quarta-feira, 10 de setembro de 2025

TEMPERANDO A AÇÃO DIVINA

 


No livro TU ÉS DIGNO – uma leitura de Apocalipse – que escrevi e publiquei pela AD Santos Editora em 2021, no contexto do toque das sete trombetas do Apocalipse, eu procurei entender e tempero da ação divina na história.

Leia a citação:

 

Nesta perspectiva, permita-me olhar para o texto como quem olha para a feijoada sendo temperada na panela.  Entendo que um pouco de pimenta é indispensável, mas somente mãos hábeis sabem com maestria acertar-lhe o ponto.  De menos se dilui e se torna imperceptível.  De mais, intragável.  Assim a ira divina tempera a história no ponto certo.  Nem de menos para não ser tida como irrelevante.  Nem de mais que ofusque seu amor.  Assim, atada à justiça divina que permeia toda a história humana, deve sempre estar alinhavado o seu amor imensurável que não deseja que, afinal de contas, ninguém se perca (confirme esta verdade no Antigo Testamento em Ez 18:32 e no Novo em 2Pe 3:9).

Volto a Apocalipse com esta convicção lida nas páginas bíblicas citadas aí.  A cena vista com a sexta trombeta reflete exatamente a mesma verdade.  João sabe que o problema é que a humanidade atingida pelas pragas não se arrependeu das obras das suas mãos; e não pararam de adorar os demônios e os ídolos (...) também não se arrependeram dos seus assassinatos e das feitiçarias (Ap 9:20-21).  Entendo que aqui está a chave de compreensão de toda a desgraça liberada.  O objetivo de Deus é sempre claro, e Apocalipse é constante em reafirmar.  O destino de toda a criação é adorar única e exclusivamente ao Criador (anote Is 43:7).  E quando este rumo é perdido, Deus derrama sua ira santa na tentativa de trazer de volta homens e mulheres à posição para a qual foram criados: adoradores. 

Só relembrando: Apocalipse é um livro de adoração!

 

 


Leia todo o livro TU ÉS DIGNO – Uma leitura de Apocalipse.  Texto comovente, onde eu coloco meu coração e vida à serviço do Reino de Deus. Você vai se apaixonar por este belíssimo texto, onde a fidelidade a Palavra de Deus é uma marca registrada.

Disponível na Amazon.com

terça-feira, 2 de setembro de 2025

EPAFRAS E DIÓTREFES

 


Durante o período do Novo Testamento, muitos líderes se agregaram ao grupo primitivo.  Alguns foram bem referenciados, enquanto outros, mal são citados.

Por exemplo: o Livro de Atos dos Apóstolos nos informa que, em suas viagens missionárias, Paulo contou com a companhia de cristãos como Priscila e Áquila, Barnabé, Silas, Lucas, João Marcos e Timóteo entre outros.

Dentre esses personagens que pouco – ou quase nada – se sabe estão os dois que você citou.  Mas vamos recolher algumas informações que podemos catar nas páginas bíblicas.

 

EPAFRAS (em grego:  Ἐπαφρᾶς – alguns sugerem que seu nome signifique: “aquele que espuma”).  Pela tradição, diz-se que ele deve ter nascido em Colossos, na Anatólia central e foi alcançado para o Evangelho pelo trabalho do Apóstolo Paulo.  Nesse sentido, é bem provável que ele tenha sido um dos fundadores da comunidade cristã ali.

Ele é citado literalmente em três versos do NT:

& Em Cl 1:7 Paulo o cita como um “amado colaborador, servo fiel de Cristo” e também alguém que tinha ajudado o apóstolo em seu trabalho.  E no verso seguinte ele é dito como testemunha do amor que o Espirito tinha dado aos cristãos colossenses.

& Em Cl 4:12 o texto faz referencia a ele como “um de vocês” (o que pode indicar sua origem étnica).  Ele envia saudação à Igreja ali.  E Paulo completa: “Ele está sempre batalhando por vocês em oração, para que, como pessoas maduras e plenamente convictas, continuem firmes em toda a vontade de Deus”.

& No encaminhamento do bilhete a Filemom, Paulo observa que Epafras era companheiro de prisão em Cristo Jesus (em Fm v. 23).

Essas indicações nos apontam para um líder da igreja, fiel, cooperante, evangelista.  Alguém que foi bastante valoroso para o progresso do Caminho em Colossos, Hierápolis e Laodiceia.  E Paulo o tinha em boa conta.

 

DIÓTREFES (em grego:  Διοτρέφης – seu nome, de origem grega, significa literalmente "nutrido por Zeus").  Um líder da igreja joanina em Éfeso.

