Jesus
começou as instruções finais aos discípulos não com um discurso, mas com uma
lição prática. E o evangelista João se
esmera em narrar o ocorrido (confira no capítulo 13 de Evangelho).
Na noite anterior à celebração da Festa da Páscoa,
Jesus reuniu seus discípulos para uma última celebração. Era o momento apropriado e a ceia que ali
transcorria seria especial pela atmosfera, pelo fato em si, e pelas
demonstrações e lições que o Mestre dali extrairia.
João conta que Jesus se levantou no meio dos
discípulos, tirou a capa, tomou uma simples toalha amarrando na cintura,
colocou água numa bacia e abaixou-se para lavar os pés dos apóstolos ali
presentes – atitudes simples e determinadas.
Já começando pelo próprio visual, Jesus estava se
apresentando como um serviçal sem qualquer prestígio social. Aqueles trajes não eram de um Mestre, eram de
um servo. E o gesto era somente
apropriado a um escravo.
Mas para Jesus, aquilo não era somente ritual de
colocação social; era uma demonstração concreta de sua vida e ministério. Além de que, com isto, ele se colocava de
maneira definitiva como o exemplo de serviço que seria exigido dos seus
discípulos (leia Jo 13:15).
Pedro tomou a palavra e, embora estivesse falando
por si, talvez representasse o pensamento e a incompreensão geral dos
discípulos naquele momento. O que viria
a ser aquele gesto? Ali, num primeiro
momento, ele se recusou a receber o serviço de Cristo, mas depois o quis
estender a todo o corpo (confira versos 6-8).
Foi então que Jesus deu uma explicação sobre o que
ali estava ocorrendo: Lavar os pés
físicos era apenas um símbolo da lavagem total da alma que o próprio Jesus
estava proporcionando aos que a ele seguissem: – Estás limpos (v. 10).
A cerimônia e o ritual do lava-pés, porém, em si
não era o objetivo. Ele apontava para
verdades superiores: a lavagem completa que Jesus proporcionava aos seus
discípulos: o perdão dos pecados (o próprio João em sua primeira carta iria
citar que ele é fiel e justo para nos perdoar de todo pecado – 1Jo 1:9).
Porém havia ainda outras lições. João continua narrando que Jesus retomou sua
posição à mesa e pôs novamente sua capa e começou a instruir seus discípulos
com base no que acabara de ocorrer:
– Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem,
porque eu o sou (v. 13).
Ora, reconhecer a Cristo como Mestre e Senhor é
indispensável ao discipulado cristão. E eu
diria mais: não há vida cristã sem tal reconhecimento.
E Jesus prosseguiu ensinando: se o Mestre foi
capaz de mostrar sua grandeza em descer de sua posição e servir, então esta
deve ser a atitude dos discípulos. Com
sincera humildade, a vida dos que seguem a Jesus deve ser sempre de serviço (confira
Jo 13:15-16 neste sentido).
Com isto, Jesus estava tanto instruindo que a vida
do cristão deve colocá-lo numa atitude servil individual como criando uma rede
de serviço mútuo que estava começando como ele mesmo e se estendendo para a
comunidade de fé que dali surgiria.
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