Neste ano de 2017 celebramos os 500
anos da Reforma Protestante. A data em
si se refere ao episódio que foi tomado como marco significativo para o estopim
do movimento: o momento em que o alemão Lutero fixou suas 95 teses na porta da
Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517 nas quais questionava
várias posições da Igreja de seu tempo.
Detalhe 1: o que ficou conhecido como as 95 TESES na verdade foram 95 PROPOSIÇÕES
ou FRASES que Lutero escreveu para iniciar o debate.
Detalhe 2: fixar teses a serem defendidas em um debate público na porta do
principal templo, na época seria o mesmo que postar 'textão' em uma rede social
hoje e se preparar para o debate pesado e acalorado quando viralizar – foi
isso que Lutero fez!
Mas, voltemos ao assunto. Neste ano de celebração – afinal 500 anos é
marca mais que significativa – muito se tem falado, escrito, proposto,
debatido, refletido sobre o tema. O que realmente
faz jus ao contexto e propósitos originais.
Eu mesmo, não somente já publiquei aqui uma cronologia da época aproveitando o ensejo (veja aqui), como
também tive a oportunidade de participar de alguns eventos nesta intenção aqui
em Aracaju.
Além do que, a própria internet
aproveitou bastante a ocasião para citar e comentar (e como sempre: está
inundada de gente a favor e contra).
Então vou me poupar o trabalho de citações históricas e análises mais
aprofundadas.
Quero trazer a lume (gostei desta
frase!) apenas algumas observações que me sobressaíram à cabeça nestes dias de reflexão
sobre o assunto: a música da Reforma.
Não é segredo para ninguém que
gosto de música, e relacioná-la à fé e à vida me atrela de um jeito visceral a
Lutero e à herança protestante. Entre os
trabalhos e contribuições do reformador alemão estava em fazer o povo cantar a
sua fé.
Lutero sabia que a música ajuda a
memorizar e acatar a doutrina, enleva a alma e produz um gracioso senso de
comunidade e pertencimento – além de louvar a Deus: claro! Ele mesmo compôs, arranjou e publicou várias
canções e hinos sacros tornando o culto luterano mais alegre e participativo e
deixando uma herança tão formidável que dela vem ninguém menos que J.S. Bach –
mas isso já merecia uma outra crônica.
Por outro lado: como batista, sou
um herdeiro indireto dos reformadores do século XVI. Mas me sinto bem à vontade, em casa, entre
eles. Chamá-los de irmãos é reconhecer
nossa raiz comum: a própria fé cristã e os ventos de renascimento social e eclesiásticos
que sopraram naquela velha Europa.
Assim, eu canto os mesmos hinos
dos irmãos luteranos, presbiterianos, metodistas, episcopais, e por aí
vai... alguns hinos de cinco séculos,
outros recebidos da renovação wesleyana do século XIX, e outros, igualmente
inspirados e abençoados dos cristãos do século XXI. Todos fazendo jorrar o caudaloso rio da
música protestante.
Nós cantamos. Lutero nos ensinou. E eu gosto muito de cultuar assim.
Mais uma vez, voltemos ao assunto,
antes que me delongue muito – se bem que agora nem me desviei muito.
Falar da música de Lutero é
lembrar de Castelo Forte – em alemão:
Ein feste Burg ist unser Gott. Linda.
Forte. Cativante. Inspiradora.
Para se ter uma ideia de como esta
música está entranhada em nossa tradição, veja onde eu posso encontrá-la em
português: No Cantor Cristão (é o hino de número 323), no HCC (# 406) – ambos
batistas; no Hinário Luterano (# 165); no Hinos do Povo de Deus (# 97 – também
luterano); e mais: Salmos e Hinos (#640); Hinário Adventista (# 33); Harpa
Cristã (# 581); Hinário Presbiteriano Novo Cântico (# 155). E se procurar mais, sei que vai achar.
Quanto ao hino?
Lutero, em meio as muitas batalhas
travadas enquanto prosseguia tentado reformar a igreja, ele sempre teve como
alento o Salmo 46 que diz: O Senhor é
nosso refúgio e fortaleza. Foi daí
que ele tirou a inspiração para cantar (aqui na versão em português do HCC):
Castelo forte é nosso Deus, escudo e boa espada.
Com seu poder defende os seus, a sua igreja amada
com força e com furor nos prova o Tentador,
com artimanhas tais e astúcias infernais
que iguais não há na terra.
Com seu poder defende os seus, a sua igreja amada
com força e com furor nos prova o Tentador,
com artimanhas tais e astúcias infernais
que iguais não há na terra.
(...)
Sim, que a Palavra ficará sabemos com certeza,
pois ela nos ajudará com armas de defesa.
Se temos de perder família, bens, poder,
e, embora a vida vá, por nós Jesus está
e dar-nos-á seu Reino.
pois ela nos ajudará com armas de defesa.
Se temos de perder família, bens, poder,
e, embora a vida vá, por nós Jesus está
e dar-nos-á seu Reino.
Deus é o nosso castelo forte, a
nossa fortaleza sólida. É esta convicção
que mobilizou e animou Lutero, e ainda nos inspira hoje. Um Deus forte que nos forma – reforma,
sustenta e protege. É o socorro bem
presente na hora da angústia. E nos
somamos a Lutero neste canto de afirmação de fé e adoração.
=> E quanto as imagens:
Lá em cima, Retrato de Martinho Lutero pintado por Lucas Cranac em cerca de 1540.
Aqui em baixo uma reprodução de Castelo Forte com a assinatura de Lutero
Lá em cima, Retrato de Martinho Lutero pintado por Lucas Cranac em cerca de 1540.
Aqui em baixo uma reprodução de Castelo Forte com a assinatura de Lutero
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Parabéns, Reverendo Jabes,pela excelente matéria da ordem do dia, postada neste respeitado espaço de grande utilidade para todos e todas aqueles e aquelas que gostam de estudar o assunto.
ResponderExcluirObrigado querido. A glória seja a Deus, o nosso Castelo Forte.
ExcluirAbr.