& A única citação desse personagem se encontra na terceira carta de João onde é descrito como um líder da comunidade mas que “gosta muito de ser o mais importante” e que usa de sua posição para atrapalhar o contato do apóstolo com a igreja, além de que também “ele se recusa a receber os irmãos, impede os que desejam recebê-los e os expulsa da igreja” (vs. 9-10).

Diante disso, Joao se dispõe a, quando o encontrar, chamar a atenção dele para o que está fazendo com suas palavras maldosas contra os crentes.

 

 

Esses são dois exemplos de homens que se colocam à frente da igreja de Deus, mas que usam de suas prerrogativas de liderança para propósitos bem diferentes.

Epafras era um fiel colaborador do Evangelho, exemplo a ser seguido.  Diótrefes era ambicioso, orgulhoso, desrespeitoso da autoridade apostólica, rebelde e rude.

Enquanto um com certeza, foi canal de bênção para toda a igreja, o outro alguém que se servia da posição hierárquica para proveito próprio, sendo assim bastante prejudicial para o progresso do Evangelho e do Reino de Deus.

 

Oxalá o Senhor da igreja nos dê mais Epafras e menos Diótrefes em nossos ajuntamentos cristãos.

 

terça-feira, 26 de agosto de 2025

QUANDO PASSAR A LUA NOVA – Amós e a Palavra Profética

 


Dizendo: quando passar a Lua Nova para vendermos o grão?
E o Sábado para abrirmos o celeiro de trigo?

(Am 8:5)

Como última das acusações proféticas, Amós denunciou a usura que estava escondida sob a observância das práticas cultuais.  A lua nova, bem como o sábado, interrompia as transações comerciais.  Os ricos comerciantes fraudulentos seguiam estritamente tais práticas, mas para o profeta isso não adiantava nada se ela – a guarda dos rituais – não fosse capaz de gerar um novo procedimento e uma nova atitude.

O povo tinha abandonado a essência da religião, estava zeloso para conservar a forma exterior: observava os descansos religiosos, mas os empregava para sonhar com mais lucros vis.  Viviam impacientes para começar o expediente de fraude com medidas falsas.  Nas palavras de J.A. Motyer, eles vendiam menos do que prometiam por um valor maior do que declaravam.  E nas transações menores, sempre ajustavam as balanças para seu próprio proveito.

Nesse caso, a falta de justiça no meio do povo sobrepujava o próprio culto.  É nesse sentido que palavra profética de condenação foi buscar na boca de Javé a referência à própria religião: chegaria o dia em que esse cultuantes sentiriam fome, não a fome de pão que eles faziam os pobres sentir, mas sim fome da Palavra de Deus (veja Am 8:11-12).  E o pior é que não encontrariam como se saciar, pois haveria de chegar fatalmente o fim dos dias de glória de Samaria e de opulência do culto narcótico.

 

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terça-feira, 19 de agosto de 2025

DESPREZO SUAS FESTAS – Amós e a Palavra Profética

 


Eu odeio e desprezo suas festas e não saboreio suas reuniões sagradas.”
(Am 5:21)

Chegou o momento em que Javé daria um “basta!” a tudo que estava ocorrendo em Israel.  O povo de Israel mantivera a forma de adoração prescrita na Lei, mas a despojara de seu valor espiritual.  O expurgo de Jeú obrigou a nação a abandonar o culto a Baal e se voltar exclusivamente a Javé, mas isso não foi suficiente para que o povo o fizesse de coração.

O profeta Amós tinha consciência que a desgraça iminente que sobreviria a Israel era consequência dos desvios na prática da justiça social do próprio povo.  Mas ele foi além na busca das reais causas de tanta desgraça em Israel: o culto a Javé havia se resumido a mero formalismo, o povo só lembrava a aliança em sua parte referente às bênçãos de Javé.  E o culto e a aliança já não traziam implicações para a vida diária de Samaria.

A religião perdera o seu valor de comunicação do ser humano com o seu Deus e a função de preservativo da sociedade, paralelamente à prática da opressão pelos ricos, ainda nas palavras de Bonora, eles viam no culto uma droga eficaz que acalmava suas consciências.  Com isso não tinham medo do julgamento divino pois este lhe seria favorável.  Eles criam que, em cumprindo os rituais, estariam longínquos os dias de ruina.  Mas, como denunciado pelo profeta, de fato se apressava o advento da violência devastadora do inimigo (veja Am 6:3).

A rejeição do culto formalístico que não estava mais em conformidade com a práxis social foi taxativa e o apelo foi claro e poético: “corra, porém, a justiça como as águas, e a retidão como um ribeiro perene” (Am 5:24).

 

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terça-feira, 12 de agosto de 2025

ODEIAM NA PORTA – Amós e a Palavra Profética

 


Odeiam aqueles que os repreendem na porta e abominam aqueles que falam corretamente.”
(Am 5:10)

A entrada da cidade era o lugar onde se reuniam os anciãos para tratar de queixas, apelos, comércio, política e lei local.   Mas, por conta da decadência moral de Israel, esse dispositivo básico da justiça e do direito estava deturpado. 

