sexta-feira, 7 de outubro de 2016

NO SERVIÇO DO MEU REI

Acordei cantarolando um velho hino.  Faço isso com frequência.  Começar o dia cantando velhas canções faz muito bem à alma.  Além de estimular a memória.  Guardo lembranças de antigos cânticos, do rico Cantor Cristão, de músicas que já se tornaram clássicas e de algumas outras que se foram agregando pelo caminho.  Na maioria das vezes, elas compõem meu repertório matinal.
Em geral, as canções antigas se revestem desse poder.  Num mundo agitado e às vezes caótico, barulhento e cinzento, elas ajudam a reafirmar a fé inabalável que dá sentido à vida, transmitem um senso de pertença e reacendem velhas pegadas que ajudam a continuar na caminhada. 
Além de ajudarem a faxinar os cantos empoeirados da alma que costumam ficar esquecidos e sombrios.
E como os bons e velhos hinos também cumprem magistralmente o papel de serem portadores de orações e preces, então o conjunto está completo. 
Mas antes que o desvio do tema original se torne irremediável e a comparação com as novas melodias inevitável, deixe-me voltar à proposta original: acordei cantarolando um velho hino.  Como já está enraizado na mente e na alma, posso até cantá-lo de cor.
Comecei cantando assim:
No serviço do meu rei eu sou feliz, satisfeito e abençoado.
O refrão diz:
No serviço do meu rei minha vida empregarei
E a última estrofe conclui pesado:
Quanto tenho, no serviço gastarei.  No serviço do meu rei.
Assim a manhã foi prosseguindo ...  Fazendo minhas as palavras de A.H. Ackley (o título original é In the Service of the King de 1912).  É bom ocupar a mente dessa forma!
Mas eis que a paz matinal se vê invadida por novos acordes.  O som ligado em casa inunda o ambiente com Mestre eu preciso de um milagre ... Ressuscita os meus sonhos
Devo confessar que foi difícil não alinhar uma comparação entre o antigo (bom!?) e o novo (ruim!?).  Entendo que esse paralelo além de não contribuir em nada, é pobre, preconceituoso e pouco inteligente.  Música boa ou ruim não depende de idade.
Mas, alheio a esse tipo de análise, a comparação é inevitável.  Embora habitando o mesmo universo evangélico, as duas canções trilham caminhos completamente distintos (irreconciliáveis!?). 
Enquanto um declara alegria no serviço e se dispõe a gastar e empregar recursos na obra do rei; o outro aguarda o milagre.
Seriam dois evangelhos!? um de ação outro de reação? Um ativo e um passivo? Um de dar outro de receber?
É melhor parar por aqui.  Certo de que não tenho nem o direito nem a prerrogativa do julgamento, entendo que não me cabe avaliar qual expressa de maneira mais adequada a herança e a fé cristã. 
Tenho minhas suspeitas.
O que sei é que prefiro continuar começando meus dias declarando minha alegria em ser servo:
Gozo, paz, felicidade tem quem serve a meu bom rei.
Ah! Nisso sim eu creio.


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