A
Teologia clássica aponta como sendo tríplice a missão da Igreja: a) Celebrar
corretamente as ordenanças; b) Reconhecer o senhorio de Cristo e c) Prestar o
louvor devido a Deus. Observando cuidadosamente
cada um destes aspectos em separado haveríamos de perceber que elas trazem
nuances desafiadoras de per si para a vida eclesiástica. Contudo nesta reflexão gostaríamos de
abordá-los como sendo uma resposta única ao desafio missionário dado pelo
fundador da igreja aos seus seguidores: “Vão e façam discípulos...” (Mt 28:19).
Inicialmente,
uma ressalva ainda se mostra imperiosa ser feita. A igreja fundada por Cristo vive no mundo (Jo
17:15) e por isso deve cumprir obrigações regulares e legais diante dos poderes
constituídos para este tempo presente.
Voltando
a Teologia clássica: Somos cidadãos de duas pátrias e temos obrigações com
ambas. Ou seja, vivendo no Brasil, temos
obrigações com as leis e os institutos do direito brasileiro – isto já
mereceria um estudo e uma reflexão mais acurada. Mas a igreja não é e nem pode se portar como
uma instituição ou organização secular qualquer pois a sua missão ultrapassa os
ditames das leis seculares que a governa.
E é isto que nos interessa nesta reflexão: uma igreja missionária é
aquela que faz sobressair a sua vocação espiritual sobre qualquer
empreendimento temporal.
Voltemos
a tríplice missão da igreja analisada sob a ótica do discipulado.
Cumpre-nos
como Igreja de Cristo celebrar corretamente as ordenanças deixas pelo
Mestre. Aqui entendemos Batismo e Ceia
do Senhor. E somente as suas citações já nos apontam ao discipulado. A missão da igreja de celebrar o batismo como
o testemunho daquilo que já foi operado no interior do ser humano desafia-nos a
apresentar a Cristo como a única solução para o destino final de homens e
mulheres (At 16:31). As águas do batismo
devem ser ministradas àqueles que já confessaram a Cristo como seu Salvador e
Senhor; por isso celebrar corretamente o batismo implica necessariamente em
apresentar a Cristo às nações. Sem
discipulado verdadeiro, não pode a igreja celebrar batismo corretamente.
Seguindo
a mesma linha de raciocínio, a Ceia do Senhor é o congraçamento e a celebração
da obra savífica de Cristo na cruz do calvário.
Quando a igreja se reúne para comer do pão e beber do cálice, ela
relembra em temor e reverência tudo o que Cristo Jesus passou para a nossa
redenção. E sobre isso o apóstolo Paulo
é bem enfático no que se refere à celebração da Ceia do Senhor como parte da
missão da igreja. Comer do pão e beber
do cálice como celebração apropriada da missão da igreja só acontece quando tal
celebração está envolvida no anúncio da morte de Cristo e na espera ansiosa da
sua volta (1Co 11:26). Ou seja, sem o
discipulado a refeição não pode ser considerada celebração cristã; e vai além,
sem o anúncio, o pão e o vinho pode nos tornar culpados pelo corpo e sangue de
Cristo (1Co 11:29).
O
segundo aspecto da tríplice missão da igreja e o reconhecimento de Cristo como
Senhor absoluto da igreja.
Apresentando-se como a Videira verdadeira, Jesus destacou que havia
escolhido seus discípulos e os nomeado para que produzissem frutos permanentes. Nisto está a essência da submissão ao
Senhor. Ele nos deu uma tarefa para a
qual fomos especialmente nomeados: produzir frutos, fazer discípulos e que
estes discípulos se tornem permanentes e produzem sempre mais discípulos. A igreja cumpre sua missão em reconhecer o
senhorio absoluto de Cristo em sua vida quando cumpre fielmente a sua
incumbência, produzir frutos; produzir mais discípulos.
Finalmente,
a último aspecto da missão da igreja consiste em prestar o louvor devido a
Deus. Para isso fomos criados; para isso
nascemos; para isso existimos: para adorar ao Senhor! No seu Hino Cristológico Paulo declara que o
destino de todo ser humano é confessar que Jesus Cristo é Senhor para a glória
de Deus Pai (Fl 2:11). E nesta
celebração devemos atrair mais e mais pessoais para juntos proclamarmos a
glória de Deus. O nosso louvor neste
tempo deve ser contagiante, atraente.
Embora tenha como alvo primordial a exaltação do nome do nosso Senhor,
porém, deve anunciar as grandezas daquele que nos salvou e conclamar todos os
habitantes da terra a aclamar ao Senhor (Sl 100:1).
Assim é
que podemos considerar como uma igreja verdadeiramente missionária aquela que
reconhece e cumpre a sua missão, celebrando as ordenanças deixadas pelo Mestre,
reconhece o senhorio de Cristo e presta o louvor devido a Deus, fazendo
discípulos. Que nos faça desta maneira o
Senhor. Amém.
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