sexta-feira, 13 de maio de 2011

CEAI COMIGO

Depois de mais de uma dezena de anos no exercício do pastorado, o Senhor me convocou e trouxe de volta à PIBA (já comentei sobre isso em "voltei a escrever").  Aqui tenho vivenciado algumas experiências renovadoras para as quais eu realmente já não estava acostumado.  Realmente há uma nova configuração do ministério pastoral e com ela, novas lições a serem aprendidas, além de algumas outras velhas lições sobre o Reino de Deus que necessitavam ser reafirmadas.  Deus bem o sabia.
Algumas destas vivências estão no contexto da celebração da Ceia do Senhor – e como gosto de celebrá-la. 
Mas antes de prossegui nesta trilha, deixe-me justificar o título.  A expressão ceai comigo não se encontra, nesta forma, citada na narração dos evangelhos, contudo o convite até intimista de Jesus aos seus discípulos naquela noite pascal parece indicar que o Mestre nos convida a sentar à mesa já posta para com ele cear.  Assim, pelo menos duas experiências revigorantes depois de mais de uma dezena de anos celebrando a Ceia do Senhor fizeram novamente ecoar em mim o convite: ceai comigo.
Auxiliando o ministério da Igreja, o Senhor me levou a ministrar a Ceia e celebrá-la em pequenas comunidades, algumas vezes com menos de uma dúzia de fieis juntos.  Sem a pompa e o glamour das catedrais e metrópoles, mas com a certeza da presença real de Cristo na reunião (lembre que ele prometeu em Mt 18:20).
Pois tem sido no meio de congregações onde oficiar a Ceia se faz ao som de cânticos sem refinamento técnico-musical, distribuir os elementos mais parece um compartilhar dos mistérios sagrados; e onde os paramentos eclesiásticos dão lugar à espontaneidade da liturgia e dos atos de culto; tem sido ali que Deus tem me feito lembrar que o seu Reino não consiste no comer ou desfrutar dos luxos ou confortos da modernidade (Rm 14:17 grita este conceito).
Como tem sido maravilhoso comer e beber a Ceia na companhia dos privilegiados do Pai.  Aqueles em cuja simplicidade Deus tem feito manifesta sua glória!
Outra experiência significativa, depois de uma dezena de anos, foi celebrar a Ceia do Senhor no imponente templo da sede só que sentado entre os cultuantes e não posto no altar oficiando a cerimônia – veja que isso não é comum para um pastor no exercício de sua função.  Mas como foi bom receber passivamente os elementos enquanto a ceia se desenrolava (a associação foi direta a Jo 10:15 e a doação voluntária de Cristo).
É claro que o inusitado de receber em vez de oficiar me fez aflorar a certeza que na Ceia eu estou celebrando o cuidado e a provisão divina tanto no processo de salvação em si quanto na santificação do cotidiano (penso que o Sl 23 soa melhor nestes acordes).
Ali no meio do povo, celebrei a Ceia do Senhor como quem ouve a aceita o convite do Pai para se juntar à mesa sagrada.  Como foi aconchegante aquele momento!
 É desta forma que o Senhor sussurra o seu convite: ceai comigo.  Venha sentar-se em meio à simplicidade e cercado de carinho e cuidado na sua mesa.

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