Fui ao
teatro ontem à noite. Era aniversário de meu filho e fui levá-lo pra ouvir a
Orquestra Sinfônica de Sergipe. Foi o
seu debut neste universo e o levei como um presente.
O Teatro
Tobias Barreto, onde ocorreu o recital, não estava lotado; mas tinha um público
razoável para um evento de quinta-feira sem quase divulgação.
Na
primeira parte do repertório ouvimos a musicalização de poemas do sergipano
Tobias Barreto – isso exigiu um certa dose de educação auditiva. Mas, tudo bem, valeu pela oportunidade de
valorização da sergipanidade (lembro ainda que muitos músicos da orquestra não
nasceram aqui!).
Então,
um pequeno intervalo, e veio a segunda parte: o Concerto nº 2 para piano e
orquestra em si bemol maior do alemão Johannes Brahms – música na acepção
correta da palavra – em quatro movimentos.
Respeitados
todos os rituais que tais ocasiões exigem, o teatro em silêncio viu-se inundado
de melodia e harmonia. O concerto não foi
uma peça exuberante ou festiva, mas como cumpriu seu papel de arte para os
ouvidos e para a alma!
Não foi
um som artificial ou eletrônico (não que haja preconceitos contra tais), ou som
reproduzido em play-back: foi
música ao vivo. E a sensação de
ouvir é única e singular. Enquanto
orquestra e solistas dialogavam e executavam sua arte, sujeitos a todo tipo de
imprevistos e emoções, a música aconteceu ali, sem mediação (nem precisou de
microfones).
Os
acordes e compassos se sucederam e a música foi escoando, ouvido a dentro, e
alcançando cada nuance da mente e do espírito, como um feixe de luz que penetra
numa brecha miúda mas ilumina a sala. É
impossível permanecer indiferente!
O
ambiente nem precisou ser litúrgico ou eclesiástico, e nem o concerto escolhido
ser originalmente sacro, para que eu percebesse com convicção quase religiosa
que Deus aproveitou aquela música para dar uma leve e gostosa coçadinha na
minha alma.
É assim
mesmo: Deus tem lá seus métodos de fazer
as coisas, e ele não desperdiçou a chance de lavar minha alma e enxaguar meus
tímpanos com a Orquestra Sinfônica de Sergipe ontem. Valeu a noite!
Por fim,
fez-se novamente o silêncio. A música
estava concluída, a peça finda, completa.
Ficaram as lembranças na mente e na alma. Mas isso só a música faz e nem tem como
descrever.
E antes
que eu termine: faltaram adjetivos para
meu filho descrever o quanto a nova sensação foi deliciosa para ele.
Em tudo
Deus seja louvado!
(Ah! A foto lá em cima não foi de ontem. Nem no site da orquestra –
http://www.orquestrasinfonica.se.gov.br
– eu encontrei fotos atualizadas).
Entendo perfeitamente quando vc diz que: "é impossíel permanecer indiferente". Um som acústico como o de uma orquestra não 'grita' para ouvirmos, pois nos pianíssimos é quando mais exercitamos nossos ouvidos. Nádia
ResponderExcluirQuerida, obrigado pelo comentário. Realmente, música de verdade é que não grita, mas sussurra galanteios aos nossos ouvidos. E me parece que em tais momentos, o próprio Deus sorri para nós.
ExcluirOlá Jabes! Imensa alegria saber que seu filho estreou na música clássica com um dos mais profundos compositores, Brahms. Sobre a peça em homenagem à Tobias Barreto foi uma honra tê-la executado para os sergipanos que agora uma orquestra sergipana, de muita qualidade sonora, para aplaudir, sim, apesar de não sermos todos sergipanos, somos a orquestra brasileira com o maior número de integrantes nascidos em sua cidade. Na verdade consideramos o grupo, como um todo, patrimônio cultural do povo sergipano. Não pensamos a orquestra como pessoas individuais, mas como um todo organizado e falando a mesma língua. Venha sempre aos concertos, foi um prazer ler o seu texto. Maravilhoso!
ResponderExcluirOi, é bom ter a orquestra como nosso patrimônio. Isso só nos enriquece como sergipanos. E quantos aos concertos: tenha por certo que sempre possível estarei lá. Obrigado!
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