terça-feira, 28 de julho de 2015

O QUE É O HOMEM?

Conhece-te a ti mesmo! – assim aconselhava Sócrates.  Deste conselho constatamos a tamanha dificuldade de se conhecer este eterno ser ambíguo:  misto de força e fraqueza, grandeza e pequenez.  Durante a história da humanidade muitos tentaram defini-lo.  Para Jean-Paul Sartre o homem é uma merda pensante, enquanto que para Nietzsche o homem é uma corda amarrada entre o animal e o além-do-homem, uma corda sobre o abismo.
Deste último conceito podemos perceber o caráter biológico do ser humano que, como animal, sente as mesmas necessidades orgânicas dos outros animais.  Mas não se limita a isso: o ser humano também tem a capacidade de escolha e autoconsciência, o que demonstra que ele é um ser psicológico.  Sendo capaz de escolher e fazer sua própria história, o ser humano se vê frente a possibilidade do erro, o que o colocaria no abismo, mas a sua capacidade de se responsabilizar pelas suas decisões demonstra que é um ser moral.  Tal moralidade apresenta-se contudo na sociedade, pois ninguém é uma ilha – logo, o ser humano é sem dúvida também um ser social.
Mas é próprio do ser humano o transcender, projetar o futuro e contemplar o além-do-homem.  Questionando e respondendo, o ser humano exercita o seu caráter filosófico e em se relacionando com o absoluto – Deus – mostra-se como ser teológico.  Ser que adora, único entre as criaturas!
E assim a Bíblia nos apresenta o ser humano.  Criado a imagem e semelhança do próprio Deus (Gn 1:26-27), com capacidade de autodeterminação e de dominação sobre as outras coisas e seres criados, o ser humano é a Imago Dei
Mas a questão se levanta: diante da grandeza infinita de Deus, que é o homem para que Deus se lembre dele?  O salmista então poeticamente responde afirmando o ser humano como coroa da criação, obra-prima de Deus, criatura com a qual o Criador se relaciona pessoalmente (Sl 8).
Criado com o objetivo de se relacionar com Deus, contudo, homens e mulheres podem usar a sua vontade própria para dizer não a Deus.  Distanciado de Deus, o ser humano perde então o seu caráter nobre da criação, escolhendo para si a autodestruição. 
Neste caso, Deus prova o seu amor para conosco em ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8), restabelecendo assim dentro do ser humano a imagem maculada pelo pecado.  Em Cristo a criatura se refaz como novidade de vida, voltando ao seu estado primeiro de imagem límpida de Deus (2Co 5:17).
Glória e vergonha do universo – segundo Pascoal.  Ser que se relaciona.  Ser potencialmente ambivalente.  O ser humano é, porém, acima de tudo, o sujeito de sua história e objeto do amor divino.

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