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em continuidade à Oração do Pai-Nosso – e de certo modo abrindo um parêntesis –
Jesus amplia a questão da reciprocidade do perdão: “... se perdoarem uns aos
outros” (Mt 6:14-15). Em primeiro lugar
é preciso reafirmar o que foi dito na última reflexão: Não é que o Mestre
condiciona um ao outro: o perdão divino é gratuito.
E
este é exatamente o ponto de partida para toda a reflexão sobre o perdão. Paulo diz que por merecimento eu deveria receber
a morte mas, de graça, me foi dado o perdão (em Rm 8:23). A essência da mensagem cristã é a graça
imerecida que foi outorgada por Deus em Cristo Jesus. Isto traz duas implicações básicas: primeiro
que não há nada que esteja fora do alcance da ação perdoadora de Cristo e
segundo que não há como falar em retribuição ou pagamento de natureza alguma no
perdão divino.
A
aceitação – pela fé – deste perdão incondicional e não merecido nos apresenta o
outro ponto da reflexão: Jesus disse para dar de graça o que de graça recebo
(Mt 10:8). Esta é a reciprocidade que o
texto fala. Há uma implicação necessária
ao discipulado radical que é a extensão do perdão recebido. Não mereço ser perdoado, mas Cristo de graça
apagou minha dívida diante de Deus. É baseado
neste perdão – e como resposta de gratidão a ele – que devo oferecer também, de
graça, o perdão ao meu irmão. Esta é a
verdadeira reciprocidade do discípulo de Cristo.
Jesus
diz que o Pai Celeste tem perdão para outorgar de graça, mas exige que eu, como
retribuição, também de graça perdoe. Isto
é discipulado, não opção! E só assim
poderei desfrutar toda a extensão das bênçãos advindas do perdão do Mestre.
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