A denúncia do profeta foi contundente, pois não encobriu a injustiça que negava direitos iguais a todos.  Se Israel via a justiça como o critério das relações, e isso como uma necessidade indispensável para a própria sobrevivência do povo, a desigualdade social trazia dentro de si o germe que iria minar e fazer sucumbir toda a sociedade. 

O profeta clamou contra aqueles que aborreciam o juízo nas portas das cidades pois via aí um pecado que traria como consequência a destruição de ricos e pobres e a decadência da nação.

Segundo Antonio Bonora, no tempo de Amós o estado impunha uma determinada quantia que devia ser paga, como taxa, pela aldeia.  Quando ocorria uma assembleia local, os cidadãos se reuniam e dividiam as contribuições com o que cada um deveria pagar.  Como os juízes haviam sido “comprados” pelos ricos comerciantes e latifundiários, essa quantia era dividida de modo desigual fazendo com que a cada dia o abismo crescesse entre ricos e pobres.

Então o castigo seria inevitável: Javé deveria passar e, por conta disso, em toda praça haveria pranto no mesmo lugar onde o juízo foi aborrecido.  Se um dos principais pecados de Israel era a opressão dos pobres, o castigo seria que estes que agora oprimem haveriam de chorar pela destruição de tudo o que construíram com o suor dos oprimidos.

 

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terça-feira, 5 de agosto de 2025

VACAS DE BASÃ – Amós e a Palavra Profética

 


Ouçam esta palavra, vocês vacas de Basã ...”
(Am 4:1)

Depois de uma passagem poética quando, de maneira genérica, Amós denunciou erros e mostrou o fim das nações que cercavam Israel e Judá – terminando por denunciar também o próprio Israel – o profeta começou então as suas acusações contra os problemas específicos pelos quais passava a nação.  Assim ele foi buscar o problema nas suas causas: as intenções e pecados o próprio povo.  E para exemplificar, ele tomou o caso das mulheres israelitas a quem comparou com as vacas de Basã.

Basã era uma região a leste do Jordão famosa por suas ricas pastagens e gado nobre.  Seus touros eram fortes de aspecto (veja Sl 22:12).  Amós não estava falando somente aos “touros”, aos governantes e líderes de Israel, mas também às mulheres que com suas exigências e ambições dispendiosas, estavam levando os maridos a praticar injustiças para satisfazer seus caprichos cobiçosos de obter mais e mais luxo e poder.  Para Amós, as vacas eram o símbolo do espírito gozador das mulheres de Samaria.

Mas “jurou o Senhor Deus, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, dias em que vos levarão com anzóis, e aos que sairdes por último com anzóis de pesca (Am 4:2).

O pecado e a injustiça não ficariam impunes.  Imediatamente após a denúncia deles veio o anúncio do juízo de Deus: o aparentemente fortificado Reino de Israel estava prestes a cair, as muralhas da cidade seriam estragadas pela invasão, e pelas brechas seriam arrastadas as mulheres orgulhosas, levadas ao cativeiro, como se leva uma manada de vacas.


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terça-feira, 29 de julho de 2025

ASSIM FALA O ETERNO – Amós e a Palavra Profética

 


Assim fala o ETERNO ...”
(Am 1:3)

Em Amós começou uma nova fase no profetismo em Israel – profetismo clássico – mas essa nova fase não seria marcada por uma ruptura com as tradições espirituais da nação, mas por uma releitura, reavivamento e reaplicação dessas tradições.  Assim o que liga Amós a Moisés, Samuel e Elias que o antecederam e a Isaias, Jeremias e Ageu que o sucederam foi a relação pessoal deles com Javé, o Deus de Israel, e o apego às suas tradições mais fundamentais.

A vivíssima consciência da vocação que Amós apresentou foi fundada no fato de que Deus irrompeu em sua vida para ocupá-la e colocar em sua boca a palavra profética.  Logo: ser chamado e profetizar estariam em relação direta de causa e efeito.

O profeta enquanto escolhido restava santificado, ou seja, separado a estar numa estreita relação com Javé que se tornava assim seu Deus.  E nas palavras de Nother Fuelister, Deus é quem consagrava o profeta que, por sua vez, obtinha com isso acesso e possibilidade de visão do mundo sobrenatural e celeste, o que lhe outorgava percepção e reunião dos planos divinos.

Assim, a principal característica do profeta era sua imediateza com Deus e possuir na sua boca a palavra dele.  E em razão disso, o profeta se mostrava capaz de dar nova vida e atualidade à tradição que, sem ele, correria o risco de se fossilizar ou tornar-se insípida e irrelevante.

 

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