Na excelente linha de argumentação
teológica e doutrinária do autor aos Hebreus, ele afirma com clareza que sem
derramamento de sangue não há perdão (Hb 9:22).
Por este raciocínio, entendemos que para a eliminação do pecado e suas
consequências há a exigência espiritual de que o sangue seja vertido.
Para entender tais implicações, é
necessário contudo, em primeiro lugar expor um conceito de pecado. Em linhas gerais, pecado é mais que uma
atitude socialmente reprovável ou mais que um desvio de conduta. Pecado é uma ofensa a Deus como um ser
pessoal que nos ama e, por isso, exige reparação.
Esta compreensão nos leva então a
uma outra que associa os termos: pecado => reparação => sangue => cruz
=> perdão. Assim, tudo aponta para a
cruz de Cristo pois é de lá que emana todo o amor e todo o poder que produz o
perdão divino ao ser humano decaído.
Mas como podemos entender o perdão
de Deus em nós? Uma visão mais ampla da
verdade bíblica nos indica algumas respostas.
Em primeiro lugar, o perdão de
Deus em nós é de graça. Embora tenha
custado o caríssimo preço de seu Filho Unigênito (lembre-se de Jo 3:16), para
nós que o recebemos não nos custou nada!
Em Paulo é muito forte a convicção de que foi pela graça de Cristo Jesus
transbordando para nós que alcançamos a dádiva do perdão (leia Rm 5:15 e
compare com At 15:11). Se vivenciamos
hoje o perdão dos nossos pecados é que fomos atingidos pela maravilhosa graça.
O perdão de Deus em nós também é
uma experiência completa. Por definição,
o pecado produz na fragmentação humana.
Ao nos outorgar seu perdão, o Senhor nos atinge por completo (este pode
ser o sentido de 1Jo 1:9). Mas nenhum
texto é tão incisivo quanto a profecia de Miquéias: Deus declara que dos
pecados perdoados já não restará lembrança alguma pois todos foram atirados nas
profundezas do mar (veja como é lindo todo o texto de Mq 7:14-20!).
E mais ainda, o perdão de Deus em
nós é extensivo. Ao gozarmos de tal
perdão somos levados mais além ao ato de também perdoar. Assim foi indicado na Oração modelo, assim
também na parábola do servo impiedoso (os textos são Mt 6:14-15 e Mt 18:21-35)
e Paulo fala no constrangimento do amor de Cristo em 2Co 5:14. O perdão divino gera em nós um espírito
perdoador o qual nos liga novamente ao Senhor amoroso, nos refaz por dentro e
cria novos laços com nossos irmãos (respectivamente: Ef 2:18; 2Co 5:17 e Ef
4:32).
É por isso que louvamos o Senhor
por tal perdão. É por isso que
vivenciamos todo os dias o ser nova criatura.
Que o próprio Cristo nos faça
viver à sombra da cruz para podermos sempre experimentar mais toda a extensão e
profundidade do perdão que de lá nos vem.
Para sua glória.
(De uma publicação original em 18/09/2009 – ibsolnascente.blogspot.com)
Ótima reflexão. Devo perdoar porque também fui perdoado por Cristo.
ResponderExcluirDê um clic no meu blog:
sarandoasferidas.blogspot.com
Um abraço
Obrigado querido. Dei uma passada em seu blog. Boas reflexões. Deus o abençoe.
ExcluirAbr.