Conhece-te a ti mesmo! –
assim aconselhava Sócrates. Deste
conselho constatamos a tamanha dificuldade de se conhecer este eterno ser
ambíguo: misto de força e fraqueza,
grandeza e pequenez. Durante a história
da humanidade muitos tentaram defini-lo.
Para Jean-Paul Sartre o homem é
uma merda pensante, enquanto que para Nietzsche o homem é uma corda amarrada entre o animal e o além-do-homem, uma
corda sobre o abismo.
Deste
último conceito podemos perceber o caráter biológico
do ser humano que, como animal, sente as mesmas necessidades orgânicas dos
outros animais. Mas não se limita a
isso: o ser humano também tem a capacidade de escolha e autoconsciência, o que
demonstra que ele é um ser psicológico. Sendo capaz de escolher e fazer sua própria
história, o ser humano se vê frente a possibilidade do erro, o que o colocaria
no abismo, mas a sua capacidade de se responsabilizar pelas suas decisões
demonstra que é um ser moral. Tal moralidade apresenta-se contudo na
sociedade, pois ninguém é uma ilha –
logo, o ser humano é sem dúvida também um ser social.
Mas é
próprio do ser humano o transcender, projetar o futuro e contemplar o além-do-homem. Questionando e respondendo, o ser humano
exercita o seu caráter filosófico e
em se relacionando com o absoluto – Deus – mostra-se como ser teológico. Ser que adora, único entre as criaturas!
E assim
a Bíblia nos apresenta o ser humano.
Criado a imagem e semelhança do próprio Deus (Gn 1:26-27), com
capacidade de autodeterminação e de dominação sobre as outras coisas e seres
criados, o ser humano é a Imago Dei.
Mas a
questão se levanta: diante da grandeza infinita de Deus, que é o homem para que
Deus se lembre dele? O salmista então
poeticamente responde afirmando o ser humano como coroa da criação, obra-prima
de Deus, criatura com a qual o Criador se relaciona pessoalmente (Sl 8).
Criado
com o objetivo de se relacionar com Deus, contudo, homens e mulheres podem usar
a sua vontade própria para dizer não a Deus.
Distanciado de Deus, o ser humano perde então o seu caráter nobre da
criação, escolhendo para si a autodestruição.
Neste
caso, Deus prova o seu amor para conosco em ter Cristo morrido por nós sendo
nós ainda pecadores (Rm 5:8), restabelecendo assim dentro do ser humano a
imagem maculada pelo pecado. Em Cristo a
criatura se refaz como novidade de vida, voltando ao seu estado primeiro de
imagem límpida de Deus (2Co 5:17).
Glória e vergonha do universo –
segundo Pascoal. Ser que se
relaciona. Ser potencialmente
ambivalente. O ser humano é, porém,
acima de tudo, o sujeito de sua história e objeto do amor divino.
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