sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

PERGUNTAS QUE PRECISAM DE RESPOSTAS

Antes dos feriados de fim-de-ano dei uma passada na casa dos meus pais.  Vou lá com frequência.  Sempre aproveito para dar uma olhada no que restou de sua biblioteca.  Sobre ela – a biblioteca – lembro que na minha infância ela enchia tudo um cômodo.  Hoje, por razões variadas, não ocupa mais que uma pequena estante, meio que esquecida, em um canto do quarto.
Lá não há mais muitas novidades, mas eu gosto de buscar velhas letras.
Só que não é sobre a biblioteca e os velhos livros que eu quero compartilhar.  O que me chamou a atenção foi um título de Philip Yancey: "Perguntas Que Precisam de Respostas".  E considerando os outros tomos que o ladeavam naquela estante, a edição é consideravelmente nova (uma cópia da segunda edição de 2003).
Como de costume, deixei-me levar pela experiência sensorial.  Folheei, observei a figura da capa, senti-lhe o tato, o cheiro.  Depois destes sentidos primários, entreguei o volume ao lado racional.  Li a contracapa, as orelhas, os dados da catalogação e o índice.
Primeiras percepções.  O título da edição em português nada tem a ver com o original em inglês – lá é I Was Just Wondering (minha opção de tradução seria: Eu Apenas Queria Saber).  Já no final da leitura descobri de onde tiraram o título.  A introdução da sexta e última parte termina com as palavras:
Eu só queria saber...
São perguntas que precisam de respostas.
E na orelha do livro encontrei a descrição do que se trata o livro: "Esse livro é uma coletânea de artigos publicados na revista Christianity Today".
Mais.  A primeira edição americana é de 1989 e a brasileira de 2001.
Então resolvi levar e ler.  O que revelou-se uma excelente leitura – o que seria natural em se tratando de Yancey – não apenas como passatempo de natal mas principalmente como estímulo à reflexão teológica e cotidiana.  Coisa que a igreja precisa fazer de maneira constante e saudável.  E antes de recomeçar as lidas de 2016 já tinha concluído 190 páginas de leitura.
O livro em si está subdividido em seis partes.  Antes porém, no prefácio, Philip Yancey discorre de maneira magistral sobre o ato de escrever em si e de como ele encara o desafio.  Bom começo.
Vamos lá: a primeira parte trata da vida com Deus e reúne reflexões que primariamente têm como ponto de partida a própria Bíblia.  As propostas de leitura que Yancey faz dos temas e nas metáforas bíblicas com certeza ajudam a fomentar uma leitura menos quadrada do texto cristão.  E ao longo do texto várias análises de autores clássicos a cristãos enriquecem as referências.
As páginas se sucedem e a atração das letras só se reforça até que chego à ultima parte que pretende dar atenção ao animal humano, abordando assuntos que vão da crise da meia-idade à questão das piadas sujas e o problema do prazer, quando ele questiona: Por que o sexo é uma fonte de prazer? Por que comer acarreta prazer? Por que existem cores? De onde vem o prazer? Ao que ele confessa: ainda estou à espera de uma boa explicação que não inclua a palavra Deus.
Realmente uma excelente maneira de terminar 2015 e começar 2016.  Eu recomendo.


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