Já faz algum tempo que aprendi a escrever. É claro que dito assim, esta frase é tão obvia quanto ambígua. E assim é pois diz e esconde muita e alguma verdade. Antes de minha primeira década de vida eu já era capaz de reconhecer e juntar letras e formar palavras. Deste conhecimento básico e funcional da língua faço uso indispensável e sistemático todo dia. A vida em sociedade impõe-nos tais necessidades. Sempre é preciso anotar um número de telefone; algo na lista do mercado; algum compromisso na agenda e outras tantas pequenas grafias que vão nos marcando o cotidiano.
Então por que estou dizendo que voltei a escrever? Retomo um pouco de minha história pessoal. Depois dos primeiros domínios das funções gramaticais, os anos me fizeram realmente saber escrever: transformar ideias em palavras e despejá-las num texto. Houve um processo até empírico de ensaio e erro até me julgar capaz de produzir e dizer algo realmente proveitoso.
Antes de continuar preciso confessar que este empirismo ainda faz parte do procedimento de escrever. Mas confessar também com certo acanhamento que não sou o poeta que gostaria de ser. Já li que com outros é da mesma forma: somente depois de travada um luta entre palavras e ideias é que a trama do texto se compõe. Imagino como as palavras torturaram Gregório de Matos até que a simplicidade fantástica moldasse sua sátira e sua devoção.
Voltando a minha trajetória: passei pela escola primária e secundária e de lá me lembro que alguns mestres me ensinaram a não ter medo da palavra nem do papel em branco. Depois me graduei (é certo atestar que em alguns casos larguei a caminhada antes dos últimos passos). Ainda pós-graduei e continuei enfrentando o desafio de escrever – e assumo que até gostei.
Outra digressão. Sou levado a concordar com Rubem Alves que a academia vicia e entorta o gosto de escrever. Entorta porque enquadra e na sua aparente neutralidade simplifica processos que são natural e gostosamente complexos. Vicia à medida que condiciona ao reducionismo metodológico científico (só o termo já assusta!).
O tempo passou e pude ir trocando a roupa magistral pela pastoral. E veja que tem sido bom seguir os helênicos, associando o trabalho pastoral ao poético como fazedor de ideias e palavras!
Antes de chegar ao voltar a escrever, preciso lembrar que Deus, através da IB Sol Nascente, me deu a oportunidade de nos últimos dois anos escrever com frequência e regularidade (ainda está lá no blog da igreja – http://ibsolnascente.blogspot.com). Porém neste final de ano o Senhor me chamou para atuar diretamente na PIBA, e esta uma daquelas convocações que é preciso seguir com humildade cristã – e assim o fiz.
Mas deixei de escrever, tecer palavras. Então senti falta do desafio do texto. Quando comecei era a imensidão da folha em branco, hoje com a tecnologia é o abuso do cursor piscando que clama pela composição textual. Ora, escrever é como um parto: quando a criança nasce é linda de ver e interessante de por nos braços, mas até chegar aí, dá um trabalho... só que é imperioso e vale a pena...
Assim, voltei a escrever. Retomo aqui a difícil mas gostosa tarefa de ser pastor com palavras e poeta com as almas. E que mais uma vez o Senhor me ajude a louvá-lo nesta tarefa.
Fico feliz pela sua humildade e vontade de servir a um das grandes inspirações e entusiasmo de Deus: a palavra.Pois o que eu posso aqui também acrescentar é que eu aprendo muito contigo nesse curso.
ResponderExcluirSucesso Pastor
Isaías P Carriço
Querido Rodolfo,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
É bom tê-lo junto.
Um abraço
Continue escrevendo. Se escrever é uma "difícil mas gostosa tarefa", ler seus textos é gostoso e enriquecedor. Deus o abençoe.
ResponderExcluirEmília
Que bom que voltaste a escrever, dir-se-ia Fernando Pessoa que o poeta Éum fingidor e finge tao completamente que chega a sentir que É dor a dor que deveras sente.
ResponderExcluirDe modo que me animo em saber que dentro da igreja Ainda exista pessoas que como o senhor, sabem dicernir entre arte e fe, e saber que uma pode estar a servico da outra. Como o É com esse seu desejo de fazer das palavras poesia. É um abismo, ja que quando se escreve para alguem, estaremos sempre no centro dos bombardeios. Mas o caminho É mesmo ter alma, e escrever livremente como tecem suas teias as aranhas, desse modo nao havera academia nehuma que o aprisione em regras.
Muito embora, o empirismo necessite por vezes a observacao cientifica. hauhaua
bom texto, bom sopro.
Oi Mila,
ResponderExcluirTer o seu incentivo e apoio sempre é um estímulo.
Obrigado.
Querido Jonas,
ResponderExcluirEscrever é um pouco com se desnudar. E quando se coloca na grande rede sempre há o risco de o fazer virado para uma janela imensa. Agora imagine se tal janela está aberta para a fé! Por outra lado também há o eco de palavras como as suas. E isso compensa.
Obrigado e que Deus o abençoe.
É muito bom poder compartilhar com as suas escrituras sabias. Onde eu posso me enriquecer espiritualmente.
ResponderExcluirQue Deus te abençoe, e que não te deixe parar mais de escrever.
Carlos Augusto
Grande Jabes, bom te reencontrar. Parabésn pela sábia decisão do retorno. Nós, os abençoados por ela, agradecemos. Abração.
ResponderExcluirMuito bom poder matar saudades desta tua visão poetica e divertida de abordagem .
ResponderExcluirOi Ivana,
ResponderExcluirMuito bom mesmo é saber da tua saudade. Isto me anima a continuar escrevendo.
Um abraço.