Passada mais de uma semana das primeiras notícias
que me chegaram sobre a morte de Dom Robinson Cavalcanti e sua esposa; depois
de apresentados detalhes da tragédia; depois de prestadas as justas homenagens
e de terem sido publicadas variadas e apropriadas notas; depois de passado o
impacto inicial e de poder refletir sobre o sentimento de orfandade que se
abateu sobre a nação evangélica brasileira e sobre a crueza da vida que tal
episódio nos impõe; sinto-me impelido a dizer algo sobre meu irmão Dom
Robinson.
Antes de mais, deixe-me lembrar que embora seja
verdade que irmão não se escolhe, apenas amigos, eu certamente o teria
escolhido com santo orgulho para constar na minha relação de irmãos.
É verdade que nunca tive contatos mais pessoais ou
o privilégio de desfrutar de momentos de íntima descontração com Dom Robinson. Certamente meu nome não constaria da relação
de convivas para suas bodas. Mas isto
não é um problema e nem faço este tipo de colocação com nenhum resquício de mágoa,
queixa ou carência. Fomos separados pela
geografia e um pouco pela história – mais só um pouco! Mas isto também não é um problema, pois em
Cristo fomos irmãos. E isto vale muito
mais.
Pelo pouco que li dele e o ouvi falando posso
dizer, sem medo de errar, que Dom Robinson Cavalcanti foi verdadeiramente um
profeta de Deus para o Brasil. Ele foi
um daqueles cristãos que, por terem levado a sério e com ousadia sua vida e sua
missão, enchem de brio e orgulho a nossa rica herança cristã brasileira. Sobre ele se pode dizer que ouviu as palavras
ditas a rainha Ester como se fossem suas, e as encarnou corajosamente (confira
em Et 4:12-14).
Lembro-me de duas frases que ouvi de Dom Robinson, ainda
antes de ele ter sido sagrado ao episcopado, e que de certo modo ajudaram a
forjar meu início de formação teológica e pastoral – e aqui as cito de memória.
Numa reunião preparatória do MEP (Movimento Evangélico
Progressista) ele disse sonhar em envelhecer fazendo passeatas e pregando o
evangelho – engajamentos plenamente compatíveis. Não sei se Deus fez acontecer seu sonho, mas
tenho certeza que Cristo realizou muito além do que ele pediu ou pensou (com
base em Ef 3:20).
Falando na capela do Seminário Batista do Norte em
Recife, onde estudei, ele nos cutucou afirmando ser evangélico por verdadeira
opção enquanto nós o éramos por alinhamento denominacional. E o desafio ficou como um chamado ao
comprometimento voluntário e decidido com o evangelho que pregamos (seriam legítimas
para ele as palavras de Js 24:15).
Quero concluir estas palavras pontuando que naquela
noite, enquanto a morte recolhia Dom Robinson Cavalcanti e sua esposa, lá da
eternidade, o Senhor o aguardava para lhe dizer: "muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o
muito. Venha e participe da alegria do
seu senhor!" (Mt 25:21).
Caro pastor Jabes Filho,
ResponderExcluirGosto bastante de ler seus textos que para mim são muito inspirativos. Quanto a este servo do Senhor levado de uma maneira brutal, lamento profundamente que tenha sido dessa forma. Entretanto, ao lembrar de como fora um servo fiel, agradeço a Deus pela vida que passou entre os vivos.
Sheylinha querida, obrigado pelo comentário.
ExcluirHá algumas partidas que são por demais dolorosas. a de Dom Robinson foi uma delas por tudo o que ele representou para o povo evangélico brasileiro, sua coragem, compromisso e exemplo, inclusive em momentos decisivos de nossa história. Oro para que o Senhor faça levantar entre nós outros profetas como ele.
Um abraço.