Uma análise da relação entre a Igreja
e o Estado na chegada do cristianismo ibérico na América Latina
As
instituições da Igreja e do Estado na península ibérica durante os anos finais
do século XV e iniciais do século XVI apresentavam características peculiares. A chegada das caravelas e naus portuguesas e
espanholas ao Novo Mundo neste período, assim, revestiu-se de uma singularidade
tão marcante que influenciou toda a formação não só desta nova terra como, de
volta, influenciou a cristandade européia.
O
cristianismo europeu se fez herdeiro da relação entre a Igreja e o Império
Romano iniciado por Constantino e daí se tornou a religião oficial do império,
atraindo para si poder e prestígios nunca vistos. Viu-se também envolvido em guerras
reconhecidas como santas durante toda a Idade Média contra os mouros muçulmanos
na tentativa de demonstrar a supremacia européia e cristã contra os
pagãos. Destas experiências, o
cristianismo europeu acabou por atribuir aos reis – principalmente ibéricos –
um poder de caráter temporal e espiritual, chegando a rivalizar ao papado, como
executor da mão de Deus na consecução do seu projeto para o mundo. A soma destes fatores resultou no que ficou
conhecido como a teologia da cristandade.
Neste
espírito, esta cristandade liderada pelo papado criou o Tribunal do Santo
Inquérito para julgar os desviantes, organizou ordens monásticas para a
consecução dos seus objetivos evangélicos de fé e objetivos de poder,
distribuiu terras entre os seus reis católicos e estabeleceu o sistema do
padroado que consistia em reconhecer o direito de poder temporal de administrar
as questões eclesiásticas com poderes inquestionáveis.
Foi
este cristianismo que foi transplantado para a América Latina. E foi motivado pelo desejo de expandir a fé
que portugueses e espanhóis se lançaram ao mar para empreenderem a atividade
conquistadora. Mesmo havendo interesses
culturais e econômicos – este mais que aquele – mas certamente o motivo
principal era estabelecer novas fronteiras para a fé cristã católica. Assim não é de se estranhar que os fatores
religiosos ligados à pureza da fé católica ligada intimamente ao estado
português e ao espanhol tenham ganhado tanta importância e influência na
construção da mentalidade latino-americana.
Ou seja, chegando aqui com o objetivo principal de expandir a fé, os
colonizadores ibéricos forjaram uma mentalidade que atrelou mentalidade
nacionalista nos povos latino-americanos com o ser fiel católico.
Vozes
discordantes surgiram desde o princípio do movimento colonizador clamando para
que este projeto revestido de cristianismo espiritual, mas que na verdade
estava profundamente imiscuído de um espírito explorador, não fosse
predominante e que no Novo Mundo, um novo cristianismo livre dos vícios e
pecados do cristianismo europeu podesse ser implantado na América Latina.
A
compreensão dessa histórica da relação entre a fé e a cidadania na América
Latina, hoje desafia-nos então a construirmos uma relação saudável entre estas
duas instituições necessárias a existência humana e que, desta relação, possa-se
se criar condições de vida mais dignas para toda população ao mesmo tempo tão
diversa e tão fiel.
Saudações. Precisamos de representação de qualidade, com razoabilidade e inteligência perante o Estado. Acho que o grande público não entende bem o pensamento do cristão brasileiro. As vozes mais populares de hoje são vistas como radicais, e perdemos espaço para o radicalismo. Abraço.
ResponderExcluirOi Renato. Realmente como igreja, uma instituição presente na sociedade, precisamos ter voz ativa para marcar nossas posições, e assim fazer a luz do evangelho influenciar o Brasil.
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