Um Congresso
Teológico me levou às Minas Gerais na semana passada. Então chegou a sexta-feira e era momento de
voltar para Aracaju – para casa.
Vamos à
narrativa: sextou – prá casa!
Com o fim da
programação na noite anterior, ficamos uns poucos para o último sono. Boas conversas, bons momentos, restinho de
fraternidade.
Amanheceu e,
antes das seis, uma sinfonia canora me acordou (ah! não entendo de pássaros
logo, não os identifiquei – sei que eram distintos!).
E não penso que o
Criador os colocou ali somente por minha causa – não tenho essa pretensão.
Mas eles me
despertaram e pude começar bem antes do burburinho. É sempre salutar, antes das liturgias e das
agendas, deixar a alma vibrar limpa na frequência do Eterno.
Descemos para um
derradeiro café matinal mineiro: uma fruta, pão com ovo, um pedaço de bolo,
biscoito e café quentinho feito na hora.
Simples, mas digno de um
príncipe, pois foi feito na nossa intenção.
E vale mais que gastronomia gourmet.
Deus abençoe as
mãos que prepararam.
Pegamos a estrada
em direção ao aeroporto. O dia prometia!
Antes que
esqueça: o Gerson foi comigo. Além dos
laços de sangue e de profissão, sempre enriquece tê-lo junto no caminho.
— Sim. Em direção ao aeroporto.
Talvez até desse
para antecipar o voo para fazer sem escalas.
Não deu. Com as
passagens marcadas, a previsão seria o dia todo aqui e ali até chegar em casa. Assim
fomos.
Sentamos juntos. A conversa animada – nada de técnico ou
específico: apenas fagulhas de lembranças comuns, observações pontuais dos
transeuntes, uma ou outra citação e o mais...
Mas, aos poucos,
as palavras vão se escasseando e os temas esparsos. Então o silêncio chega. Só que isso não é um problema. Jamais.
Na verdade, não
vou lhe definir do que se trata.
— Para certas
coisas faltam palavras!
Certamente não
seria obrigação, nem networking (assim em inglês fica mais ridículo
ainda).
Era só a presença. Era apenas saber que em qualquer aeroporto ou
entroncamento da vida, não estávamos sós.
Estivemos ali. Não eu e tu: nós.
E consegui me ver
pensando que o Eterno se sentou na cadeira da frente, no saguão dos Confins, em
silêncio, apenas como se quisesse dizer que ELE, mesmo sendo, gosta de estar.
Levantamos para
comer, a conversa voltou a jorrar como uma fonte de renovo – ou filete da água. Não havia secado. Apenas guardada como tesouro que valia a pena
usar no tempo certo para o próprio silêncio se revestir de preciosidade.
Nada de
importante: a escolha do prato, uma ou outra citação, um diz aí...
Comemos juntos.
— Certas coisas
têm preço. Compartilhar uma fatia de
pizza numa mesa de aeroporto tem vida e história.
Mais um trecho
aéreo e já caia a noite quando, em Aracaju, meu filho nos apanhou na porta do
aeroporto.
Assim: sextou – prá
casa!
E agora o fim de
semana promete.