Chegando
à época das festas, é quase que obrigação – ou padrão pelo menos – que se fale
de celebração, amor, confraternização – o Natal. O clima toma conta do ar. Mesmo para aqueles que não se sentem muito
confortáveis neste período, é difícil, quase impossível, se manter indiferente:
a decoração nas casas e comércio, as campanhas publicitárias, as festinhas de
confraternização, as programações eclesiásticas. Tudo compõem para o cenário.
Então,
aproveitando o ensejo, e já como que conduzido pela ambientação natalina, eu me
dei a liberdade de relembrar os anos de magistério teológico quando geralmente
iniciava as aulas sobre Jesus Cristo com três perguntas básicas: Uma – quando Jesus nasceu? Duas – onde
Jesus nasceu? Três – por que Jesus nasceu?
O texto
sagrado diz que o Verbo se fez carne e habitou entre nós (confira em Jo
1:14). Esse é o ponto de partida
necessário para toda compreensão da encarnação – e também uma excelente
configuração para dar sentido ao natal.
Vamos
lá pensar no tema proposto:
1. Quando Jesus nasceu?
Para
esta primeira pergunta, em geral deixava a turma se soltar um pouco. Sempre tinha aqueles que se mostravam entendidos e traziam respostas sobre a
datação dos festejos natalinos e tal...
Ao
retomar a palavra, eu oferecia duas respostas simples. De um ponto de vista histórico, ou
cronológico, Jesus nasceu no primeiro século da era cristã – óbvio! – quando
Julio César era imperador de Roma e Herodes era rei-vassalo em Jerusalém.
Mas
esta não é a resposta principal. A
Bíblia fala em plenitude dos tempos (leia em Gl 4:4). Isto sim é importante!
Numa
visão geral do que Paulo diz, significa que Jesus nasceu quando tudo já estava
no lugar devido para que sua missão alcançasse o maior êxito possível. Era o tempo apropriado e determinado pelo
próprio Pai para que se desse a encarnação do Filho.
Além do
que, Deus preparou tudo para que nenhum detalhe das profecias falhasse. Assim, nem antes nem depois do tempo certo:
no tempo de Deus.
2. Onde Jesus nasceu?
Bem, aí
eles já estavam mais ressabiados e se motivavam em citar referências
geográficas da Palestina, cidades como Nazaré e Belém. Lembro vez ou outra ouvir comentários sobre a
encarnação se dá especificamente no ventre da virgem – isso é bonito; está
certo; e até dá caldo teológico!
E, sem
desmerecer nenhuma desta respostas, acrescentava o que a Bíblia diz: Deus
enviou seu Filho ao mundo (palavras de Jo 3:17). A encarnação se dá no mundo. Mas não um mundo apenas físico, topográfico,
planetário. Nem ao menos um mundo ideal
como pensado e criado por Deus no princípio; um mundo mexido e remexido por
homens e mulheres, um mundo humano.
Deus se
fez carne em Jesus para viver no mundo do jeito em que nós estamos, o nosso
mundo, com todas as mazelas com as quais construímos nossa história. Ele veio me encontrar exatamente onde eu
estou.
3. Por que Jesus nasceu?
Aqui a
confusão entre para que – objetivo –
e por que – motivação – sempre
pareceu inevitável. Não vou tentar desentranhar
esse nó.
Então,
depois de alguma discussão sobre pecado, necessidade de remissão, plano de
salvação, coerência profética e outros temas de profundidade teológica, se
fazia necessário uma ajuda:
— A resposta mais certa é a mais
simples! Não compliquem!
A encarnação
aconteceu e Jesus nasceu simplesmente porque ele quis!!!
Deus
podia ter feito tudo diferente: remissão, salvação, profecia. Mas escolheu por que quis demonstrar sua
graça, misericórdia e amor desse jeito.
A encarnação é, em sua maior essência, a manifestação da absoluta
vontade divina. Sua soberania. Seu senhorio inquestionável.
E não
me venha falar em cumprimento obrigatório de sua palavra. Ele também falou por que quis!
A encarnação
é o querer de Deus se mostrando histórico e relevante para a humanidade em
geral e significativo para mim, apenas um homem. Deus me ama livre e soberanamente e o demonstrou
de maneira inequívoca na encarnação.
É isso que
celebramos no natal. É isso que os anjos
cantaram aos pastores de Belém.
... e vimos a sua glória como a glória do unigênito do Pai, cheio de
graça e verdade.
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