terça-feira, 6 de março de 2012

MEU IRMÃO ROBINSON


Passada mais de uma semana das primeiras notícias que me chegaram sobre a morte de Dom Robinson Cavalcanti e sua esposa; depois de apresentados detalhes da tragédia; depois de prestadas as justas homenagens e de terem sido publicadas variadas e apropriadas notas; depois de passado o impacto inicial e de poder refletir sobre o sentimento de orfandade que se abateu sobre a nação evangélica brasileira e sobre a crueza da vida que tal episódio nos impõe; sinto-me impelido a dizer algo sobre meu irmão Dom Robinson.
Antes de mais, deixe-me lembrar que embora seja verdade que irmão não se escolhe, apenas amigos, eu certamente o teria escolhido com santo orgulho para constar na minha relação de irmãos.
É verdade que nunca tive contatos mais pessoais ou o privilégio de desfrutar de momentos de íntima descontração com Dom Robinson.  Certamente meu nome não constaria da relação de convivas para suas bodas.  Mas isto não é um problema e nem faço este tipo de colocação com nenhum resquício de mágoa, queixa ou carência.  Fomos separados pela geografia e um pouco pela história – mais só um pouco!  Mas isto também não é um problema, pois em Cristo fomos irmãos.  E isto vale muito mais.
Pelo pouco que li dele e o ouvi falando posso dizer, sem medo de errar, que Dom Robinson Cavalcanti foi verdadeiramente um profeta de Deus para o Brasil.  Ele foi um daqueles cristãos que, por terem levado a sério e com ousadia sua vida e sua missão, enchem de brio e orgulho a nossa rica herança cristã brasileira.  Sobre ele se pode dizer que ouviu as palavras ditas a rainha Ester como se fossem suas, e as encarnou corajosamente (confira em Et 4:12-14).
Lembro-me de duas frases que ouvi de Dom Robinson, ainda antes de ele ter sido sagrado ao episcopado, e que de certo modo ajudaram a forjar meu início de formação teológica e pastoral – e aqui as cito de memória.
Numa reunião preparatória do MEP (Movimento Evangélico Progressista) ele disse sonhar em envelhecer fazendo passeatas e pregando o evangelho – engajamentos plenamente compatíveis.  Não sei se Deus fez acontecer seu sonho, mas tenho certeza que Cristo realizou muito além do que ele pediu ou pensou (com base em Ef 3:20).
Falando na capela do Seminário Batista do Norte em Recife, onde estudei, ele nos cutucou afirmando ser evangélico por verdadeira opção enquanto nós o éramos por alinhamento denominacional.  E o desafio ficou como um chamado ao comprometimento voluntário e decidido com o evangelho que pregamos (seriam legítimas para ele as palavras de Js 24:15).
Quero concluir estas palavras pontuando que naquela noite, enquanto a morte recolhia Dom Robinson Cavalcanti e sua esposa, lá da eternidade, o Senhor o aguardava para lhe dizer: "muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito.  Venha e participe da alegria do seu senhor!" (Mt 25:21).

2 comentários:

  1. Caro pastor Jabes Filho,

    Gosto bastante de ler seus textos que para mim são muito inspirativos. Quanto a este servo do Senhor levado de uma maneira brutal, lamento profundamente que tenha sido dessa forma. Entretanto, ao lembrar de como fora um servo fiel, agradeço a Deus pela vida que passou entre os vivos.

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    1. Sheylinha querida, obrigado pelo comentário.
      Há algumas partidas que são por demais dolorosas. a de Dom Robinson foi uma delas por tudo o que ele representou para o povo evangélico brasileiro, sua coragem, compromisso e exemplo, inclusive em momentos decisivos de nossa história. Oro para que o Senhor faça levantar entre nós outros profetas como ele.
      Um abraço.

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