O novo, o inusitado, o
surpreendente e o inesperado sempre acompanharam o Cristianismo. Conceitos como estes foram, e continuam
sendo, muito caros para nós. A própria
definição de evangelho passa por esta
ideia básica: o bom anúncio, a boa notícia, a novidade.
Os cristãos primitivos entenderam
isto muito bem desde o princípio. A
essência de sua fé e de sua pregação era que eles tinham uma novidade
verdadeira para contar: o Deus soberano e eterno tornou-se humano, veio buscar
e salvar que se achava perdido, e que tudo isso – bem com a própria história
humana – deve estar convergido no madeiro do Calvário (a sequência de textos
bíblicos é Jo 1:1-5/14; Mt 18:11 e 1Co 1:22-23).
Duas passagens do Novo Testamento
nos ajudam a entender melhor como aqueles irmãos compreendiam e vivenciavam a
novidade do evangelho. O primeiro deles
está em 2Co 5:17. O apóstolo Paulo diz
literalmente que estar em Cristo implica deixar-se ser nova criação, renegar as
coisas velhas e assumir a novidade de vida.
Encarando com seriedade esta
passagem temos que reconhecer que não existe fé cristã sem novidade
essencial. Tudo o que agora somos, o que
pensamos, o que falamos e gostamos passou por uma transformação radical e se
tornou algo maravilhosamente novo (os ingleses diriam: a amazing new life in Christ!).
A segunda passagem, penso que mais
ampla e significativa, é Ap 21:5. Depois
que o livro das revelações narra todos os episódios cataclísmicos finais,
aquele que está assentado no trono diz: "Estou fazendo novas todas as
coisas!" E aqui está então a força
e grandeza da novidade cristã. Aqui está
o fundamento de nossa fé e esperança.
Pois uma fé e esperança que o valha é aquela que me faz tanto assumir
antecipadamente a novidade de vida como principalmente olhar para frente e para
o futuro – para aquilo que estar por vir.
Observe, contudo, que esta
novidade a qual aguardamos acontecerá não como resultado ou consequência de
nada que vemos hoje (se não me engano é Rubem Alves quem diz que o presente não
está grávido do futuro!). É Cristo que irromperá
o tempo, a partir da eternidade, e concretizará o Reino definitivo. Não sou eu ou minhas pequenas atitudes que
instaurarão o novo que há de vir – reconheço-me impotente frente à realidade –
mas sim aquele que faz novas todas as coisas.
Sendo assim, o que me resta a
fazer neste tempo, além de celebrar antecipadamente porque sempre há e haverá
novidades em Cristo Jesus, é fazer minhas as palavras apostólicas: deixando
para traz o que vai ficando pelo caminho, continuo olhando para meu alvo,
aquele que é autor e consumador da minha fé.
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