Desde
tempos muito antigos, é uma prática claramente humana desenhar o
mundo em que vive, as coisas e os espaços. Prova disso são as
pinturas de Lascaux na França ou da Serra da Capivara no Piauí.
Nossa
capacidade de ver, compreender e representar a realidade ao redor nos
fez sermos humanos. Foi com nossa arte em desenhar o mundo e lhe
atribuir significado que a existência passou a ter contornos
humanos.
Sei
que lá nos começos as pinturas rupestres indicavam apenas animais,
plantas ou outras coisas do seu mundo físico conhecido. Mas daí
vieram os rituais, símbolos, ideias, abstrações e suas
representações.
O
passo seguinte não foi tão longo. Do desenho das coisas para o
desenho dos espaços. Do registro do mundo físico para a demarcação
do mundo humano.
Assim
os mapas passaram a fazer parte de nossa existência e realidade e
lhe apresentar a sua compreensão.
Mas,
nesta linha de entendimento, como posso definir o que é um mapa.
Que coisa é essa?
Diria,
grosso modo, que um mapa é um desenho geral de um lugar, um espaço.
Ou mais: o desenho do que existe, do que está lá. E não apenas
elevações e vales, rios e árvores; mapa pode ser a descrição da
natureza, mas é também o registro do que fazemos com ela, como a
interpretamos, como humanizamos e lhes damos contornos. Urbi
et orbi.
Mesmo
com o acúmulo das modernas tecnologias, o conceito básico continua
o mesmo. Fotos de satélite, topografia, GPS, geodésia,
cartografia, geografia. Também sociedade, política, economia,
exércitos, etnias, religiões. E os mapas continuam norteando ou
orientando nossa concepção do lugar em que vivemos – apontando o
norte, indicando o leste.
Então
comecei a pensar sobre como essa coisa – o mapa – poderia me
servir de ilustração, de parábola para ver e compreender meu
mundo, minha vida. E realmente não me veio nenhuma ideia além do
lugar-comum: a Palavra de Deus é o nosso mapa.
Mesmo
sendo lugar-comum, a comparação da Palavra de Deus, a Bíblia, como
um mapa pode indicar onde as coisas estão, ou deveriam estar, o que
fizemos com o mundo, como o construímos e desconstruímos. Onde o
Criador colocou cada coisa e onde colocamos nossas marcas e
interferências.
Mas
num mapa, algumas observações pertinentes precisam ser tomadas.
Mapas nos orientam a olhar em direção ao nascer do sol e nós
transformamos a fascinação em adoração. Mapas nos apontam
fronteiras e limites e nós evitamos comer a fruta interdita. Mapas
indicam fontes de água e nós nos achegamos para saciar. Mapas
podem descrever caminhos e nós é que decidimos seguir o Caminho.
É
verdade: desenhamos e construímos mapas para dar contornos e
significados a nossa existência, deixar mais humano o mundo cru,
tornar um espaço em meu canto, meu lugar.
E
que ele me guie à casa do Pai.
(Na
imagem lá em cima, o mapa
de Luís Teixeira de cerca de 1580,
indicando as capitanias brasileiras e o Meridiano de Tordesilhas.
O original atualmente se encontra na Biblioteca da Ajuda – Lisboa/Portugal)
indicando as capitanias brasileiras e o Meridiano de Tordesilhas.
O original atualmente se encontra na Biblioteca da Ajuda – Lisboa/Portugal)
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