terça-feira, 19 de julho de 2016

UMA IGREJA MISSIONÁRIA

A Teologia clássica aponta como sendo tríplice a missão da Igreja: a) Celebrar corretamente as ordenanças; b) Reconhecer o senhorio de Cristo e c) Prestar o louvor devido a Deus.  Observando cuidadosamente cada um destes aspectos em separado haveríamos de perceber que elas trazem nuances desafiadoras de per si para a vida eclesiástica.  Contudo nesta reflexão gostaríamos de abordá-los como sendo uma resposta única ao desafio missionário dado pelo fundador da igreja aos seus seguidores: “Vão e façam discípulos...” (Mt 28:19).
Inicialmente, uma ressalva ainda se mostra imperiosa ser feita.  A igreja fundada por Cristo vive no mundo (Jo 17:15) e por isso deve cumprir obrigações regulares e legais diante dos poderes constituídos para este tempo presente. 
Voltando a Teologia clássica: Somos cidadãos de duas pátrias e temos obrigações com ambas.  Ou seja, vivendo no Brasil, temos obrigações com as leis e os institutos do direito brasileiro – isto já mereceria um estudo e uma reflexão mais acurada.  Mas a igreja não é e nem pode se portar como uma instituição ou organização secular qualquer pois a sua missão ultrapassa os ditames das leis seculares que a governa.  E é isto que nos interessa nesta reflexão: uma igreja missionária é aquela que faz sobressair a sua vocação espiritual sobre qualquer empreendimento temporal.
Voltemos a tríplice missão da igreja analisada sob a ótica do discipulado. 
Cumpre-nos como Igreja de Cristo celebrar corretamente as ordenanças deixas pelo Mestre.  Aqui entendemos Batismo e Ceia do Senhor. E somente as suas citações já nos apontam ao discipulado.  A missão da igreja de celebrar o batismo como o testemunho daquilo que já foi operado no interior do ser humano desafia-nos a apresentar a Cristo como a única solução para o destino final de homens e mulheres (At 16:31).  As águas do batismo devem ser ministradas àqueles que já confessaram a Cristo como seu Salvador e Senhor; por isso celebrar corretamente o batismo implica necessariamente em apresentar a Cristo às nações.  Sem discipulado verdadeiro, não pode a igreja celebrar batismo corretamente.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, a Ceia do Senhor é o congraçamento e a celebração da obra savífica de Cristo na cruz do calvário.  Quando a igreja se reúne para comer do pão e beber do cálice, ela relembra em temor e reverência tudo o que Cristo Jesus passou para a nossa redenção.  E sobre isso o apóstolo Paulo é bem enfático no que se refere à celebração da Ceia do Senhor como parte da missão da igreja.  Comer do pão e beber do cálice como celebração apropriada da missão da igreja só acontece quando tal celebração está envolvida no anúncio da morte de Cristo e na espera ansiosa da sua volta (1Co 11:26).  Ou seja, sem o discipulado a refeição não pode ser considerada celebração cristã; e vai além, sem o anúncio, o pão e o vinho pode nos tornar culpados pelo corpo e sangue de Cristo (1Co 11:29).
O segundo aspecto da tríplice missão da igreja e o reconhecimento de Cristo como Senhor absoluto da igreja.  Apresentando-se como a Videira verdadeira, Jesus destacou que havia escolhido seus discípulos e os nomeado para que produzissem frutos permanentes.  Nisto está a essência da submissão ao Senhor.  Ele nos deu uma tarefa para a qual fomos especialmente nomeados: produzir frutos, fazer discípulos e que estes discípulos se tornem permanentes e produzem sempre mais discípulos.  A igreja cumpre sua missão em reconhecer o senhorio absoluto de Cristo em sua vida quando cumpre fielmente a sua incumbência, produzir frutos; produzir mais discípulos.
Finalmente, a último aspecto da missão da igreja consiste em prestar o louvor devido a Deus.  Para isso fomos criados; para isso nascemos; para isso existimos: para adorar ao Senhor!  No seu Hino Cristológico Paulo declara que o destino de todo ser humano é confessar que Jesus Cristo é Senhor para a glória de Deus Pai (Fl 2:11).  E nesta celebração devemos atrair mais e mais pessoais para juntos proclamarmos a glória de Deus.  O nosso louvor neste tempo deve ser contagiante, atraente.  Embora tenha como alvo primordial a exaltação do nome do nosso Senhor, porém, deve anunciar as grandezas daquele que nos salvou e conclamar todos os habitantes da terra a aclamar ao Senhor (Sl 100:1).
Assim é que podemos considerar como uma igreja verdadeiramente missionária aquela que reconhece e cumpre a sua missão, celebrando as ordenanças deixadas pelo Mestre, reconhece o senhorio de Cristo e presta o louvor devido a Deus, fazendo discípulos.  Que nos faça desta maneira o Senhor.  Amém.

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