Terminei este final de semana de
ler o livro do Tostão: A Perfeição Não
Existe. Logo que eu o vi numa
livraria aqui em Aracaju em 2012 eu o comprei e desde então venho lendo aos
pouquinhos – como doses homeopáticas receitadas pelo Dr. Eduardo Gonçalves de Andrade.
Eu não tive o privilégio de ver
Tostão jogando futebol – quando eu comecei a me interessar pelo ludopédio, lá
pelo final dos anos 1970, ele já não frequentava os gramados – ficou o mito.
E com essa referência tomei o volume
na livraria e resolvi me dar à sua leitura, já ali em pé mesmo.
Mas quem é Tostão? O jornalista Juca Kfouri, que prefaciou o
livro, assim o descreve:
Tostão foi um dos maiores craques que eu já vi. E ele escreve como jogava. Também em suas crônicas, consegue enxergar o
que nós nem suspeitávamos e resolve tudo com simplicidade minimalista e
delicadeza tocante.
O livro é uma "seleção das
colunas publicadas na Folha desde
2000". Mas como também não tive a
oportunidade de ler no veículo original, para mim, todas eram inéditas.
E as li com gosto. Então por que só terminei agora?
Como disse, os olhos percorreram
as primeiras linhas ainda na livraria, só que a citação das pílulas
homeopáticas, lá no primeiro parágrafo, foi só para apontar o autor. Na verdade não me pareceu remédio a ser
tomado de forma obrigatória e necessária.
Estava mais para uma caixa de bom-bom que um menino ganha e, para que
não acabe logo, fica se deliciando aos poucos, um a um, os doces. Tentando fazer render o máximo.
Assim eu fui lendo que a perfeição
pode até não existir, mas que com um pouco de simplicidade e uma exorbitância
de genialidade dá para chegar perto.
Coisa que só quem brincou como
menino pode entender.
E entre várias boas tiradas do
Tostão encontrei esta: o supérfluo é
essencial – numa crônica de janeiro de 2009 em que trata de objetivos e
objetividade, citando Millôr Fernandes e Nelson Rodrigues.
Só as companhias já valem o
proseado!
Como pastor e escrevinhador – é
isso que tenho sido – futebol para mim está longe de ser essencial. Mas gosto de ver e ouvir gente que trata o
assunto com profunda seriedade, mas sem nunca esquecer que é apenas futebol.
Tostão fez isso com a maestria que
lhe é devida.
Futebol é realmente supérfluo, mas
tratado como foi, acrescentou muita bagagem em meu repertório cultural e humano. E com ele pude caminhar mais alguns passos.
O próprio Mestre Jesus já havia
ensinado que a vida é mais que o alimento.
Nossa humanidade consiste em subsistência, trabalho, anseios,
expectativas, mas também sonhos, beleza, arte, paixão.
Repito: coisa que só quem, depois
da aula, escolheu correr atrás de uma bola ao invés de um prato de comida sabe
o que é.
Então, que me perdoem a heresia,
mas o futebol bem pode servir de metáfora para isso além de nós, e que nos faz
humanos!
É verdade que futebol não coloca
feijão na minha panela – como de resto para a maioria de nós – mas depois da
magia da bola nos pés de um menino só resta concordar com a verdade que a
perfeição não existe, mas para ser tornar como criança (insisto na citação de
Zc 8:5 e Mt 18:3) é preciso reconhecer que o supérfluo é essencial.
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