terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Parábola das coisas – A BICICLETA




Lembro-me bem de um grande amigo que tive na infância e adolescência que repetia como um jargão: – Viver é igual a andar de bicicleta.  Se parar, cai!  Lembro também que para a nossa idade na época, parecia até um ensaio de um aforismo profundo.  Mas como ele repetia com frequência, e muita vezes de forma aleatória e sem conexão com contexto algum, a frase se desgastou.
Mas de tanto ser dita, ficou na memória.  Tanto é que ainda hoje eu consigo lembrar dela e do seu autor.
Outro detalhe da lembrança é o fato de a bicicleta ser companheira constante.  Por um período, foi o transporte que me levou para a escola.  Saía montado nela com a turma da igreja – a minha turma.  Fui a praia, ao parque e outros destinos montado em sua cela.  Inventei.  Cresci.  Vivi.  Aproveitei.
Hoje ainda tenho uma em casa e ela por vezes me cobra novamente um passeio.  Confesso que vontade até tenho, mas...
Então, a turma de hoje se rendeu aos falares de fora e a chamam de bike – e ainda acham chique!  Sei não! Acho besteira.  Falta história.  Falta memória.  Falta identidade.  Para mim aquela coisa com duas rodas tem que se chamar bicicleta porque é desse jeito que me evoca significado.
Aguça lembranças de um tempo de brincadeiras e estudos, de sonhos fugazes – ou outros mais ao alcance do guidão.  De um tempo que se andava porque queriam chegar e se corria por sobrava energia.
— E o pior é que começo a desconfiar que hoje corremos porque precisamos chegar e andamos pois já nos falta energia!
Mas a verdade é que a lição ficou.  A despeito de tudo; a despeito da agenda mais alheia que minha; a despeito do inevitável peso dos janeiros; a despeito do caos das vias públicas; sim, apesar disso, a lição realmente ficou: viver é igual andar de bicicleta.  Se parar, cai!
E assim, continuo pedalando a vida, nunca me esquecendo de fazer minhas as palavras apostólicas com coragem e determinação de ciclista: "Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus"  (Fl 3:14).

— Eh! Se parar, cai!

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4 comentários:

  1. Minha analogia,
    viver é como andar de bicicleta,depois da primeira queda outras a sucederão,mesmo que o intervalo entre elas seja maior.

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    1. Boa Felipe,
      Sua analogia completou de maneira apropriada a parábola.
      Abs

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