No
tempo do AT os nomes eram escolhidos para que representassem a realidade da
criança ou da sua família no momento do seu nascimento, e que futuro poderia se
esperar dela. Assim Moisés – em hebraico: משה – recebeu este
nome pois seu nome parece soar “tirei” – em hebraico: מקח
– uma referência ao fato de ter sido tirado das águas pela filha do Faraó (Êx
2:10). E Samuel – em hebraico שמואל – teve seu nome
escolhido por ser equivalente a “pedir a Deus” – em hebraico שאליו יהוה – porque a criança era resposta ao pedido
da mãe (1Sm 1:20).
Na mesma linha de compreensão, no mundo antigo, mudar o nome de alguém seria o mesmo que promover uma mudança radical na vida e personalidade deste alguém; ou reconhecer um novo papel e destinação histórica deste. Exemplos bíblicos mais uma vez são apropriados: Abrão – em hebraico אב + רום, ou seja: pai + elevar, erguer; daí םאבר – após a aliança da circuncisão teve seu nome mudado para Abraão – em hebraico אב + עם = pai + povo, gente, clã; daí םאברה – (Gn 17:5).
E
Jacó depois de lutar no vale do Rio Jaboque viu seu nome ser mudado para Israel
(Gn 32:28). Note: Jacó em hebraico é יעקב que provém do
verbo עקב: enganar, cujas consoantes equivalem ao
substantivo calcanhar – talvez uma referência ao seu nascimento segurando o
calcanhar do irmão. Já Israel, em
hebraico em ישראל, é composto dos radicais שרה+ אל: lutar, litigar +
Deus.
Em
relação aos seus deuses, os povos vizinhos do antigo Israel assumiam ideias
similares. Conhecer o nome da divindade
era conhecer a essência e o poder dela.
Poder falar o nome divino seria ter certo controle sobre o deus e isto
era tido como garantia em caso de guerra ou coisa parecida: nos embates entre
povos diferentes e suas divindades, o povo que estivesse de posse do nome
divino mais poderoso venceria a batalha.
Em
Israel não foi diferente. O nome de Deus
(יהוה) não era simplesmente uma referência a
alguém que deveria ser reverenciado nas celebrações de culto e festas
cíclicas. Os relatos bíblicos nos
mostram que Deus se revelou dando a conhecer o seu nome não apenas para que
Israel acrescentasse mais uma informação linguística, mas com dupla finalidade:
a) Para que Israel soubesse exatamente quais as características essenciais do
Deus a quem ele deveria se curvar e adorar, e esta identificação faria o povo
poder descansar, porque sendo Deus o que o seu nome expressa ser, então Israel
não teria porque temer o futuro; ou seja, a salvação dependia exatamente de uma
identificação não-ambígua de seu Deus em contraste com a generosidade do
numinoso.
E
b) tendo conhecimento do nome de Deus, Israel tinha uma espécie de pré-garantia
de que o poder deste Deus Todo-Poderoso estaria a favor e a disposição da nação
sempre que se fizesse necessário enfrentar lutas e embates. Conhecendo o nome de Deus, os filhos de
Israel estariam prontos para guerrear e garantir vitórias. Assim foi na saída do Egito, assim foi na
conquista da terra prometida e assim seria enquanto o povo se mantivesse fiel
ao nome de Deus.
Boa reflexão
ResponderExcluirObrigado querido
Excluirvoltando a ler escrevinhando, depois de algum tempo, Renato.
ResponderExcluirQue bom querido. Seja bem vindo de volta
Excluir