terça-feira, 16 de julho de 2024

PENSANDO NO LIVRO DAS LAMENTAÇÕES – olhando a esperança

Trouxe uma primeira postagem sobre o Livro das Lamentações de Jeremias (você pode reler no link).  Aqui continuo a reflexão baseada numa lição publicada originalmente na Revista COMPROMISSO da Editora Convicção.  Continue pensando no Livro de Lamentações.

 


OLHANDO A ESPERANÇA –

 

Tendo certeza de que o castigo pelo pecado já se cumpriu (4.22), o lamento pode ser transformado em súplica: “SENHOR, lembra-te do que aconteceu conosco; restaura-nos a ti para que voltemos a ti, SENHOR; renova os nossos dias como antigamente” (5.1,21).

E a súplica sincera diante de Deus faz nascer a esperança.  O que começou como um choro doído e tristeza profunda, quando foi dirigido ao Senhor que é justo mudou em uma canção de esperança na certeza de que as misericórdias “renovam-se a cada manhã” (3.23).

Três fatores basicamente deram sustentação à confiança que veio da lamentação apresentada em forma de invocação ao nome do Senhor.

A primeira sustentação era a lembrança esperançosa.  Se o cenário não se lhe mostrava nada que inspirasse alento, que sua mente fosse ocupada de lembranças e esperanças (3.21).  Os olhos nas circunstâncias só mostravam desolação e provocavam lamentação, mas a lembrança e a certeza de que “bom é o SENHOR para os que esperam nele, para quem o busca” (v. 25), era sem dúvida um alento para continuar firme confiando naquele que não nos rejeita para sempre (v. 31).

No exercício da lembrança daquele que é grande em fidelidade (3.23) está a disciplina que dá base para suportar o jugo da juventude e, assim, calado e talvez solitário “aguardar tranquilo a salvação do SENHOR” (v. 26).

Distendendo daí, outro fator sustentou a esperança: o conhecimento.   O profeta sabia que o Senhor é bom e por isso ele “não rejeitará para sempre” (3.31) e, embora possa permitir que tristezas sobrevenham sempre “terá compaixão segundo a grandeza da sua misericórdia” (v. 32).

É certo que não é do agrado do Senhor “afligir nem entristecer os filhos dos homens” (3.33).  Por isso o lamento em forma de clamor apresentado ao Senhor voltou-se como esperança e resposta.  Não restou dúvida de que o Senhor atendeu sua prece: “Tu te aproximaste no dia em que te invoquei” (v. 57).

Assim, diante de tanta desgraça, a convicção de que “a bondade do SENHOR é a razão de não sermos consumidos”, certeza essa que se distende na absoluta verdade de que “as suas misericórdias não têm fim” (3.  22), também alicerça seu canto confiante.

Ora, baseado numa lembrança que produz confiança e na fé confiante de um Deus, resta mais uma sustentação da certeza de que o Senhor haveria de ouvir e atender o clamor da lamentação: o perdão. 

A causa principal da queda da cidade foi que “Jerusalém pecou gravemente” (1.8), disso o autor bíblico não tem dúvida.  Mas quando há uma mudança de atitude do povo examinado seus caminhos, levantando o coração e as mãos em direção a Deus e voltando para o Senhor (3.40,41), firma-se a fé: “tu não perdoaste” (v. 42).

Esse lamento que se mostrou inicialmente sofrido pelas desgraças vistas, finalmente foi capaz de ser a expressão da oração confiante: “Restaura-nos a ti para que voltemos a ti, SENHOR; renova os nossos dias como antigamente” (5.21).

(Da revista “COMPROMISSO” – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468)

 

 

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