo Testamento sobre forma e conteúdo
do culto e adoração é possível perceber que elas têm muito a nos
dizer ainda hoje (tenha em mente inicialmente os capítulos seis de
Oseias e cinco de Amós).
Hoje
não temos mais um sistema sacrificial que exija trazer víveres para
serem queimados em holocausto, mas trazemos formas e liturgias que
delineiam nossa adoração. E é nesta assertiva que as lições
dos profetas se tornam relevantes para nós quando chegamos para
adorar.
Como
no caso de Israel, o problema principal não estava em avaliar se
tais formas eram adequadas ou não – embora ainda seja importante
reconhecer que uma forma apropriada expressa melhor uma adoração
que condiz à majestade gloriosa de Deus e nossa condição humana
diante dele.
Por
isso, os profetas advertiram que a questão principal está na
conduta dos que se achegam ao altar trazendo seu culto e não nas
suas liturgias.
Em
primeiro lugar, culto não é um conjunto de ritos mágicos que
procuram manipular a Deus e convertê-lo em operário de nossas
causas.
E
mais: (1) Deus é eternamente imutável em si (leia o que ele diz em
Ml 3:6), logo não será a nossa adoração que o fará mudar para
atender as nossas indicações; e (2) a vontade soberana de Deus
nunca está subjugada a vontade humana, ele faz o que quer, como quer
e quando quer (olhe o que ele mesmo diz em Dt 32:39).
O
culto e a adoração não podem ser compreendidas como forma de
vincular – amarrar ou atrelar – Deus a nossa vontade, pois isso
seria paganismo. A adoração deve ser sempre a resposta de gratidão
e louvor pelo que o Senhor se dispõe a fazer pela sua graça.
Quem
se achega para adorar, deve saber que culto é reação e nunca o
contrário. Davi entendeu exatamente assim ao nomear levitas com a
função específica de louvar e agradecer a Deus pelo que ele tinha
feito (1Cr 16:4).
Também,
para que o culto seja aceito é preciso haver obediência à Lei. O
culto não acontece como um processo alheio à vida humana, como se o
Senhor estivesse interessado naquilo que lhe trazemos em adoração e
não cuidasse do restante de nossa existência.
A
Lei do Senhor é perfeita (palavras do Sl 19:7). Isto quer dizer que
Deus, no seu amor, cuida do ser humano por inteiro, logo o culto não
pode ser realizado sem considerar o que fazemos no restante de nosso
dia-a-dia.
A
adoração não pode ser uma espécie de intervalo em nossa
existência. Pelo contrário, tem que refletir toda a nossa vida de
comprometimento com o Senhor Jesus, seu Espírito em nós e o Reino
que construímos com nossas ações cotidianas.
Esta
compreensão nos leva a entender que os requisitos do culto
transcendem a ele mesmo. Ou seja, como compreendemos das palavras
proféticas, o culto não pode ser um fim em si mesmo.
Diante
do altar em adoração tenho que atentar: se por um lado nossa vida
nos traz ao culto, por outra a adoração deve nos levar de volta à
vida e ao serviço, só que recompensado e por ter estado na presença
do Senhor (isso foi o que aconteceu com o publicano na parábola de
Jesus em Lc 18:9-14).
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