sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

NÃO POR ENQUANTO!


Coloquei este título mas ainda não tenho certeza onde deve estar a vírgula.  Sei que se ela ficar logo depois do advérbio, influencia na semântica: Não, por enquanto! Então isso vou deixar por sua conta.  Vamos ao que eu tenho a dizer.
Disseram que o mundo ia acabar no último dia 21.  Não que eu leve isso muito a sério.  Já sobrevivi ao bug do milênio e a outras besteiras similares para me preocupar com apocalipse Maia.  Em geral é assim: muita farofa na mídia antes, gente falando sério, outros se aproveitando e alguns levando na brincadeira.  Esse tipo de coisa sempre expõe um pouco da alma humana – então isso me interessa.
Pelo jeito o mundo não acabou.  Pelo menos não por enquanto (já decidiu onde colocar a vírgula?)
Bem, quanto a isso ainda não estou muito certo.  Está bem que não foi da maneira como os profetas disseram, mas se olhar direito, o mundo acabou sim.  Acabou no leito vazio à espera do amado que dormiu em braços alheios.  Ou nas lágrimas velando o caixão antecipado pela tragédia do trânsito.  Também acabou olhando o filho outrora formoso mas que se vê escravo do vício.  E por aí vai...  É, o mundo acabou – e tem acabado – não somente no dia 21, mas nas infindáveis noites olhando para o telefone que não toca trazendo alívio para a ansiedade da espera, nas filas sem tamanho no posto de saúde enquanto se busca sanativo, ou acabou diante de mais um não à proposta de emprego...
O mundo acabou? Mas veja que não por enquanto! (sim, e a vírgula?)
A despeito das tragédias – anunciadas ou não –, a despeito das estatísticas, a despeito do eco-terrorismo, a despeito da economia, da política e da religião: o sol vai se levantar amanhã.  E aqui considero mais que algum impulso da alma humana.  A minha convicção vem da certeza de que posso andar vale da sombra da morte e, ainda ali, eu não temerei mal algum porque ele está comigo (reconheceu as palavras do Sl 23?).
Mas não posso terminar o que tenho a dizer sem lhe fazer uma proposta, agora que já passou o calendário Maia e 2013 se avizinha: quando seu mundo acabar – seja qual for a ruína – tenha a coragem de dizer: não por enquanto, por que eu sei que meu Redentor vive e por fim se levantará (uso Jó 19:25).
Ah! E tem outro texto que eu gosto muito e penso que se encaixa aqui: João acaba seu Apocalipse sem nenhuma dúvida: Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia.  (confira Ap 21:1). 
O mundo acabou...  Não por enquanto! (com ou sem vírgula).

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A NOITE SANTA


Este final de ano o Coral Idade Feliz de nossa igreja apresentou um musical intitulado "A Noite Santa".  Depois de alguns meses de ensaio e preparação (em vários sentidos), e aproveitando o ensejo natalino, cantamos e anunciamos a mensagem verdadeira do nascimento de Jesus na noite de Belém.
O musical em si reuniu canções tradicionais como Adeste Fidelis e Noite de Paz com outras mais recentes como O Verbo Virou Gente (do pessoal da IB do Morumbi), sem deixar de citar os eventos da cruz e da ressurreição, tendo como mote a declaração:
Oh noite santa, de estrelas fulgurantes, oh linda noite em que Cristo nasceu!
Não foi um espetáculo de natal – até porque em nenhum momento este foi o objetivo – foi mais que isso.  O que fizemos em primeiro lugar louvar a Deus e também demonstrar um pouco para a Igreja o resultado de um ano de trabalho com o grupo de terceira idade que ensaiou, refletiu sobre a criança da manjedoura, e de alguma maneira buscou vivenciar aqueles momentos em nossas vidas. 
E com o valioso e abençoado acréscimo de alguns queridos que, com sua arte, tocaram seus instrumentos para a glória Deus se somando ao coral, ficou tudo muito lindo.
Uma coisa, contudo, ficou muito claro para nós.  O que realmente afagou a nossa alma nisto tudo não foi tocar ou cantar arranjos tradicionais de natal ou aproveitar o clima das festividades; foi saber que estávamos narrando a nossa própria história.  Fomos convidados a adorar contemplando a criança que repousou tranquila nos braços da mãe carinhosa; e que isso foi o cumprimento de profecias antigas e a manifestação de um amor profundo.
Os anjos cantaram glória a Deus nas alturas e juntos declaramos com Maria que nossa alma engrandece ao Santo de Israel por ter feito nossa vide florescer.
Assim é a mensagem da noite santa, assim cantamos e celebramos, assim terminamos com um convite: Vem, Jesus, Habitar Comigo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

