terça-feira, 20 de março de 2012

Parábola das coisas – a panela



Desde os tempos mais primordiais, o ser humano trouxe entre seus apetrechos mais cotidianos uma panela.  Tendo sido confeccionadas de diversos materiais – de barro, pedra ou metal – e das mais diferentes formas e tamanhos – caldeirões, caçarolas ou assadeiras – a panela sempre manteve o seu conceito essencial: um vasilhame onde o de comer pudesse ser colocado para ser levado ao fogo e, tendo passado pela alquimia deste, se ver transformado em refeição.
Por conta desta familiaridade, a panela se prestou ao longo das eras às mais diversas comparações e sugestões; poucas são as culturas em que ela não esteja presente, nem que seja como coadjuvante.  Duvida disso?  Então se lembre da primogenitura de Esaú trocada pela sopa de lentilhas que estava na panela de Jacó (leia em Gn 25:39-34)!
E ainda por conta desta mesma familiaridade, vou me dar o direito de propor usar a panela como parábola numa perspectiva diferente. 
Considerando que a vida da gente sempre está envolvida num processo nutricional, então penso que é sábio compreender que sou um ingrediente nas mãos do eterno e divino Chef.  Veja que isso não me menospreza ou rebaixa, pelo contrário, é uma honra e me sinto agraciado em poder ser participante de tão maravilhosa cozinha!
Continuo com a parábola: o Pai Eterno tem a receita certa para minha vida, e como verdadeiro Mestre Cuca ele me toma no momento certo e na medida exata e me coloca na sua panela.  É claro que este ato não é aleatório nem resultado do acaso, mas uma ação pessoal e intencional – um ato de amor.
Ora, a panela é a vida!  Fui colocado nela junto com outros ingredientes que compõem o saboroso manjar que está sendo preparado para ser servido na eternidade.  Sei que às vezes me sinto desconfortável na panela, estranho alguns outros que me acompanham ali, ou sou tentado a descrer do Cozinheiro e de sua receita.  Para tais momentos, a fé funciona como um condimento que me cobre e me condiciona a continuar na panela.
Um detalhe, contudo não pode ser esquecido.  A panela existe para ir ao fogo.  E comigo não é diferente.  Enquanto faço parte da receita naturalmente sou levado ao fogo, por vezes um fogo brando e contínuo, outras um fogo ardente e forte.  Umas vezes é própria vida que me cozinha com as suas provações, outras é o Espírito que me vem como fogo santo.
O certo é que fui colocado na panela da vida, e tenho sido feito passar pelo fogo.  E embora isso, por hora, possa me parecer até doloroso, mas a certeza de que estou sendo transformado de glória em glória me faz verdadeiramente grato por Deus, em Cristo, ter me feito este bem (veja neste sentido as palavras apostólicas em 2Co 3:18 e Rm 8:18).

 

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