terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Parábola das coisas – o motor



Na vida dita moderna, como a vivemos hoje em dia, todo mundo conhece um motor.  Mesmo que você não seja engenheiro mecânico ou não esteja familiarizado com seu funcionamento e muito menos se sinta capaz de construí-lo ou consertar um deles; você conhece um motor e deve estar cercado de alguns neste momento.
Para efeito de nossa consideração nesta parábola não quero pensar num motor qualquer, mas num motor à explosão como aqueles que equipam os carros que enchem nossas cidades e vias.  Assim, devo comparar a igreja e a tradição que a ela diz respeito a um carro e ao seu respectivo motor.  Acompanhe comigo – mas deixe-me dizer logo que também não sou engenheiro nem mecânico.
O ponto de partida da comparação é a realidade de que o motor é sempre parte de um todo maior.  Não faz sentido ter um motor que não esteja devidamente colocado em um carro.  E nem aquele conjunto de coisas será de verdade um automóvel sem que nele esteja colocado um motor.
Por agora creio que já deu para entender que sendo a igreja um carro e a tradição o seu motor; esta última terá como única função dar dinâmica e movimento à primeira, enquanto aquela lhe dar abrigo, razão e objetivo.  Mas continuemos a comparação.
É verdade que existem diferentes tipos de igrejas e tradições, como existem diferentes tipos de carros e motores: uns sãos barulhentos, outros silenciosos.  Alguns mais potentes, outros mais delgados.  Uns se destacam na carenagem do carro, outros quase não são percebidos.  Uns exigem um acompanhamento mecânico mais presente, outros funcionam quase que sem que mãos especializadas o toquem.  Alguns consomem muito combustível, enquanto outros são bem econômicos.  Todos, contudo são igualmente motores à explosão e também de modo igual foram colocados ali para cumprirem um papel: fazer do carro um automóvel.
Outro detalhe a se considerar é que alguns motoristas consideram o motor o item mais importante na hora de escolher ou valorizar um carro a ser avaliado, enquanto outros talvez sequer tenham se dado o trabalho de levantar o capô para verificar se há mesmo uma máquina ali.  Mas seja qual for o caso, um carro sem motor é sempre apenas uma carcaça inútil.
Importantíssimo também é destacar quatro outras características indispensáveis a um motor à explosão quanto ao seu funcionamento no conjunto do carro.  Primeiro: para trabalhar e gerar a força motriz que o carro precisa, o motor precisa de energia e principalmente combustível.  O mais bonito, potente e bem equipado motor para nada vai servir se não houver nele gasolina que o faça explodir para trabalhar.
Segundo: independente das características que tenha o motor do carro, ele nunca trabalhará sozinho.  No conjunto do automóvel o motor à explosão deve estar ligado a outras partes mecânicas que fazem a força gerada lá dentro de suas câmaras serem efetivamente transformadas em movimento e velocidade para o carro.
Terceiro: também precisa todo e qualquer motor ser dirigido – comandado.  Por mais moderno e auto-suficiente que um motor de carro possa parecer, ele sempre dependerá que alguém decida acioná-lo para que ele funcione.  Isto quer dizer que pode ser simples ou eletronicamente complexo, um motor sempre carecerá de controle.
E quarto.  Não deve ser esquecido que um bom motor exige manutenção e principalmente um bom óleo lubrificante para que suas partes interajam sem comprometer nem a elas mesmas nem o todo da máquina.  É o óleo que dará durabilidade ao motor e propiciará as condições para que ele resista às explosões internas sem fundir ou danificar-se.
Volto a dizer: igreja não é tradição – como carro não é motor.  Mas não dá para separar uma da outra.  Assim, para que sua igreja continue automotora, cuide do estofamento, da lataria e dos faróis, eles são importantes, mas principalmente levante o capô, avalie e cuide do motor que o Senhor colocou nela.

 

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