DO QUARTO FECHADO


Instruindo seus discípulos sobre as disciplinas da vida cristã, Jesus apresentou o tema da oração (Mt 6:5-8).  Para o Mestre, muito mais que o cumprimento de rituais religiosos, públicos ou particulares, a oração é um diferencial indispensável para o discipulado.  E Jesus começa retomando a mesma ênfase da ação cristã: não é para ser usada como vitrine da fé! O que se faz para ser visto pelos homens não é feito para agradar a Deus – logo realmente não o agradará.
Sigo com as instruções claras de Cristo: primeiro, a oração do discípulo é reflexo da intimidade filial com Deus: “vá para o seu quarto...” (Mt 6:6).  É claro que Jesus não nega a realidade do culto e da oração comunitária, mas quer dar ênfase à oração particular, íntima, que deve ser a base da vida cristã.  Quem quer se encontrar com Deus, deve deixar o mundo – nem que seja por alguns momentos – e buscar se derramar lá onde ninguém sabe que você o está buscando.  Lá nesta intimidade do quarto fechado não há liturgias pré-fixadas ou tradições a serem observadas; é onde o vento do Espírito sopra como quer, sem impedimento algum, e a alma faminta é saciada com toda sorte de bênçãos espirituais.
Em segundo lugar Jesus recrimina a repetição vã das palavras de oração.  Também aqui ele não nega a insistência em suplicar diante de Deus, pelo contrário, Jesus sempre incentivou o clamor.  O que o Mestre afirma é que a verdadeira oração do discípulo é espontânea e sincera. 
Jesus ainda diz: seu pai o recompensará (é o final do mesmo verso 6:6).  Esta é a promessa para o discípulo que desfruta da realidade da oração no quarto fechado.  O Pai que vê em secreto atende, restaura a vida e cumpre todas as suas promessas.  Vivamos uma vida de oração desta natureza, para a glória do Senhor.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

EITA DEUS BOM!!!


Saí quase atrasado de casa e precisava me apressar para não chegar atrasado à repartição.  Ainda por atravessar a avenida, mas com o ponto do ônibus já ao alcance da vista, vejo que bem na hora lá vem a condução.  Com algum esforço e cuidado, eu me apresso para alcançá-la e deixo apenas os lábios sussurrarem (andando sozinho, o som era desnecessário):
Eita Deus bom!!!  Lá vem o ônibus!!!
Mas não me serviria... era um ônibus...  mas a linha era outra...
Então, antes que o Encardido fizesse pousar qualquer outra ideia em minha cabeça, eu me apressei em afirmar, agora em voz alta, com convicção e diante de um ponto de ônibus já repleto de expectadores:
— O que não muda nada!!!  Deus continua bom!!!
E continuei lembrando dos Salmos...  Por que, se tem uma afirmação recorrente no Livro dos Saltérios é que Deus é bom
Às vezes sou muito tentado a olhar a existência com os olhos de Tomé: de forma pragmática só é possível enxergar a bondade quando ela obviamente me ocorre.  Mas crer em tal bondade como um princípio básico e norteador da vida na certeza de que, mesmo quando não a percebo, ela está ali e é mais real que o cotidiano, é acrescentar significado à poesia magnífica do Salmo cem:
Pois o Senhor é bom e o seu amor leal é eterno; a sua fidelidade permanece por todas as gerações (Sl 100:6).
Em meio ao monótono concreto, ao negro asfalto, à agenda entulhada, ao relógio de ponto, ao ônibus lotado, ao vazio da multidão, à ilusão da mídia, à liturgia insípida... Deus é bom e ponto!  Nada me tira esta certeza!
E quanto ao transporte... eu não tinha visto ainda que vinha outro logo atrás, então consegui chegar à tempo.  Eita Deus bom!!!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

