O texto
do Novo Testamento nos diz que Jesus orou e ensinou os seus discípulos a
orar. Seguindo os ensinamentos do Mestre,
a igreja primitiva orou santificando o Pai, suplicando pelo Reino e pelo pão
cotidiano, pedindo perdão por pecados e ansiando por livramento do mal. Em suas liturgias e devoções, os primeiros
cristãos se voltaram a Deus-Pai e daí tiraram a inspiração para sua
religiosidade e praxes.
Quanto
à exaltação triunfante da doxologia final da Oração do Pai-Nosso ensinada por
Jesus, tudo leva a crer que o próprio Jesus, naquele contexto, não proferiu
aquelas palavras; isto é o que indica a sua ausência no texto paralelo (Lc 11)
e a omissão em alguns documentos significativos que testemunham a tradição
evangélica. Mas o fato de estar presente
em outros escritos já desde o segundo século, leva-nos a compreender que os
próprios cristãos, provavelmente ainda misturados nas sinagogas e por ela
influenciados, justapuseram as palavras que hoje podem ser encontradas em algumas
versões de Mt 6:13.
A
constatação de que certamente o Jesus histórico não ensinou a orar com a
doxologia não prova que em outro contexto os discípulos não tenham ouvido da
boca do próprio Cristo tais palavras – suposição sem qualquer referência histórica
e que nada diz sobre o uso na Igreja.
Parece-nos certo contudo que, assim como hoje, o cristianismo primitivo
se afeiçoou mais da versão de Mateus do que da de Lucas, a usou com mais frequência,
e viu nela o contexto ideal para a exaltação doxológica que hoje encerra a
Oração.
Talvez
tomando como exemplo textos como 1Cr 29:11 e toda tradição judaica, os cristãos
se deram a liberdade – com a aquiescência do redator evangélico ou não – de
orar exaltando o Pai e reconhecendo que dele é o reino, o poder e a glória para
sempre. Pareceu a eles, como parece a
nós hoje, que assim a Oração ficaria “composta”.
Diante
disto, e tomando como base a tradição cristã à qual nos referimos acima,
parece-nos adequado continuar orando para que venha sobre nós o Reino que
pertence ao próprio Pai, para que possamos ser livres do mal no poder de Deus e
para que ele seja santificado em glória.
Ensinado pelo próprio Jesus histórico ou não, a doxologia já faz parte
de nossa tradição evangélica e, neste caso, uma feliz e acertada tradição, que
convém ser respeitada e mantida, mesmo porque não fere em nada as intenções
explicitadas pelo Mestre que ensinou a orar.
... por que dele é
o reino,
o poder
e a glória,
para sempre.
Amém!
o reino,
o poder
e a glória,
para sempre.
Amém!
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