Considere
três possibilidades de crença na divindade:
MONOTEÍSMO – A crença ou fé
na existência de um único Deus e sua devoção total a ele.
HENOTEÍSMO – A
possibilidade da existência de vários deuses, porém com uma supremacia absoluta
de apenas um sobre todos ou outros.
POLITEÍSMO – Acreditar na
existência de vários deuses compartilhando de um panteão.
Afirmações simples assim não são suficientes para
representar toda a complexidade do espectro da fé exercida pelo ser
humano. Nem todos os desdobramentos
cabem nestas definições clássicas.
Então, deixe-me citar dois pensadores para tentar
clarear o tema:
O inglês John Hick, observando a oposição
entre o monoteísmo teórico e do henoteísmo prático que envolve a
vida de muitos seres humanos, denunciou que em nossa sociedade empregamos
nossas energias a serviços de várias deidades – o deus do dinheiro, o da
empresa de trabalho, o do sucesso, o do poder, o do status de deus, e (por um
breve período, uma vez por semana) o Deus da fé judaico-cristã.
Assim o conceito de crença – e consequentemente de
monoteísmo – deixa de ser apenas uma modalidade litúrgica para ganhar uma
dimensão existencial que engloba toda a vida humana.
Para o teólogo germano-americano Paul
Tillich o tema do monoteísmo só poderia ser realmente colocado depois
de o conceito de realidade de Deus já estar devidamente esclarecido, pois é a
partir do seu conceito de Deus que o ser humano estabelece a sua relação
existencial consigo mesmo e com a vida que o cerca. E mais, “o homem só pode falar dos deuses à
base de sua relação com eles”.
Nesta perspectiva, como conceituaremos então
Deus? Nas palavras do próprio Tillich:
Deus é “o elemento absoluto da preocupação última do homem” e por isso mesmo
exige do homem uma “paixão absoluta”. Assim, ainda seguindo a mesma linha de
raciocínio, toda e qualquer coisa ou pessoa que ocupe esta preocupação última
no ser humano estará tomando um lugar que cabe exclusiva a Deus.
Ou seja, todo valor relativo que pretenda a
absolutização é um valor idolátrico e por isto mesmo demoníaco – anti-divino.
Monoteísmo é a paixão absoluta e a preocupação
última em um Deus que em si encerra todos os aspectos da vida e que tem todas
as respostas à finitude humana. Nas
palavras do Novo Testamento: Cristo é tudo em todos (Cl 3:11).
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