Estamos acostumados a citar o
pequeno livro de Habacuque lembrando da declaração de alegria, apesar da
figueira que não floresceu, pois deve estar baseada no Deus de nossa salvação
(Hc 3:17-18). Realmente isto é maravilhoso
e não pode ser esquecido como projeto de vida para todo servo de Deus. Mas se lermos o verso seguinte veremos que o
poema se encerra com uma declaração de fé ainda mais contundente.
O verso 19, como deve ser a boa
poesia hebraica, apresenta uma afirmação inicial que serve de suporte e depois
uma outra que lhe vem como contraponto.
E é a partir desta estruturação que quero refletir hoje.
O ponto de partir é a declaração
da convicção de quem é Deus. O Senhor, o Soberano, é a minha força. Tudo o que vai ser dito e refletido aqui só
fará sentido se tivermos a consciência bem definida de que o nosso Senhor é o
Soberano. Algumas vezes a busca de
intimidade com Deus – processo natural e desejável na vida cristã – nos faz
esquecer da realeza santa e da soberania absoluta dele. O fato de ele ter se aberto para estar
conosco não implica que deixou de ser o Todo-Poderoso.
Duas citações ilustram esta tomada
de consciência. Jacó ao perceber que a
escada dos céus tocava o lugar onde estava exclamou: Temível é este lugar!
(leia Gn 28:17). Já no NT, o mesmo Jesus
que nos chama de amigos é quem com determinação expulsa aqueles que deturpavam
a casa de oração (compare Jo 15:15 com Jo 2:15).
Ainda na primeira frase, o profeta
reconhece que ele – e somente ele – é a nossa força. Esta é a declaração da confiança absoluta no
poder e no cuidado de um Deus que sendo altíssimo ainda assim atenta para os
humildes (veja como é belo o Sl 138:6).
Não é o nosso braço quem nos garante a vitória e sim a força do Senhor
que em nós opera.
Davi no majestoso Salmo 20 canta
que o Senhor dá vitória ao seu ungido e por isso – ao contrário dos que confiam
em armas e estratégias de guerra – a nossa confiança está no nome do Senhor
(anote do verso seis em diante, em especial o de número 7).
Tendo afirmado esta confiança,
então as frases seguintes ganham nova coloração: O Soberano faz meus pés como os do cervo e me faz andar em lugares
altos. É nesta maravilha que nos
alicerçamos.
Sabe o que isso significa? É lá nas alturas que experimentamos do Senhor
(lembre-se da ordem a Moisés em Êx 24:12 – “suba o monte, venha até mim, e
fique aqui”). Ainda é lá que sentimos os
pés deixarem o pântano para se firmarem sobre a rocha (aqui lembro tanto do Sl
40:2 quanto de 1Pe 2:7). E, por fim, nos
lugares altos o Soberano nos dá uma visão privilegiada de sua glória e de seu
poder (veja a convocação do Sl 66:5).
Ali Deus posta os nossos passos.
Que o Senhor, o Soberano, que é a
nossa fortaleza nos leve aos seus lugares altos para sua glória.
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