sexta-feira, 25 de novembro de 2011

BARTIMEU, A MULTIDÃO E JESUS


Os três Evangelhos sinóticos contam que, na porta de entrada da cidade de Jericó, o cortejo que acompanhava Jesus encontrou um homem cego mendigando à beira do caminho (confira em Mt 20:29-34; Mc 10:46-52; Lc 18:35-43). 
Nenhum detalhe da narração ou das circunstâncias parece estranho ou absurdo.  Mendicantes ao longo das vias eram comuns na empobrecida Judeia do século I.  As multidões acompanharam Jesus com relativa frequência pelos mais diversos motivos.  E também é verdade que Jesus desenvolveu seu ministério de forma itinerante.  Mas olhando de per si os três personagens, quero destacar como cada um lidou com a situação e de que modo ainda hoje cada um de nós também o faz.
O primeiro personagem é o cego mendicante.  Marcos o chama de Bartimeu.  Segundo a narrativa dos evangelistas, o cego ao perceber a multidão, se inteirou do que se tratava; e ao saber que era Jesus, o Nazareno, se pôs a chamá-lo com veemência: "Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!" Por saber da sua situação e por crer que estava diante dele a única possibilidade de restauração, o cego clamou. 
Ao longo do caminhar da história, por vezes sou também levado à mendigar por migalhas de vida.  Mesmo não me faltando a subsistência material, o vazio e a carência existencial insistem em me colocar à margem.  Em tal situação é preciso aprender com Bartimeu e ter convicção e fé que somente Jesus pode mudar a minha história.  Então eu devo clamar também com veemência.
Como segundo personagem sou apresentado à multidão.  Os Evangelhos contam que eles estavam convivendo com Jesus há algum tempo e já tinham experimentado do seu poder e de suas maravilhas.  Mas agora estavam diante da concorrência do cego.  Aqui a multidão mostrou não ter ainda compreendido corretamente as lições do Mestre: com o desejo de possuir a exclusividade do Messias, eles foram incapazes de demonstrar amor e cuidado para com o próximo.
Vivendo com Cristo, tenho também sido agraciado com as bênçãos dele.  Mas é preciso confessar que ainda sou tentado por um ciúme doentio para com as coisas sagradas.  Nestes momentos é preciso deixar de lado a multidão e aprender a compartilhar a minha fé e atrair pessoas para o convívio evangélico.
Então aparece o próprio Jesus, o terceiro e principal personagem da história.  Ele apenas mandou chamar o cego e lhe perguntou o que queria.  Jesus conseguiu ouvir a voz de Bartimeu no meio da multidão e demonstrou real interesse pela sua situação: "Que queres que eu te faça?"  Sendo Filho de Deus e detentor de todo o poder, Jesus se dispôs a ajudar em qualquer que fosse o problema. 
Nunca foi a quantidade da multidão que atraiu Jesus, mas a voz dos indivíduos que clamam.  Ainda hoje, Jesus continua mais interessado em pessoas que em números ou estatísticas.  Por isso ele continua a ouvir qualquer filete de oração que eu lhe dirija.  Por outro lado, como tal poder e disposição ainda hoje estão ao meu alcance, pois o Cristo ainda tem amor e cuidado para com todos, então posso ter certeza que ele se apresenta para mim como meu ajudador.
Que deste encontro com o Mestre, meus olhos sejam abertos para a glória dele.

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