Um dia desses a
minha tia me mandou um vídeo sobre como a arquitetura dos templos atuais tem se
parecido com shoppings centers. Gostei. E, de saída, muitas linhas de pensamento
começaram a se emaranhar.
Mas, antes,
deixe-me dar os devidos créditos. Fui
procurar e achei, nas redes sociais, a postagem da Mariane Santana (@marianecsantana)
de 25/04 na qual ela se refere à "arquitetura religiosa na sociedade do
desempenho".
Puxei um fio de
pensamento e, a partir dele, segui desenvolvendo de um ponto a outro, de uma
ideia a outra, de um conceito a outro.
Historicamente o
nosso Cristianismo sempre se mostrou aberto a dialogar com a sociedade e o
mundo ao seu redor. Aprendeu com o
Mestre Jesus! E esse diálogo tanto lhe
trouxe benefícios como prejuízos – a questão não seria essa.
Paulo, no NT,
chegou a Atenas e se propôs a falar do "Deus desconhecido" (confira
At 17:23).
Daí, chegando ao
filosófico mundo helênico, os pais da igreja produziram boas reflexões.
No oriente, a fé
cristã se revestiu de sua mística própria.
Durante o medievo
europeu, o estudo ficou confinado aos mosteiros enquanto o populacho laico deu
vez e voz ao sincretismo de fetiche.
Já quando o
iluminismo varreu as ideias do velho continente, pensadores protestantes enriqueceram
o colóquio com suas ponderações.
E por aí se
foi...
Aqui o fio me
trouxe de volta ao tema original: esses templos de hoje travestidos de
shoppings e que são projetados "para facilitar o fluxo de capital".
É o diálogo
cristão com a sociedade na sua pior versão.
Se Mamom é o deus
dessa era capitalista em que o ganho e acúmulo requer para si a primazia da
adoração, uma igreja que se submete à sua doutrina não pode estar servindo ao
Deus cristão (essa é a lógica explícita de Jesus em Mt 6:24 / Lc 16:13).
Ou se adora ao
Deus da cruz ou se adora ao deus do shopping.
Ou se busca o Reino de Deus ou se busca capital. Os dois não são servidos juntos.
Então o fio me
levou mais adiante (ou lá para traz). E
lembrei como me senti impactado quando tive a oportunidade de conhecer a
Catedral de Colônia (isso já vão mais de vinte anos). Confesso: sua arquitetura, como arte cristã,
mexeu comigo.
Parêntese 1. Já escrevi sobre o que é arte. Está aqui no Escrevinhando (link).
Parêntese 2. Sei que tenho uma foto minha lá na Catedral,
mas por hora não achei, então resolvi ilustrar com uma imagem que colhi no pixabay.com.
Voltando à
Catedral.
Sobre os detalhes
históricos e de arquitetura não vejo necessidade de apontar. Não tenho a técnica necessária e sei que na
Internet estão disponíveis as informações.
Aquela Catedral
gótica atraiu-me ao espírito de mistério e transcendência (e aqui sim transito
em chão conhecido).
O culto é
"um momento cristão de celebração festiva, e também de reflexão, contrição
e dedicação, porém, principalmente, um momento de encontro com Cristo" (do
livro “DE ADÃO ATÉ HOJE – Um estudo do Culto Cristão”).
E a arquitetura
de nossos templos deve representar o solo sagrado – ainda que nosso Deus não
habite em "templos feitos por mãos de homens" (citado por Estêvão em
At 7:48 e repetido por Paulo em At 17:24).
A Catedral cristã
com seu pé direito amplo, seus vitrais coloridos, suas sombras desfocadas, sua
torre apontando para o alto apresentou-se a mim como um convite ao silêncio
respeitoso e à reverência solene diante do Deus Altíssimo que se revela
graciosamente ao ser humano em sua pequenez insignificante.
Ali eu fui
atraído à adoração humilde ao que nos convida a receber de sua graça "sem
dinheiro e sem preço" (leio assim em Is 55:1).
E parece até que
daria para ouvir um Oratório de Bach ao fundo (para mim: a trilha sonora
perfeita para contrição e adoração).
Parêntese final. O livro DE ADÃOATÉ HOJE – Um estudo do Culto Cristão está
disponível no Amazon – link).