terça-feira, 22 de outubro de 2024

LAVANDO OS PÉS



Jesus começou as instruções finais aos discípulos não com um discurso, mas com uma lição prática.  E o evangelista João se esmera em narrar o ocorrido (confira no capítulo 13 de Evangelho).

Na noite anterior à celebração da Festa da Páscoa, Jesus reuniu seus discípulos para uma última celebração.  Era o momento apropriado e a ceia que ali transcorria seria especial pela atmosfera, pelo fato em si, e pelas demonstrações e lições que o Mestre dali extrairia.

João conta que Jesus se levantou no meio dos discípulos, tirou a capa, tomou uma simples toalha amarrando na cintura, colocou água numa bacia e abaixou-se para lavar os pés dos apóstolos ali presentes – atitudes simples e determinadas.

Já começando pelo próprio visual, Jesus estava se apresentando como um serviçal sem qualquer prestígio social.  Aqueles trajes não eram de um Mestre, eram de um servo.  E o gesto era somente apropriado a um escravo.

Mas para Jesus, aquilo não era somente ritual de colocação social; era uma demonstração concreta de sua vida e ministério.  Além de que, com isto, ele se colocava de maneira definitiva como o exemplo de serviço que seria exigido dos seus discípulos (leia Jo 13:15).

Pedro tomou a palavra e, embora estivesse falando por si, talvez representasse o pensamento e a incompreensão geral dos discípulos naquele momento.  O que viria a ser aquele gesto?  Ali, num primeiro momento, ele se recusou a receber o serviço de Cristo, mas depois o quis estender a todo o corpo (confira versos 6-8).

Foi então que Jesus deu uma explicação sobre o que ali estava ocorrendo:  Lavar os pés físicos era apenas um símbolo da lavagem total da alma que o próprio Jesus estava proporcionando aos que a ele seguissem: – Estás limpos (v. 10).

A cerimônia e o ritual do lava-pés, porém, em si não era o objetivo.  Ele apontava para verdades superiores: a lavagem completa que Jesus proporcionava aos seus discípulos: o perdão dos pecados (o próprio João em sua primeira carta iria citar que ele é fiel e justo para nos perdoar de todo pecado – 1Jo 1:9).

Porém havia ainda outras lições.  João continua narrando que Jesus retomou sua posição à mesa e pôs novamente sua capa e começou a instruir seus discípulos com base no que acabara de ocorrer:

Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou (v. 13).

Ora, reconhecer a Cristo como Mestre e Senhor é indispensável ao discipulado cristão.  E eu diria mais: não há vida cristã sem tal reconhecimento.

E Jesus prosseguiu ensinando: se o Mestre foi capaz de mostrar sua grandeza em descer de sua posição e servir, então esta deve ser a atitude dos discípulos.  Com sincera humildade, a vida dos que seguem a Jesus deve ser sempre de serviço (confira Jo 13:15-16 neste sentido).

Com isto, Jesus estava tanto instruindo que a vida do cristão deve colocá-lo numa atitude servil individual como criando uma rede de serviço mútuo que estava começando como ele mesmo e se estendendo para a comunidade de fé que dali surgiria.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário