Os
Salmos 42 e 43 formam um conjunto que abrem a segunda parte do Saltério.
Eles dão expressão à alma do salmista que lamenta a tristeza, a carência e um
sentimento de ausência de Deus – sentimento este que só tende a se alargar
diante do questionamento: Onde está teu
Deus? (42:3 e 10).
Esta é
uma questão aterradora: diante da vida e das circunstâncias, onde está meu
Deus? Onde posso encontrá-lo? O que aconteceu que não estou
percebendo o seu agir em minha vida? Tal questionamento feito ao
salmista, muito bem pode ser aplicado à nossa vida hoje: Cadê Deus? Veja se isto tem ficado perceptível também em sua
vida, como ficou para o autor bíblico: porque não sabia onde está Deus, a alma
estava sedenta (42:2); somente as lágrimas nutriam a sua vida (42:3) e a alma
estava perturbada (42:5).
E tem
mais. O próprio salmista constata que a sensação de isolamento divino era
uma cruel realidade mesmo em meio a uma multidão alegre que festejava (42:4).
Ele sabia que o vazio interior de Deus não pode ser preenchido por
celebrações exteriores. É por isto que o desespero só tende a crescer, é
um abismo arrastando outro abismo (42:7).
Como
acalentar a alma sofrida se Deus está ausente? Onde está Deus no meio
deste deserto?
Nos
Salmos está a única resposta possível a esta carência inquietante. Por
três vezes o salmista observa: ponha a sua esperança em Deus! (42:5; 11 e
43:5). Deus está na esperança que é a irmã da fé. Por conta disto o
salmista toma a decisão definitiva: então irei ao altar de Deus (43:4).
Não importam as circunstâncias, Deus só pode ser encontrado no altar.
Quando me colocar neste lugar então encontrarei o Deus que me sacia.
Diante
desta pergunta que insiste em voltar: onde está teu Deus? Volte-se para o
altar pois é lá que a esperança divina renasce e o encontramos de braços
abertos.
Que
assim se torne a nossa alma para a glória de Deus.
(Publiquei inicialmente esta reflexão em
24/09/2010 com o título 'Onde está teu Deus?' no sítio http://ibsolnascente.blogspot.com.br)