Já pensando sobre os últimos bagos da jaca do Espírito, para esta reflexão o apóstolo nos apresenta o tema da mansidão. O bago da mansidão é daqueles que implicam em similaridade com Jesus, ou seja, ele se desenvolve em mim na medida em que consigo reproduzir as características essenciais dele. Creio que são bastantes conhecidas as palavras do Mestre quando diz: ... sou manso e humilde de coração (leia toda a declaração em Mt 11:28-30).
Dizendo de outra forma: compreendo que frutificar no Espírito é ser impregnado com as marcas indeléveis de Cristo (gosto desta palavra: indelével = aquilo que não pode ser deletado). Ora, se Jesus em seu poder e autoridade se submeteu com mansidão e humildade ao seu destino por Deus traçado (compare Jo 6:38 com Lc 22:42), então igualmente eu também, para que minha vida se torne útil, válida e saborosa, como um suave bago de jaca, tenho que ter e manter um coração humilde e manso de submissão e obediência àquilo que Deus tem reservado para minha história.
Distendendo ainda mais este conceito, deixe-me enfatizar que mansidão, como bago da jaca do Espírito em minha vida, não é uma atitude simples e passiva de fuga ou resignação, é antes um posicionamento sincero e corajoso de reconhecimento da vontade soberana de Deus tendo a certeza de que ela é boa, agradável e perfeita para mim (considere Rm 12:2). E, já que jaca é fruta nossa, me permitam duas expressões bem sertanejas: ser manso não é ser abestado, mas é ser ladino para encarnar a vontade de Deus.
Refletindo ainda sobre mansidão nas páginas da Bíblia, quero destacar uma ordem e duas promessas. Desfrute comigo deste bago.
No pequeno livro das profecias de Sofonias há uma ordem direta: "busquem a mansidão" (leia em Sf 2:3). Entre as diversas instruções sagradas – lembre-se: é ordem e não conselho – está a de que todo aquele que espera pelo grande dia do Senhor deve necessariamente buscar tornar-se manso.
As duas promessas eu encontro no livro dos Salmos. A primeira é repetida por Jesus no Sermão do Monte: "os mansos herdarão a terra" (em Sl 37:11 e Mt 5:5). Quando em minha vida está presente o bago da mansidão – o que implica em me tornar submisso à vontade de Deus como Cristo é – então posso tomar para mim todas as promessas eternas de paz e herança.
A segunda promessa amplia a primeira: "os mansos comerão e se fartarão" (no Sl 22:26). A mansidão como fruto do Espírito em minha vida é promessa de saciedade. Penso que, para melhor entender o que Davi quis dizer neste poema, deixe-me convidá-lo para sentar debaixo da sombra de uma grande jaqueira depois do almoço e, enquanto a tarde se vai caindo lenta e gostosamente (como é lindo o entardecer assim!), vá pegando babo por bago na própria fruta e comendo até que já farto apanhe mais um bago e suspire mansamente: estou satisfeito!!!
Assim é a mansidão na vida dos que são regidos pelo Espírito, eles se sentem fartos, saciados, satisfeitos por desfrutar da vontade de Deus em suas vidas.
Apenas desejo que o próprio Senhor nos farte com os bagos de sua mansidão.
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