O Salmo 150
diz: “Tudo o que tem vida louve o Senhor” (Sl 150:6). Também o hino cristológico conclui afirmando
que diante do nome de Jesus “se dobre todo o joelho” e que “toda língua
confesse que Jesus Cristo é Senhor” (Fl 2:9-10). Em ambos os casos, contudo, embora sejam
verdades bíblicas, não expressam o conceito de adoração conforme pode ser lido
no Apocalipse. Tanto no Salmo como no
texto paulino o conceito mais apropriado seria de louvor. Neles, nos textos citados, bem como em outros
da Bíblia, o conceito é de elogio e reconhecimento dos atributos superiores de
Deus em relação aos seres criados, mas não de adoração ou prostração submissa e
voluntária diante da dignidade divina.
No Apocalipse,
o louvor e a glória são apenas parte da adoração prestada a Deus (conforme Ap
7:12), atitude para a qual são convocados todos os servos do Senhor, tanto
pequenos como grandes (conforme Ap 19:5).
A adoração
completa, relatada em Apocalipse não é, entretanto, apenas pronunciada ou expressa
com fórmulas, cânticos ou liturgias, e nem de maneira indistinta. No Apocalipse, a adoração conclui o conceito
de que somente os que podem comparecer diante do trono eterno podem manifestar
a verdadeira e final adoração requerida pelo Cordeiro que é digno.
Mas quem são
eles? Na linguagem apocalíptica eles são
indicados pelos 24 anciãos e pelos quatro seres viventes (conforme Ap 4:4 e 6;
5:8 e 14 e 19:4). Quanto a identificação
dos anciãos, Onesimus Ngundu no Comentário Bíblico Africano oferece uma
sugestão:
Os vinte e quatro anciãos (4:4) provavelmente representam o povo de
Deus, simbolizados pelas doze tribos de Israel e pelos doze apóstolos. Os leitores judeus talvez ainda lembrassem as
vinte e quatro ordens levíticas nomeadas para profetizar e louvar no templo
(1Cr 25).
E quanto a
identificação dos seres viventes, conclui:
As quatro formas sugerem que tudo o que há mais de nobre, forte, sábio e
veloz no mundo natural, inclusive a humanidade, está representado diante do
trono, participando do cumprimento da vontade divina e adorando a majestade de
Deus.
Contudo deve-se
destacar que não há uma identificação precisa ou exata dos que adoram. No Apocalipse tais empreendimentos sempre
serão incertos e estarão sujeitos a variáveis interpretativas. Identificá-los enquanto personagens
históricos – ou escatológicos – não permitirá uma compreensão bíblica de quem
são e de que implicações está imbuída sua adoração.
Em toda a
narrativa da visão do Apocalipse os que adoram são o que, tendo vindo das
agruras da vida e vencido pelo sangue do Cordeiro – com as vestes brancas –
agora podem servir ao Senhor continuamente (grego: λατρεύουσιν αὐτῷ ἡμέρας καὶ
νυκτὸ – Ap 7:14-15).
Mas há um gesto
ainda mais significativo que representa a atitude de adoração e indica quem
verdadeiramente adora no Apocalipse. No
primeiro relato que o vidente faz depois das cartas (Ap 4), ele registra que os
vinte e quatro anciãos se prostraram (grego: πεσοῦνται – literalmente: caíram)
diante do que se encontra no trono e lançaram suas coroas (grego:
βαλοῦσιν). E então eles declaram:
“Santo, Santo, Santo”; e “tu és digno”.
Ou seja, abrindo mãos de suas próprias coroas, eles estão por toda a
eternidade se rendendo e se submetendo a quem pertence verdadeiramente toda
glória honra e louvor (Ap 4:8-11).
Assim,
Apocalipse demonstra o conceito mais amplo de toda a Bíblia de que, nas
palavras de Ngundu, “a adoração não consiste apenas em palavras. Pode ser expressa de várias maneiras, desde
que seu ponto focal seja o culto a Deus e o reconhecimento de seu senhorio
absoluto”.
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