O adjetivo "Sinótico", com o qual são
designados os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, vem da palavra grega
συνόπτικος que significa "aquele que ver em conjunto" e foi usada
pela primeira vez pelo alemão J.J. Griesbach no final do século XVIII. Desde então o estudo das questões pertinentes
à visão sinótica dos evangelistas tem despertado interesses mais variados em
diferentes correntes teológicas, produzindo resultados igualmente diferentes.
Quando se pensa no
Problema Sinótico duas questões chamam logo a atenção: 1. Qual texto foi
escrito primeiro e quem usou quem na sua confecção final? 2. Por que eles são tão iguais e ao mesmo
tempo tão diferentes?
Entre as teorias dos
usos das fontes e o uso comuns dos próprios Evangelhos, uma das mais aceita é a
de que Marcos foi o primeiro a ser escrito e depois os outros dois sinóticos se
valeram dele e de outras fontes próprias para a escrita dos seus próprios
Evangelhos. Marcos assim, interpretando
a tradição de Pedro, redigiu seu evangelho em primeiro lugar e o compartilhou
com a igreja, chegando ao conhecimento dos evangelistas que o usaram como
referência.
Segundo especialistas,
os argumentos para esta primazia de Marcos são basicamente três:
1. A brevidade de
Marcos, ou seja, sendo ele menor e mais resumido, melhor se explicaria o
surgimento dos evangelhos com maior conteúdo, e não o contrário;
2. O estilo canhestro de
Marcos, e isto tanto no uso menos elegante do grego, quanto na maior
predominância de expressões semíticas, mais uma vez é mais fácil explicar o
surgimento posterior – com melhoria e depuração de estilo pelos outros
sinóticos que o contrário;
3. A teologia mais
primitiva de Marcos, com expressões mais complicadas de se harmonizarem
teologicamente com as crenças da igreja.
Mas Mateus e Lucas não
fizeram só uso de Marcos. Há material em
ambos que não estão em Marcos, o que nos leva a entender que provavelmente eles
tiveram acesso ao uma outra fonte comum; que costumeiramente é chamada de fonte
Q – de Quelle em alemão. Quem
primeiro propôs a existência desta fonte foi F. Schleiermacher no século XIX se
referindo ao que Papias chamou de logias:
compilação das palavras de Jesus.
Acrescente ainda a este
fato a real possibilidade de os evangelistas também terem tido acesso a material
exclusivo na composição de seus textos, o que nos daria um esquema, mais ou
menos, assim para o processo de surgimento dos Evangelhos Sinóticos:
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