terça-feira, 22 de dezembro de 2015

OH NOITE SANTA!

Pequena vila de Belém
Repousa em seu dormir
Enquanto os astros lá no céu
Estão a refulgir
Esta é uma das primeiras lembranças que tenho de celebração do Natal.  Não lembro exatamente o ano, mas sei que não tinha ainda oito ou dez anos de idade.  Perfilado no coro infantil, no velho santuário de nossa igreja, vestido com uma pequena beca que cobria os ombros e torço de vermelho e verde, cantei solene e respeitosamente a minha primeira canção de natal.
Já disse em outras ocasiões que o Natal não é a festa que mais me empolga (reveja aqui), mas com certeza não foi pela canção – essa é uma recordação que guardo com carinho.
Entre as várias características mais marcantes do Natal, e de sua celebração entre nós, estão as diversas músicas que dão o tom à festa.  De origens diversas quanto ao lugar e época, elas são uma tradição à parte.  Sei que há aquelas que apenas falam do tal espírito natalino ou coisas parecidas (junto elas às chatices da época).  Mas há as verdadeiras canções de Natal, aquelas que nos falam do inusitado evento de Belém e tudo o que aquilo representa para a nossa história – a história humana – e para nossa alma.  Cristo nasceu no Natal.
Penso que, entre todas, a mais tradicional canção de Natal é Noite de Paz (no original em inglês Silent Night) – todo mundo já cantou.  E não seria exagero dizer que sua melodia se mistura de maneira única com o Natal.
Eu penso, porém, que uma outra música, também tradicional, representa melhor o verdadeiro significado da celebração natalina: Oh Noite Santa! (no original francês Cantique de Noël).
Alguns dados sobre a canção: segundo achei na wikipedia o "Cantique de Noël" foi composta por Adolphe Adam para um poema francês intitulado "Minuit, Chrétiens" (Meia-noite, Cristãos) por um comerciante de vinhos e poeta chamado Placide Cappeau.
Ainda na página da internet, conta-se que em Roquemaure/França, no final do ano de 1843, o órgão da igreja havia sido reformado e para comemorar o evento, o pároco local JS Dwight pediu a Cappeau para escrever um poema de Natal.  Cappeau fez isso, apesar de ser um anticlerical professo e ateu.  A canção foi então estreada em Roquemaure em 1847 pelo cantor de ópera Emily Laurey.
Depois dali, incontáveis outros arranjos já foram feitos.
Mas não são estas informações históricas que fazem dela a tão significativa representação do Natal como celebramos.  É sua combinação muito bem ajustada entre elementos musicais e letra. 
A partitura indica o andamento: andante maestoso.  É neste movimento majestoso que se começa cantando sobre a noite solene quando Deus desceu como homem para estar entre nós.  Um convite à reflexão, contrição e devoção.  A canção segue nos lembrando que a criança naquele berço veio para expurgar a mancha do pecado original.
Chegamos então ao momento principal – grandioso – da canção: Noel! Noel! Voici le Rédempteur! (Natal! Natal! Eis aqui o Redentor!).  As notas agudas propostas para o trecho nos apontam para uma efusão de louvor e exaltação ao Redentor Cristo que nasceu no Natal. 
Diante do Rei dos reis que nasceu em uma manjedoura humilde inclinamos nossas cabeças em reverência, mas somos chamados a, de pé, cantarmos com júbilo ao Redentor.
Oh Noite Santa!  Este é o Natal.

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