sexta-feira, 14 de outubro de 2016

ONDE O SOBERANO COLOCA OS MEUS PÉS

Estamos acostumados a citar o pequeno livro de Habacuque lembrando da declaração de alegria, apesar da figueira que não floresceu, pois deve estar baseada no Deus de nossa salvação (Hc 3:17-18).  Realmente isto é maravilhoso e não pode ser esquecido como projeto de vida para todo servo de Deus.  Mas se lermos o verso seguinte veremos que o poema se encerra com uma declaração de fé ainda mais contundente.
O verso 19, como deve ser a boa poesia hebraica, apresenta uma afirmação inicial que serve de suporte e depois uma outra que lhe vem como contraponto.  E é a partir desta estruturação que quero refletir hoje.
O ponto de partir é a declaração da convicção de quem é Deus.  O Senhor, o Soberano, é a minha força.  Tudo o que vai ser dito e refletido aqui só fará sentido se tivermos a consciência bem definida de que o nosso Senhor é o Soberano.  Algumas vezes a busca de intimidade com Deus – processo natural e desejável na vida cristã – nos faz esquecer da realeza santa e da soberania absoluta dele.  O fato de ele ter se aberto para estar conosco não implica que deixou de ser o Todo-Poderoso.
Duas citações ilustram esta tomada de consciência.  Jacó ao perceber que a escada dos céus tocava o lugar onde estava exclamou: Temível é este lugar! (leia Gn 28:17).  Já no NT, o mesmo Jesus que nos chama de amigos é quem com determinação expulsa aqueles que deturpavam a casa de oração (compare Jo 15:15 com Jo 2:15).
Ainda na primeira frase, o profeta reconhece que ele – e somente ele – é a nossa força.  Esta é a declaração da confiança absoluta no poder e no cuidado de um Deus que sendo altíssimo ainda assim atenta para os humildes (veja como é belo o Sl 138:6).  Não é o nosso braço quem nos garante a vitória e sim a força do Senhor que em nós opera.
Davi no majestoso Salmo 20 canta que o Senhor dá vitória ao seu ungido e por isso – ao contrário dos que confiam em armas e estratégias de guerra – a nossa confiança está no nome do Senhor (anote do verso seis em diante, em especial o de número 7).
Tendo afirmado esta confiança, então as frases seguintes ganham nova coloração: O Soberano faz meus pés como os do cervo e me faz andar em lugares altos.  É nesta maravilha que nos alicerçamos. 
Sabe o que isso significa?  É lá nas alturas que experimentamos do Senhor (lembre-se da ordem a Moisés em Êx 24:12 – “suba o monte, venha até mim, e fique aqui”).  Ainda é lá que sentimos os pés deixarem o pântano para se firmarem sobre a rocha (aqui lembro tanto do Sl 40:2 quanto de 1Pe 2:7).  E, por fim, nos lugares altos o Soberano nos dá uma visão privilegiada de sua glória e de seu poder (veja a convocação do Sl 66:5).  Ali Deus posta os nossos passos.
Que o Senhor, o Soberano, que é a nossa fortaleza nos leve aos seus lugares altos para sua glória.


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