sexta-feira, 6 de julho de 2012

ALGO DE MÚSICA


Fui ao teatro ontem à noite. Era aniversário de meu filho e fui levá-lo pra ouvir a Orquestra Sinfônica de Sergipe.  Foi o seu debut neste universo e o levei como um presente.
O Teatro Tobias Barreto, onde ocorreu o recital, não estava lotado; mas tinha um público razoável para um evento de quinta-feira sem quase divulgação.
Na primeira parte do repertório ouvimos a musicalização de poemas do sergipano Tobias Barreto – isso exigiu um certa dose de educação auditiva.  Mas, tudo bem, valeu pela oportunidade de valorização da sergipanidade (lembro ainda que muitos músicos da orquestra não nasceram aqui!).
Então, um pequeno intervalo, e veio a segunda parte: o Concerto nº 2 para piano e orquestra em si bemol maior do alemão Johannes Brahms – música na acepção correta da palavra – em quatro movimentos.
Respeitados todos os rituais que tais ocasiões exigem, o teatro em silêncio viu-se inundado de melodia e harmonia.  O concerto não foi uma peça exuberante ou festiva, mas como cumpriu seu papel de arte para os ouvidos e para a alma!
Não foi um som artificial ou eletrônico (não que haja preconceitos contra tais), ou som reproduzido em play-back:  foi música ao vivo.  E a sensação de ouvir é única e singular.  Enquanto orquestra e solistas dialogavam e executavam sua arte, sujeitos a todo tipo de imprevistos e emoções, a música aconteceu ali, sem mediação (nem precisou de microfones).
Os acordes e compassos se sucederam e a música foi escoando, ouvido a dentro, e alcançando cada nuance da mente e do espírito, como um feixe de luz que penetra numa brecha miúda mas ilumina a sala.  É impossível permanecer indiferente!
O ambiente nem precisou ser litúrgico ou eclesiástico, e nem o concerto escolhido ser originalmente sacro, para que eu percebesse com convicção quase religiosa que Deus aproveitou aquela música para dar uma leve e gostosa coçadinha na minha alma.
É assim mesmo:  Deus tem lá seus métodos de fazer as coisas, e ele não desperdiçou a chance de lavar minha alma e enxaguar meus tímpanos com a Orquestra Sinfônica de Sergipe ontem.  Valeu a noite!
Por fim, fez-se novamente o silêncio.  A música estava concluída, a peça finda, completa.  Ficaram as lembranças na mente e na alma.  Mas isso só a música faz e nem tem como descrever.
E antes que eu termine:  faltaram adjetivos para meu filho descrever o quanto a nova sensação foi deliciosa para ele.
Em tudo Deus seja louvado!
(Ah!  A foto lá em cima não foi de ontem.  Nem no site da orquestra – http://www.orquestrasinfonica.se.gov.br  – eu encontrei fotos atualizadas).

4 comentários:

  1. Entendo perfeitamente quando vc diz que: "é impossíel permanecer indiferente". Um som acústico como o de uma orquestra não 'grita' para ouvirmos, pois nos pianíssimos é quando mais exercitamos nossos ouvidos. Nádia

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    1. Querida, obrigado pelo comentário. Realmente, música de verdade é que não grita, mas sussurra galanteios aos nossos ouvidos. E me parece que em tais momentos, o próprio Deus sorri para nós.

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  2. Olá Jabes! Imensa alegria saber que seu filho estreou na música clássica com um dos mais profundos compositores, Brahms. Sobre a peça em homenagem à Tobias Barreto foi uma honra tê-la executado para os sergipanos que agora uma orquestra sergipana, de muita qualidade sonora, para aplaudir, sim, apesar de não sermos todos sergipanos, somos a orquestra brasileira com o maior número de integrantes nascidos em sua cidade. Na verdade consideramos o grupo, como um todo, patrimônio cultural do povo sergipano. Não pensamos a orquestra como pessoas individuais, mas como um todo organizado e falando a mesma língua. Venha sempre aos concertos, foi um prazer ler o seu texto. Maravilhoso!

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    1. Oi, é bom ter a orquestra como nosso patrimônio. Isso só nos enriquece como sergipanos. E quantos aos concertos: tenha por certo que sempre possível estarei lá. Obrigado!

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