Vamos
olhar o texto e pensar teologicamente um pouco:
Sobre o plural de majestade, esse conceito
latino do uso do verbo no plural é bem aceito por alguns exegetas. Mas também é preciso tomar cuidado aqui pois
o verbo אמר (dizer – disse)
usado no verso de Gn 1:26 e em todo o capítulo, mesmo se
referindo ao Deus majestoso, está no singular.
Da mesma forma o verbo ברא (criar – criou)
no verso Gn 1:1.
É interessante também observar que esse fraseado
plural só é encontrado aqui no texto Hebraico do AT.
Em relação ao conceito de Trindade aplicado à
expressão do verso 26. Embora eu creia na
doutrina cristã que expressa um Deus manifestado em Três Pessoas (e há bons
textos bíblicos que apontem nessa direção), mas vê-lo aqui é um pouco forçado.
Talvez a resposta mais simples seja a melhor (como
sempre em Teologia!): na forma poética do texto bíblico, o autor evita um
imperativo singular – a Deus não se dá ordem, nem como recurso literário
– então preferiu uma flexão plural em primeira pessoa para indicar a disposição
divina em moldar o ser humano.
O Criador nos fez de modo singular e proposital
para o louvor de sua glória (posso alinhar minha compreensão aqui a Ef 1:12 e
Is 44:7). Uma tradução moderna que
talvez consiga expressar melhor esse conceito plural/singular seja em língua
inglesa: “Let us make ...”
Para
enriquecer sua compreensão do tema, permita-me duas outras sugestões de
leitura:
◇
DEUS É UMA UNIDADE COMPOSTA?
Num post
aqui no Escrevinhando, com base em Dt 6:4, faço uma análise teológica/exegética
da divindade cristã que se apresenta ao mesmo tempo como três e como um –
acesse o link
◇
No meu livro ENSAIOS TEOLÓGICOS há um artigo sobre O
Nome de Deus e o Culto do Antigo Testamento que tangencia esse tema. Pode ajudar na compreensão – ele está
disponível no Amazon – link