Nos
finais de suas cartas, o apóstolo Paulo sempre aproveita para fazer algumas
considerações finais – naquilo que eu chamaria de bilhetes de encaminhamento –
através das quais apresenta recomendações, manda recados, dá instruções e faz
pedidos; sempre num tom pessoal. São
nestes bilhetes que o teólogo dá lugar ao homem, e o doutrinador ao irmão.
Isto é
o que ocorre com a primeira carta aos coríntios. Mantendo seu estilo peculiar,
Paulo enxerta algumas recomendações em forma de frases rápidas como quem quer
dizer: no meio disso tudo – na sua vida cotidiana – façam a diferença (os
versos são 1Co 16:13-14). Assim, também
quase que só citando, vejamos o pedido pessoal do apóstolo para a igreja de
Deus que está em Corinto.
– Estejam vigilantes. Para se fazer
diferença no mundo em que se vive é preciso estar vigiando, estar alerta,
pronto para agir com destreza e habilidade (o próprio Paulo cita a sobriedade
em 1Ts 5:6 – sobre orar e vigiar leia Mc 13:33).
– Mantenham-se firmes na fé. Alguns
princípios de nossa fé nos são fundamentais; servem como alicerces para tudo o
que cremos e fazemos. É preciso estar
bem apoiado neles (ainda é o apóstolo que se recusa a reconhecer um outro
fundamento além de Cristo em 1Co 3:11).
– Sejam homens de coragem. Covardia e
temor não condizem com uma conduta cristã contundente. É preciso mostrar coragem verdadeira para
viver de modo digno do evangelho (em Paulo leia Fl 1:27 e no AT a história da
luta do general Joabe contra os amonitas e seu desafio em 2Sm 10:12).
– Sejam fortes. É quase o mesmo
raciocínio que os anteriores, mas deve ser lembrado que firmeza e coragem sem a
devida dose de força e tenacidade pode levar uma luta à derrota. Para fazer diferença como cristão tem que se
valer de uma considerável força espiritual (veja que a apresentação da armadura
do cristão em Ef 6:10 se inicia com um desafio ao fortalecimento).
– Façam tudo com amor. Este é o
coroamento de toda vivência cristã relevante. Nada de nossa vida e experiência é tão
imprescindível quanto isto! O amor é o que nos faz ser o que somos (Jesus disse
em Jo 13:35). O amor é o vínculo perfeito que nos une (Paulo em Cl 3:14). E,
sem dúvida, o amor é o que deve permanecer entre nós (nas palavras do texto aos
Hb 13:1).
Consideremos
com a atenção devida as considerações apostólicas. Façamos a diferença e
vivamos a relevância do evangelho em nossa vida.
(Texto revisado da publicação original no
sítio http://ibsolnascente.blogspot.com.br em 27/02/2009)
A grande questão meu amigo é que muitas vezes a teologia não dá lugar a humanidade e nem a doutrina a irmandade e mais... tem gente que esquece que o contexto da diferença é a vida e não a religião! Bom texto.
ResponderExcluirQuerido, bom comentário! Quando a teologia tem si mesma a sua finalidade ela se esvazia e perde razão de existir. E digo mais, se o cristianismo não for além da ortodoxia nunca seguirá os passos do Encarnado. Penso que este conceito básico dá sustentação às palavras de Paulo a Filemon: "embora possa ordenar, eu prefiro confiar no teu amor".
ExcluirQuerido, neste ponto eu me empolgo... há campo para rica e profunda reflexão e para um bom papo entre irmãos. E eu gosto de fazer as duas coisas. Quem sabe, possamos fazer isto juntos?
Um abraço.