Os noticiários nos trouxeram a informação: morreu nesse sábado (19), às 11h50, o
escritor e educador Rubem Alves (www.brasil.gov.br). Nota fria.
Seguiram-se os tradicionais e merecidos obituários, falas de expoentes
da cultura e da religião no Brasil e citações diversas.
Quanto a mim, eu não o conheci pessoalmente e nem
entendo que há algo que, a esta altura, possa ser dito além do já citado. Mas para não deixar passar a ocasião, vão aqui
algumas linhas.
Assumo.
Mesmo sem contato pessoal, recebi influência significativa de suas obras
e ideias. Fui apresentado ao universo de
Rubem Alves quando ainda era um estudante calouro de teologia no Recife (então
tinha meus 17 anos). Todo veterano lia O Enigma da Religião e o discutia, e
poder comentá-lo era como uma senha para adentrar naquele mundo. Li. E
dali emendei logo: O que é Religião?; Dogmatismo
e Tolerância; Creio na Ressurreição do Corpo, O Suspiro dos Oprimidos;
Filosofia da Ciência – ler nunca foi um problema!
Duas citações deste período inicial merecem
destaque: Variações sobre a Vida e a
Morte que até hoje tem um lugar reservado em minhas memórias teológicas; e Os Morangos que me foram dados junto com
outras publicações infantis por uma amiga muito querida e que, na sua
simplicidade, trouxeram-me lições impagáveis – assim penso que era Rubem Alves.
Depois fui conhecendo outras letras, algumas antigas
e outras mais recentes: Da Esperança;
Tempus Fugit; Pai Nosso; O Retorno Eterno; A Gestação do Futuro; Histórias de
Quem Gosta de Ensinar; Poesia Profecia e Magia; O Poeta, o Guerreiro, o Profeta
e mais outras tantas. Além de artigos em
revistas e fragmentos espalhados por aí.
Também não posso me esquecer que foi Rubem Alves
quem me apresentou a personagens como H.
Cox, L. Feuerbach, F. Nietzsche, S. Kierkegaard, além de boas leituras
brasileiras como Clarice Lispector e Guimarães Rosa.
Ainda preciso assumir que, como escrevinhador, seu
estilo sempre foi um bom modelo para mim – sei que estou longe de sequer
imitá-lo. Mas confesso que admiro como
as palavras lhe fluíam, mesmo desconfiando que nem sempre elas chegaram sem um
difícil parto.
E nestas considerações deixo aqui meu
reconhecimento que lá na minha gênese teológica e reflexiva Rubem Alves – mesmo
sem nunca tê-lo visto – teve sua valiosa contribuição.
Agora ele se foi.
E tenho a ousadia de imaginar que Rubem Alves está no Paraíso adorando o
seu Deus lúdico enquanto come caqui e empina pipas.
Que homenagem linda! Eu também não conheci o Rubem Alves pessoalmente e o descobri "tardiamente" (uns dois ou três anos antes de nos deixar), por acaso numa livraria: Comprei um livrinho de bolso (Ao professor, com o meu carinho) e de lá pra cá não parei de lê-lo. Eu sempre gostei de poesias, da natureza, de criança. Mas após o Rubem entrar em minha vida eu fui transformada... Sou grata a Deus por colocar um poeta tão humano em minha vida. Eu também acredito que o Rubem esteja adorando seu Deus, comendo caquis, empinando pipas e se balançando em um balanço feito no troco robusto de um ipê amarelo! E isso me deixa mais feliz, pois a dor de ter tido um educador tão próximo de mim e no ter trocado ideias me deixa um tanto triste.
ResponderExcluirOi Lu, obrigado pela referência. O Rubem realmente foi um Mestre para toda uma geração. Ele se foi mas seus sonhos ainda habitam e inspiram os nossos.
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