sexta-feira, 25 de julho de 2014

TRIBUTO A RUBEM ALVES

Os noticiários nos trouxeram a informação: morreu nesse sábado (19), às 11h50, o escritor e educador Rubem Alves (www.brasil.gov.br).  Nota fria.  Seguiram-se os tradicionais e merecidos obituários, falas de expoentes da cultura e da religião no Brasil e citações diversas.
Quanto a mim, eu não o conheci pessoalmente e nem entendo que há algo que, a esta altura, possa ser dito além do já citado.  Mas para não deixar passar a ocasião, vão aqui algumas linhas.
Assumo.  Mesmo sem contato pessoal, recebi influência significativa de suas obras e ideias.  Fui apresentado ao universo de Rubem Alves quando ainda era um estudante calouro de teologia no Recife (então tinha meus 17 anos).  Todo veterano lia O Enigma da Religião e o discutia, e poder comentá-lo era como uma senha para adentrar naquele mundo.  Li.  E dali emendei logo: O que é Religião?; Dogmatismo e Tolerância; Creio na Ressurreição do Corpo, O Suspiro dos Oprimidos; Filosofia da Ciência – ler nunca foi um problema!
Duas citações deste período inicial merecem destaque: Variações sobre a Vida e a Morte que até hoje tem um lugar reservado em minhas memórias teológicas; e Os Morangos que me foram dados junto com outras publicações infantis por uma amiga muito querida e que, na sua simplicidade, trouxeram-me lições impagáveis – assim penso que era Rubem Alves.
Depois fui conhecendo outras letras, algumas antigas e outras mais recentes: Da Esperança; Tempus Fugit; Pai Nosso; O Retorno Eterno; A Gestação do Futuro; Histórias de Quem Gosta de Ensinar; Poesia Profecia e Magia; O Poeta, o Guerreiro, o Profeta e mais outras tantas.  Além de artigos em revistas e fragmentos espalhados por aí.
Também não posso me esquecer que foi Rubem Alves quem me apresentou a personagens como  H. Cox, L. Feuerbach, F. Nietzsche, S. Kierkegaard, além de boas leituras brasileiras como Clarice Lispector e Guimarães Rosa.
Ainda preciso assumir que, como escrevinhador, seu estilo sempre foi um bom modelo para mim – sei que estou longe de sequer imitá-lo.  Mas confesso que admiro como as palavras lhe fluíam, mesmo desconfiando que nem sempre elas chegaram sem um difícil parto.
E nestas considerações deixo aqui meu reconhecimento que lá na minha gênese teológica e reflexiva Rubem Alves – mesmo sem nunca tê-lo visto – teve sua valiosa contribuição.
Agora ele se foi.  E tenho a ousadia de imaginar que Rubem Alves está no Paraíso adorando o seu Deus lúdico enquanto come caqui e empina pipas.

2 comentários:

  1. Que homenagem linda! Eu também não conheci o Rubem Alves pessoalmente e o descobri "tardiamente" (uns dois ou três anos antes de nos deixar), por acaso numa livraria: Comprei um livrinho de bolso (Ao professor, com o meu carinho) e de lá pra cá não parei de lê-lo. Eu sempre gostei de poesias, da natureza, de criança. Mas após o Rubem entrar em minha vida eu fui transformada... Sou grata a Deus por colocar um poeta tão humano em minha vida. Eu também acredito que o Rubem esteja adorando seu Deus, comendo caquis, empinando pipas e se balançando em um balanço feito no troco robusto de um ipê amarelo! E isso me deixa mais feliz, pois a dor de ter tido um educador tão próximo de mim e no ter trocado ideias me deixa um tanto triste.

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    1. Oi Lu, obrigado pela referência. O Rubem realmente foi um Mestre para toda uma geração. Ele se foi mas seus sonhos ainda habitam e inspiram os nossos.
      Abs

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