quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

HÁ NOVIDADES


O novo, o inusitado, o surpreendente e o inesperado sempre acompanharam o Cristianismo.  Conceitos como estes foram, e continuam sendo, muito caros para nós.  A própria definição de evangelho passa por esta ideia básica: o bom anúncio, a boa notícia, a novidade.
Os cristãos primitivos entenderam isto muito bem desde o princípio.  A essência de sua fé e de sua pregação era que eles tinham uma novidade verdadeira para contar: o Deus soberano e eterno tornou-se humano, veio buscar e salvar que se achava perdido, e que tudo isso – bem com a própria história humana – deve estar convergido no madeiro do Calvário (a sequência de textos bíblicos é Jo 1:1-5/14; Mt 18:11 e 1Co 1:22-23).
Duas passagens do Novo Testamento nos ajudam a entender melhor como aqueles irmãos compreendiam e vivenciavam a novidade do evangelho.  O primeiro deles está em 2Co 5:17.  O apóstolo Paulo diz literalmente que estar em Cristo implica deixar-se ser nova criação, renegar as coisas velhas e assumir a novidade de vida.
Encarando com seriedade esta passagem temos que reconhecer que não existe fé cristã sem novidade essencial.  Tudo o que agora somos, o que pensamos, o que falamos e gostamos passou por uma transformação radical e se tornou algo maravilhosamente novo (os ingleses diriam: a amazing new life in Christ!).
A segunda passagem, penso que mais ampla e significativa, é Ap 21:5.  Depois que o livro das revelações narra todos os episódios cataclísmicos finais, aquele que está assentado no trono diz: "Estou fazendo novas todas as coisas!"  E aqui está então a força e grandeza da novidade cristã.  Aqui está o fundamento de nossa fé e esperança.  Pois uma fé e esperança que o valha é aquela que me faz tanto assumir antecipadamente a novidade de vida como principalmente olhar para frente e para o futuro – para aquilo que estar por vir.
Observe, contudo, que esta novidade a qual aguardamos acontecerá não como resultado ou consequência de nada que vemos hoje (se não me engano é Rubem Alves quem diz que o presente não está grávido do futuro!).  É Cristo que irromperá o tempo, a partir da eternidade, e concretizará o Reino definitivo.  Não sou eu ou minhas pequenas atitudes que instaurarão o novo que há de vir – reconheço-me impotente frente à realidade – mas sim aquele que faz novas todas as coisas.
Sendo assim, o que me resta a fazer neste tempo, além de celebrar antecipadamente porque sempre há e haverá novidades em Cristo Jesus, é fazer minhas as palavras apostólicas: deixando para traz o que vai ficando pelo caminho, continuo olhando para meu alvo, aquele que é autor e consumador da minha fé.

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