Os três Evangelhos sinóticos contam que, na porta
de entrada da cidade de Jericó, o cortejo que acompanhava Jesus encontrou um
homem cego mendigando à beira do caminho (confira em Mt 20:29-34; Mc 10:46-52;
Lc 18:35-43).
Nenhum detalhe da narração ou das circunstâncias
parece estranho ou absurdo. Mendicantes
ao longo das vias eram comuns na empobrecida Judeia do século I. As multidões acompanharam Jesus com relativa
frequência pelos mais diversos motivos.
E também é verdade que Jesus desenvolveu seu ministério de forma itinerante. Mas olhando de per si os três personagens,
quero destacar como cada um lidou com a situação e de que modo ainda hoje cada
um de nós também o faz.
O primeiro personagem é o cego mendicante. Marcos o chama de Bartimeu. Segundo a narrativa dos evangelistas, o cego
ao perceber a multidão, se inteirou do que se tratava; e ao saber que era
Jesus, o Nazareno, se pôs a chamá-lo com veemência: "Jesus, Filho de Davi,
tem compaixão de mim!" Por saber da sua situação e por crer que estava
diante dele a única possibilidade de restauração, o cego clamou.
Ao longo do caminhar da história, por vezes sou também
levado à mendigar por migalhas de vida.
Mesmo não me faltando a subsistência material, o vazio e a carência existencial
insistem em me colocar à margem. Em tal
situação é preciso aprender com Bartimeu e ter convicção e fé que somente Jesus
pode mudar a minha história. Então eu devo
clamar também com veemência.
Como segundo personagem sou apresentado à multidão. Os Evangelhos contam que eles estavam
convivendo com Jesus há algum tempo e já tinham experimentado do seu poder e de
suas maravilhas. Mas agora estavam diante
da concorrência do cego. Aqui a multidão
mostrou não ter ainda compreendido corretamente as lições do Mestre: com o
desejo de possuir a exclusividade do Messias, eles foram incapazes de demonstrar
amor e cuidado para com o próximo.
Vivendo com Cristo, tenho também sido agraciado com
as bênçãos dele. Mas é preciso confessar
que ainda sou tentado por um ciúme doentio para com as coisas sagradas. Nestes momentos é preciso deixar de lado a multidão e
aprender a compartilhar a minha fé e atrair pessoas para o convívio evangélico.
Então aparece o próprio Jesus, o terceiro e
principal personagem da história. Ele
apenas mandou chamar o cego e lhe perguntou o que queria. Jesus conseguiu ouvir a voz de Bartimeu no
meio da multidão e demonstrou real interesse pela sua situação: "Que
queres que eu te faça?" Sendo Filho
de Deus e detentor de todo o poder, Jesus se dispôs a ajudar em qualquer que
fosse o problema.
Nunca foi a quantidade da multidão que atraiu
Jesus, mas a voz dos indivíduos que clamam.
Ainda hoje, Jesus continua mais interessado em pessoas que em números ou
estatísticas. Por isso ele continua a ouvir
qualquer filete de oração que eu lhe dirija.
Por outro lado, como tal poder e disposição ainda hoje estão ao meu
alcance, pois o Cristo ainda tem amor e cuidado para com todos, então posso ter
certeza que ele se apresenta para mim como meu ajudador.
Que deste encontro com o Mestre, meus olhos sejam
abertos para a glória dele.
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