DAS OBRAS CRISTÃS




Jesus apresentou no Sermão da Montanha o seu projeto de Discipulado Radical.  Na primeira parte (Mt 5) estão descritas as características dos bem-aventurados discípulos e qual a interpretação que o próprio Mestre dá à Lei e ao Mandamento antigo.  Chegando ao capítulo 6, Mateus apresenta as novas considerações das atitudes religiosas requeridas do discipulado – são as disciplinas espirituais necessárias para a vida cristã segundo o modelo de Jesus Cristo: boas obras, orações e jejuns estão neste plano.
Deixe-me seguir o plano do evangelista e começar com a prática das boas obras.  Considerando as palavras de Tiago (2:14-26), posso definir obras como sendo a face visível e concreta de tudo aquilo que reconheço como fé em Deus.  Ou seja, a fé que Deus faz acontecer em meu interior produz ações e reações exteriores em todos os aspectos de minha vida: isto são obras cristãs.
O Mestre chama atenção para dois aspectos destas obras cristãs: em primeiro lugar questiona: De quem espero receber o galardão pelas minhas obras?  Se espero respostas humanas (dos outros e minha própria) pelas minhas obras, elas não podem ser consideradas cristãs – não são frutos do discipulado radical!
Depois Jesus fala da naturalidade que deve revestir as obras cristãs.  Não deve haver premeditação ou excepcionalidade nas obras cristãs.  As obras cristãs têm de ser de tal forma natural em minha vida que eu faça o que tenho de fazer como cristão e discípulo radical sem que isto seja um peso.
Voltando a Tiago, ele fala que a fé sem obras é morta (Tg 2:17).  Sendo um discípulo radical, minha vida cristã tem que ser encarada naturalmente, para ser vista pelo Mestre e somente dele esperar respostas e recompensas, pois a glória pertence a Cristo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

DO AMOR INCONDICIONAL




Chegamos aqui à última interpretação que Jesus faz da Lei dada aos antigos.  E o Mestre vai abordar o tema que será o principal na sua pregação: o amor (Mt 5:43-48).  Aos antigos foi ordenados amar o próximo, mas também foi autorizado aborrecer os inimigos.  Jesus agora amplia o alcance da Lei exigindo do discípulo que ame até os inimigos: amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem (Mt 5:44).
Sobre este tema Jesus apresenta quatro pontos (a lista está nos versos 45 a 47): I – para que me torne filho de Deus é preciso desenvolver um amor incondicional a todos os seres humanos. II – Deus, o Pai, dá sol e chuva sobre maus e bons: ele não faz acepção de pessoas. III – amar somente os amigos não apresenta discipulado alguns, até os pecadores fazem isto.  IV – a ordem do discipulado requer que o seguidor de Cristo seja perfeito na mesma medida do Pai celestial.
Assim todos estes pontos têm que se tornar parte do discipulado radical.  Amar é obrigação e necessidade imprescindível do discípulo: como Deus é perfeito, ele exige perfeição dos seus seguidores, e isto tem que ser demonstrado na vivência diária, principalmente no trato com aqueles que se interpõem em meu caminho como meu inimigo.  Não tenho o direito de escolher quem vou amar: amigos ou inimigos, bons ou maus, todos têm que ser alvo do amor cristão verdadeiro.
Como discípulo que já vivem sob a nova Lei em Cristo Jesus, garantida pelo sangue da Nova Aliança derramado na cruz, que eu viva este amor incondicional.  Para que faça parte da família de Deus e para a glória eterna do Pai.