Se você não nasceu ou morou por estes lados, talvez não saiba o que é cuscuz. Então deixe-me lhe dar uma dica – tentando explicar para quem nunca viu ou experimentou: cuscuz é uma espécie de bolo, feito com farinha de milho em banho-maria (acho que o nome é esse). Em geral se come acompanhado, salgado ou doce, mas que é bom de todo jeito.
Talvez esta não seja a melhor definição
gastronômica da iguaria, mas, como toda comida que se preze, não cabe nas
especificações técnicas. Só comendo.
Então vamos começar de novo: se você nasceu ou
morou por estes lados, com certeza você conhece cuscuz. E sabe que ele é bom.
Cuscuz é comida nossa. É coisa que pode ser achada todo dia em casa
de sergipano. Na casa do mecânico e no
apartamento da doutora. Tem gente que
come só com manteiga, outros com carne de sol.
Uns gostam de juntar com leite, outros preferem cobri-lo com ovos. Pode ser servido no café-da-manhã, acompanhar
o feijão no almoço, e ainda como prato principal da janta. E sempre fornece sustância para todo mundo. E me disseram que até já consta dos cardápios
de restaurantes chiques! O que não muda a essência: cuscuz é comida básica do
nosso povo.
Antigamente se fazia cuscuz ralando o milho e
deixando o farelo cozinhar enrolado num pano.
Hoje é muito fácil achar a massa pronta em qualquer supermercado – e tem
de toda qualidade – para preparar rapidamente um bom e nutritivo cuscuz. E o nobre alimento continua sua missão de
sustentar o povo.
Então eu paro e observo o cuscuz e não é difícil
perceber que ele serve muito bem como parábola que nos descreve. Sem muita definição, somos o que somos. E antes de qualquer elaboração teórica,
estamos aí. Assim como o cuscuz, que
independente de pressupostos nutricionais ele está aí, presente na mesa.
Mas as comparações não param só nisso. Somos feitos de massa simples. Foi preciso também ralar um pouco e com um
pouco de água fomos colocados em banho-maria e a vida bem devagar vai nos
cozinhando e nos fazendo ser o que nos tornamos.
Cuscuz na mesa, a arte culinária encontra seu lugar. Um ovo mexido, um leite quente derramado em
cima, quem sabe um pouco de charque. Ou,
se preferir, leite de coco que também fica maravilhoso. Tudo combina com o simples cuscuz e enriquece
o prato, mas nada muda sua essência: é a nossa comida de todo dia.
Nós somos assim.
A vida nos fez. E são os
acompanhamentos que colocamos que acrescentam sabor e saber a ela. Somos tudo isso e nada mais que isso. Massa feita gente, e as misturas que a
caminhada da existência nos acrescenta podem até dar um gostinho próprio a qualquer
um, mas não muda o que realmente somos: humanos.
E o cuscuz me traz a lembrança o poema sagrado da
criação: Deus formou o ser humano do pó da terra e cobriu com a sua imagem
(confira em Gn 1:26). Massa simples com
cobertura diferenciada.
E como o salmista também não conhecia cuscuz, ele
não o usou como parábola da vida humana – mas bem que poderia. Veja o que ele disse:
Quando contemplo os teus céus, obra
dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, pergunto: Que é o homem,
para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele te
preocupes?
Tu o fizeste um pouco menor do que os
seres celestiais e o coroaste de glória e de honra.
(Sl 8:3-5 NVI)
(Sl 8:3-5 NVI)
Nesta vida, sei que não passo de cuscuz. Mas, ainda bem que Deus colocou coisa boa
sobre mim e por isso eu o louvo.
Disponível no:
Conheça também
outros livros:
TU ÉS DIGNO – Uma leitura de Apocalipse
DE ADÃO ATÉ HOJE – Um estudo do Culto Cristão
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