terça-feira, 27 de maio de 2025

A CATEDRAL

 


Um dia desses a minha tia me mandou um vídeo sobre como a arquitetura dos templos atuais tem se parecido com shoppings centers.  Gostei.  E, de saída, muitas linhas de pensamento começaram a se emaranhar.

Mas, antes, deixe-me dar os devidos créditos.  Fui procurar e achei, nas redes sociais, a postagem da Mariane Santana (@marianecsantana) de 25/04 na qual ela se refere à "arquitetura religiosa na sociedade do desempenho".

Puxei um fio de pensamento e, a partir dele, segui desenvolvendo de um ponto a outro, de uma ideia a outra, de um conceito a outro.

 

Historicamente o nosso Cristianismo sempre se mostrou aberto a dialogar com a sociedade e o mundo ao seu redor.  Aprendeu com o Mestre Jesus!  E esse diálogo tanto lhe trouxe benefícios como prejuízos – a questão não seria essa. 

Paulo, no NT, chegou a Atenas e se propôs a falar do "Deus desconhecido" (confira At 17:23).

Daí, chegando ao filosófico mundo helênico, os pais da igreja produziram boas reflexões.

No oriente, a fé cristã se revestiu de sua mística própria.

Durante o medievo europeu, o estudo ficou confinado aos mosteiros enquanto o populacho laico deu vez e voz ao sincretismo de fetiche.

Já quando o iluminismo varreu as ideias do velho continente, pensadores protestantes enriqueceram o colóquio com suas ponderações.

E por aí se foi...

 

Aqui o fio me trouxe de volta ao tema original: esses templos de hoje travestidos de shoppings e que são projetados "para facilitar o fluxo de capital".

É o diálogo cristão com a sociedade na sua pior versão.

Se Mamom é o deus dessa era capitalista em que o ganho e acúmulo requer para si a primazia da adoração, uma igreja que se submete à sua doutrina não pode estar servindo ao Deus cristão (essa é a lógica explícita de Jesus em Mt 6:24 / Lc 16:13).

Ou se adora ao Deus da cruz ou se adora ao deus do shopping.  Ou se busca o Reino de Deus ou se busca capital.  Os dois não são servidos juntos.

 

Então o fio me levou mais adiante (ou lá para traz).  E lembrei como me senti impactado quando tive a oportunidade de conhecer a Catedral de Colônia (isso já vão mais de vinte anos).  Confesso: sua arquitetura, como arte cristã, mexeu comigo.

 

Parêntese 1.  Já escrevi sobre o que é arte.  Está aqui no Escrevinhando (link).

Parêntese 2.  Sei que tenho uma foto minha lá na Catedral, mas por hora não achei, então resolvi ilustrar com uma imagem que colhi no pixabay.com.

 

Voltando à Catedral.

Sobre os detalhes históricos e de arquitetura não vejo necessidade de apontar.  Não tenho a técnica necessária e sei que na Internet estão disponíveis as informações.

 

Aquela Catedral gótica atraiu-me ao espírito de mistério e transcendência (e aqui sim transito em chão conhecido). 

O culto é "um momento cristão de celebração festiva, e também de reflexão, contrição e dedicação, porém, principalmente, um momento de encontro com Cristo" (do livro “DE ADÃO ATÉ HOJE – Um estudo do Culto Cristão”).

E a arquitetura de nossos templos deve representar o solo sagrado – ainda que nosso Deus não habite em "templos feitos por mãos de homens" (citado por Estêvão em At 7:48 e repetido por Paulo em At 17:24).

A Catedral cristã com seu pé direito amplo, seus vitrais coloridos, suas sombras desfocadas, sua torre apontando para o alto apresentou-se a mim como um convite ao silêncio respeitoso e à reverência solene diante do Deus Altíssimo que se revela graciosamente ao ser humano em sua pequenez insignificante.

Ali eu fui atraído à adoração humilde ao que nos convida a receber de sua graça "sem dinheiro e sem preço" (leio assim em Is 55:1).

E parece até que daria para ouvir um Oratório de Bach ao fundo (para mim: a trilha sonora perfeita para contrição e adoração).

 

Parêntese final.  O livro DE ADÃOATÉ HOJE – Um estudo do Culto Cristão está disponível no Amazonlink).

 

2 comentários:

  1. Não poderia ser melhor comentado! Excelente, merece ser mais divulgado.Obrigada pela referência.

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    1. Uma cruzada pela essência da piedade e adoração verdadeiras na igreja é sempre uma batalha que vele a pena assumir. Deus abençoe sempre.

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